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Obreiros da Vida Eterna

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Obreiros da Vida Eterna

01 - Convite ao bem
02 - No Santuário da Bênção
03 - O sublime visitante
04 - A Casa transitória
05 - Irmão Gotuzo
06 - Dentro da Noite
07 - Leitura mental
08 - Treva e Sofrimento
09 - Louvor e Gratidão
10 - Fogo Purificador
11 - Amigos Novos
12 - Excursão de Adestramento
13 - Companheiro Libertado
14 - Prestando Assistência
15 - Aprendendo Sempre
16 - Exemplo Cristão
17 - Rogativa Singular
18 - Desprendimento difícil
19 - A Serva Fiel
20 - Ação de graças
21 - Estudo conclusivo do livro

01 - Convite ao bem

Vamos dar início ao estudo de um novo livro: Obreiros da Vida Eterna. É o quarto livro
da série de obras que nos foi trazida pelo Espírito André Luiz, através da psicografia de
Chico Xavier. Por essa grandiosa obra, André Luiz ganhou o apelido de "Repórter do Além",
por ter feito verdadeiras revelações sobre a vida no plano espiritual. No livro que ora
começamos a estudar, o Autor nos relata novas experiências no trabalho de socorro
espiritual a necessitados, integrando uma nova equipe de socorristas. Do seu relato podemos
extrair preciosos ensinamentos doutrinários.
Vamos ao estudo.

Texto para estudo:

Após as experiências que estudamos através do livro "Missionários da Luz", André Luiz
se prepara para o início de nova expedição socorrista, agora integrando uma nova equipe,
chefiada pelo assistente Jerônimo.
Antes de iniciá-la, foi realizado um trabalho preparatório, mediante educativa palestra
proferida por um destacado Instrutor superior, num local denominado "Templo da Paz".
Vamos ao relato de André Luiz:

< Antes de iniciar os trabalhos de nossa expedição socorrista, o Assistente Jerônimo
conduziu-nos ao Templo da Paz, na zona consagrada ao serviço de auxílio, onde
esclarecido Instrutor comentaria as necessidades de cooperação junto às entidades
infelizes, nos círculos mais baixos da vida espiritual, que rodeiam a Crosta da Terra. >

< Seguíamos, o Assistente Jerônimo, o padre Hipólito, a enfermeira Luciana e eu,
constituindo pequena equipe de trabalho, incumbida de operar na Crosta Planetária,
durante trinta dias, aproximadamente, em caráter de auxílio e estudo, com vistas ao
nosso desenvolvimento espiritual. >

< Jerônimo, o orientador de nossas atividades ... explicou, gentil:
- Admito que a quase totalidade dos interessados e estudiosos que afluem à casa
integram comissões e agrupamentos de socorro nas regiões menos evolvidas. ...
- A palavra do Instrutor Albano Metelo merece a consideração excepcional da noite.
Trata-se dum campeão das tarefas de auxílio aos ignorantes e sofredores dos círculos
imediatos à Crosta Terrestre. ... >

< Alguns instantes agradabilíssimos de espera e o emissário apareceu na tribuna simples,
magnificamente iluminada. Era um ancião de porte respeitável, cujos cabelos lhe teciam
uma coroa de neve luminosa. ... Depois de estender sobre nós a mão amiga, num gesto
de quem abençoa, ouviu-se o coro do Templo entoando o hino "Gloria aos Servos Fiéis. >

< - Não mereço, amigos, o preito de carinho desta noite. Não tenho servido fielmente
Àquele que nos ama desde o princípio e, por isso, vosso hino confunde-me. Mero soldado
das lides evangélicas, trabalho ainda no campo da própria redenção. ... >

Trechos da palestra do Instrutor Albano Metelo:

< - ... a minha personalidade não interessa. Venho falar-vos de nossos trabalhos
singelos, nas regiões espirituais ligadas à Crosta da Terra. As zonas purgatoriais
multiplicam-s, assustadoramente, em derredor dos homens encarnados. ... nem sempre
formulamos uma idéia exata da ignorância e da dor que atormentam a mente humana,
quanto aos problemas da morte. >

< - Mas ... e os nossos irmãos que ainda ignoram a luz? subiríamos até Deus, num
círculo fechado? como operar o insulamento egoístico e partir, a caminho do Pai amoroso
e Leal que acende o Sol para os santos e os criminosos, para os justos e injustos? >

< - Nós, que procuramos a santidade e a justiça, alcançaríamos, acaso, semelhante
orientação, se outras fossem as circunstâncias que nos regeram até aqui? Construtores
de nossos próprios destinos, por delegação natural do Criador, onde permaneceríamos
agora sem os favores da oportunidade e o obséquio da proteção de benfeitores desvelados?
... Seria completo o nosso regozijo, havendo lágrimas atrás de nossos passos? Entre os
júbilos de alguns, identificaríamos a ruína e a miséria de multidões incalculáveis!... >

< - Também eu tive noutro tempo a obcecação de buscar apressado a montanha. ...
Consegui vencer os óbices imediatos e ganhei, jubiloso, pequenina eminência. Em me
voltando, todavia, espantou-me a visão terrífica do vale: o sofrimento e a ignorância
dominavam em plena treva. Desencarnados e encarnados lutavam uns contra os outros,
em combates gigantescos, disputando gratificações dos sentidos animalizados. O ódio
criava moléstias repugnantes, o egoísmo abafava impulsos nobres, a vaidade operava
horrenda cegueira ... Cheguei a sentir-me feliz, diante da posição que me distanciava de
tamanhas angústias. Contudo, quando mais me vangloriava, dentro de mim mesmo, ...
notei que o vale se represava de fulgente luz. Que sol misericordioso visitava o antro
sombrio da dor? Seres angélicos desciam, céleres, de radiosos pináculos, acorrendo às
zonas mais baixas. ... >

< - Urgia descer para colaborar com o Mestre de Amor, diminuindo os desastres das
quedas morais, amenizando padecimentos, pensando feridas, decaindo lágrimas, atenuando
o mal e, sobretudo, abrindo horizontes novos à Ciência e à Religião, de modo a desfazer
a multimilenária noite da ignorância. >

< - por que enojar-me, ante o vale, se o próprio Jesus, que me centralizava as aspirações,
trabalhava, solícito, para que a Luz de Cima penetrasse as entranhas da Terra? ... como
subir sozinho, organizando um céu exclusivo para minhalma, lastimavelmente abstraído dos
valores da cooperação que o mundo me prodigalizava com generosidade e abundância?
Detive-me, então - continuou - e voltei. >

< - Outrora, quando nos envolvíamos ainda nos fluidos da carne terrestre, supúnhamos
com desacerto que a vaidade e o egoísmo somente poderiam vitimar os homens encarnados....
Nossas idéias alusivas à morte confinavam-se a essas ridículas limitações. Hoje, porém,
sabemos que, depois do túmulo, há simplesmente continuação da vida. Céu e inferno
residem dentro de nós mesmos. A virtude e o defeito, a manifestação sublime e o impulso
animal, o equilíbrio e a desarmonia, o esforço de elevação e a probabilidade da queda
perseveram aqui, após o trânsito do sepulcro, compelindo-nos à serenidade e à prudência.
Não nos encontramos senão em outro campo de matéria variada, noutros domínios vibratórios
do próprio planeta em cuja Crosta tivemos experiências quase inumeráveis. >

< - De nossos amigos encarnados não podemos esperar, por enquanto, concurso maior e
mais eficiente nesse sentido. ... As criaturas atravessam breve período de existência no
mundo carnal. A maioria demora-se nas estações expiatórias do resgate difícil e confunde-se
nas vibrações perturbadoras do sofrimento do medo. Fazem da morte uma deusa sinistra.
Apresentam o fenômeno natural da renovação com as mais negras cores. Agarradas às
sensações do dia que passa, ignoram como dilatar a esperança e transforma a separação
provisória numa terrível noite de amarguroso adeus. ... Unamo-nos portanto, auxiliando-as,
segundo os preceitos evangélicos, descortinando-lhes novos horizontes e aclarando-lhes os
caminhos evolutivos. >

< Transcorridos alguns momentos de meditação, Metelo fez exibir num grande globo de
substância leitosa, situado na parte central do Templo, vários quadros vivos do seu campo de
ação nas zonas inferiores. ...
Infelizes desencarnados, em despenhadeiros de dor, imploravam piedade. Monstros de
variadas espécies, desafiando as antigas descrições mitológicas, compareciam horripilantes,
ao pé de vítimas desventuradas. >

< Diante do quadro extremamente doloroso, exclamou em voz firme:
- Muitos de vós sabeis que tenho nesses centros expiatórios os que me foram pais
bem-amados na derradeira experiência vivida na carne, prisioneiros ainda de torturantes
recordações; no entanto, crede, não nos move qualquer propósito egoístico nas tarefas de
auxílio, porque temos aprendido com o Senhor que a nossa família se encontra em toda a
parte. >

Conclusão do Capítulo

< Findos os trabalhos ... tive a impressão de que a assembléia em sua feição quase
integral na constituída de legítimos interessados nos trabalhos espontâneos de ajuda ao
próximo ... Consagravam-se alguns ao amparo de criminosos desencarnados, outros ao
socorro de mães aflitas, colhidas inesperadamente pelas renovações da morte, outros, ainda,
interessavam-se pelos ateus, pelas consciências encarceradas no remorso, pelos enfermos
na carne, pelos agonizantes na Crosta, pelos dementes sem corpo físico, pelas crianças em
dificuldade no plano invisível aos homens, pelas almas desanimadas e tristes, pelos
desequilibrados de todos os matizes, ...
Para todos, possuía o mentor uma sentença generosa de estímulo e admiração. >

< Abraçou-nos, com simplicidade, e perguntou:
- Partem com obrigação especializada?
- Sim - esclareceu nosso orientador - devemos atender, nos próximos trinta dias, a cinco
dedicados colaboradores nossos, prestes a desencarnarem na Crosta. Trabalharam, fiéis a
causa do bem, e as nossas autoridades encarregaram-nos de atender-lhes aos casos
pessoais. ...
- Que o Mestre os ilumine e conduza.
Eram as palavras de despedida. ... >


Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos, questões 149 a 165 e Parte quarta,
capítulo II;
- O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulos XIII, 1 a 3; XIV, 1 a 7;
XV e XXIV, 8 a 10;
- O Céu e o Inferno, 1a. parte, capítulos I a V;
- Depois da Morte, Léon Denis, parte quarta.


Questões para estudo e participação:

1 - É possível atingirmos a felicidade sozinhos, cuidando tão somente da nossa própria
evolução?

2 - O que vem a ser a caridade, de acordo com os ensinamentos do Instrutor Metelo?

3 - O que são o céu e o inferno na visão da doutrina espirita?

4 - Como devemos entender o conceito cristão de família?

5 - Como se portar diante da morte, segundo orientações contidas na palestra em
estudo? O que acontece depois dela? Que transformações morais ou intelectuais
sofre o espírito?

6 - O trabalho das equipes de auxílio dirigem-se apenas aos que tiveram mérito para tanto
em sua última existência ou a todos indiscriminadamente?

7 - Qual (ais) a (s) principal (ais) lição (ões) que podemos extrair da palestra do Instrutor
Albano Metelo?

02 - No Santuário da Bênção

Antes de partir para o início das tarefas na Terra, o mentor que dirigiria a Equipe - o
Assistente Jerônimo - conduziu o grupo para uma oração no local denominado "Santuário
da Bênção", como sempre fazia antes de iniciar o trabalho de assistência.


Texto para estudo:

< A administração da casa não recebia mais de vinte expedicionários de cada vez. Em
razão do preceito, apenas três grupos de socorro, prestes a partirem a caminho das
regiões inferiores, aproveitavam a oportunidade. >

< O Instrutor Cornélio, diretor da instituição, ... palestrava conosco ...
- ... Há que ordenar as palavras e selecioná-las, criando-se campo favorável aos nossos
propósitos de serviço. A conversação cria o ambiente e coopera em definitivo para o êxito ou
para a negação. Além disso, como esta casa é consagrada ao auxílio sublime dos nossos
governantes que habitam planos mais altos, não seria justo distrair a atenção e, sim, consolidar
bases espirituais, com todas as energias ao nosso alcance, em que possam aqueles
governantes lançar os recursos que buscamos. ... >

< O dirigente do Santuário, reconhecendo, talvez, como nos sentíamos necessitados de
esclarecimento quanto ao uso da palavra, prosseguiu:
- É lamentável se dê tão escassa atenção, na Crosta da Terra, ao poder do verbo,
atualmente tão desmoralizado entre os homens. Nas mais respeitáveis instituições do mundo
carnal, segundo informes fidedignos das autoridades que nos regem, a metade do tempo é
despendida inutilmente, através de conversações ociosas e inoportunas. Isso, referindo-nos
somente às "mais respeitáveis". Não se precatam nossos irmãos em Humanidade de que o
verbo está criando imagens vivas, que se desenvolvem no terreno mental a que são projetadas,
produzindo conseqüências boas ou más, segundo a sua origem. Essas formas naturalmente
vivem e proliferam e, considerando-se a inferioridade dos desejos e aspirações das criaturas
humanas, semelhantes criações temporárias não se destinam senão a serviços destruidores,
através de atritos formidáveis, se bem que invisíveis. >

< - Toda conversação prepara acontecimentos de conformidade com a sua natureza. Dentro
das leis vibratórias que nos circundam por todos os lados, é uma força indireta de estranho e
vigoroso poder, induzindo sempre aos objetivos velados de quem lhe assume a direção
intencional. ... A ausência de qualquer palavra menos digna e a presença contínua de fatores
verbais edificantes facilitam a elaboração de forças sutis, nas quais os orientadores divinos
encontram acessórios para se adaptarem, de algum modo, às nossas necessidades na
edificação comum. >

< - Desde o primeiro dia, porém, amparados na delegação de competência que nos foi
concedida, golpeamos, fundo, o velho hábito. Durante alguns dias, gastamos tempo, ensinando
a reverência devida ao Senhor, a necessidade da limpeza interna do pensamento e a abolição
do feio acostume de tentar o suborno da Divindade com falaciosas promessas. E quando
sentimos conscienciosamente que as lições estavam findas, iniciamos a aplicação de medidas
retificadoras. Registros vibratórios foram instalados, assinalando a natureza das palavras em movimento. Desde aí foi muito fácil identificar os infratores e barrar-lhes a entrada na Câmara
De iluminação, onde realizamos nossas preces ... >

< - Cremos desnecessária qualquer alusão ao imperativo dos pensamentos limpos. Quem
busca uma casa especializada em abençoar, não pode hospedar idéias de ódio ou maldição.
... Teremos hoje, conforme notificação recebida há vários dias, a visita dum mensageiro
de alta expressão hierárquica. ... Enquanto me entendo particularmente com os chefes das
missões, temos quase uma hora para a troca de idéias construtivas. >

< ... Barcelos, da turma de servidores que se destinava à assistência aos loucos. Fora ele
dedicado professor no círculo carnal e interessava-se carinhosamente pela Psiquiatria sob
novo prisma. ...
- E tem colhido muitos frutos novos decorrentes do seu esforço? - perguntei curioso.
- Sim, venho arquivando confortadoras ilações nesse sentido, concluindo que, com exceção
de raríssimos casos, todas as anomalias de ordem mental se derivam dos desequilíbrios da
alma. Nos casos de perseguição sistemática das entidades vingativas e cruéis do plano
inacessível às percepções do homem vulgar, temos, invariavelmente, uma tragédia iniciada no
presente com a imprevidência dos interessados ou que vem do pretérito próximo ou remoto,
através de pesados compromissos. Se os psiquiatras modernos penetrassem o segredo de
semelhantes fatos, iniciariam a aplicação de nova terapêutica à base dos sentimentos cristãos,
antes de qualquer recurso à hormonioterapia e à eletricidade. >

< - ... Antes de minha volta ao plano espiritual, faminto de novas informações referentes ao psiquismo da personalidade humana, examinei, atento, a doutrina de Freud. ... somente aqui
pude reconhecer os elos que lhe faltam ao sistema de positivação das origens de psicoses
e desequilíbrios diversos. Os "complexos de inferioridade", o "recalque", a "libido", as
"emersões do subconsciente" não constituem fatores adquiridos no curto espaço de uma
existência terrestre e, sim, característicos da personalidade egressa das experiências
passadas. A subconsciência é, de fato, o porão dilatado de nossas lembranças, o repositório
das emoções e desejos, impulsos e tendências que não se projetaram na tela das realizações
imediatas; no entanto, estende-se muito além da zona limitada de tempo em que se move
um aparelho físico. Representa a estratificação de todas as lutas com as aquisições mentais
e emotivas que lhes foram conseqüentes, depois da utilização de vários corpos. >

< ... Faltam, pois, às teorias de Segismundo Freud e seus continuadores a noção dos
princípios reencarnacionistas e o conhecimento da verdadeira localização dos distúrbios
nervosos, cujo início muito raramente se verifica no campo biológico vulgar, mas que
invariavelmente no corpo perispiritual preexistente, portador de sérias perturbações congênitas,
em virtude das deficiências de natureza moral, cultivadas com desvairado apego, pelo
reencarnante, nas existências transcorridas. >

< - ... As psicoses do sexo, as tendências inatas à delinqüência, tão bem estudadas
por Lombroso, os desejos extravagantes, excentricidade, muita vez lamentavel e perigosa,
representam modalidades do patrimônio que ressurge, de muito longe, em virtude da ignorância
ou do relaxamento voluntário da personalidade em círculos desarmônicos. >

< - Tenho minhas atribuições junto aos desequilibrados mentais; todavia, meu esforço maior,
ultimamente, desdobra-se na região inspiracional dos médicos humanitários, para que os
candidatos involuntários à perturbação sejam auxiliados a tempo. ... Antes do desequilíbrio
completo, houve enorme período em que o socorro do psiquiatra poderia ter sido providencial
e eficiente. Não será, portanto, um grande trabalho orientarmos indiretamente o médico bem
intencionado, para que ele auxilie o provável alienado, a tempo, empregando a palavra
confordatora e o carinho restaurador? >

< ... Falta, desse modo, lamentavelmente, aos nossos companheiros de Humanidade o conhecimento da transitoriedade do corpo físico e o da eternidade da vida, do débito contraído
e do resgate necessário, em experiências e recapitulações diversas. >

< - O meu amigo examinou alguns casos de obsessão entre agentes invisíveis e pacientes
encarnados, impressionando-se com a imantação mental entre eles. Pisamos no momento
em outro solo. Referimo-nos às necessidades de esclarecimento dos homens ... No círculo
das recordações imprecisas, a se traduzirem por simpatia, vemos a paisagem das obsessões
transferida no campo carnal, onde, em obediência às lembranças vagas e inatas, os homens e
as mulheres, jungidos uns aos outros pelos laços de consangúinidade ou dos compromissos
morais, se transformam em perseguidores e verdugos inconscientes entre si. Os antagonismos
dom[éticos, os temperamentos aparentemente irreconciliáveis entre pais e filhos, esposos e
esposas, parentes e irmãos, resultam dos choques sucessivos da subconsciência, conduzida
a recapitulações retificadoras do pretérito distante. >

< - ... Congregados, de novo, na luta expiatória ou raparadora, as personagens dos dramas,
que se foram, passam a sentir e ver, na tela mental, dentro de si mesmas, situações
complicadas e escabrosas de outra época, malgrado os contornos obscuros da reminiscência,
carregando consigo fardos pesados de incompreensão, atualmente definidos por "complexos
de inferioridade. Identificando em si questões e situações íntimas, inapreensíveis aos demais,
o Espírito reencarnado que adquire recordações, não obstante menos precisas, do próprio
passado, candidata-se, inelutavelmente, à loucura. ... >

< Barcelos ia prosseguir, mas retiniu, sonora, uma campainha singular, convocando-nos aos
preparativos da oração.
Era preciso atender. >


Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos, parte Segunda, capítulo IV e V;
- A Gênese, capítulo XIV;
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, 1 a 5;
- O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Léon Denis, nos.XIII, XIV, XXI, XXIII,
XXIV, XXV e XXVI;
- Temas da Vida e da Morte, Manoel P. de Miranda, psicografia de Divaldo P.
Franco, pag. 31 a 50.



Questões para estudo e debate:

Questões para estudo e participação:

1 - Qual o melhor procedimento que devemos ter antes de qualquer
trabalho espiritual?

2- Existe uma preocupação do Instrutor Cornélio com as palavras que
antecede ao trabalho de socorro aos irmãos sofredores, o que isso poderia
ajudar ou prejudicar ao trabalho?

3 - O que será que o profeta diz dizer com a frase: "a palavra dita a
seu tempo é maçã de outro em cesto de prata"?

4 - Qual a importância dos nossos pensamentos, em relação às nossas
ligações com a dedicação ao trabalho no qual nos dispomos a fazer, em favor
dos menos esclarecidos?

5 - Qual é a grande ajuda que o Espiritismo dá às teorias dos nossos
mestres em psiquiatria?

6 - Qual a responsabilidade dos desencarnados em grandes envolvimentos
trágicos que vemos nos nossos dias? Porque isso acontece e qual seria o
caminho a seguir para que possamos nos prevenir no desequilibrio total do
nosso espírito?


7 - Por que o instrutor Cornélio, dirigente da instituição, afirma ser
preciso aos homens dar
mais atenção às palavras?

8 - Como podemos explicar, à luz da doutrina espírita, o poder de ação
das palavras e do pensamento?

9 - Qual a razão por que o instrutor observou que a instituição
controlava o tipo de pensamento
dos que compareciam às reuniões, inclusive excluindo os que não se
comportavam
adequadamente?

10 - Qual a importância do conhecimento do processo reencarnatório no
tratamento dos enfermos
mentais?

11 - Como esse conhecimento pode ajudar no seu tratamento?

12 - E nos casos de obsessão? Como o assistente Barcelos explica a
influência da reencarnação?

03 - O sublime visitante

Vamos dar continuidade aos nosos estudos. Nessa semana veremos o capítulo 3 - O sublime visitante.
Este capítulo nos traz preciosos ensinamentos. Vamos lá?

"Reunidos em pequeno salão iluminado, observei que a atmosfera permanecia embalsamada de suave perfume.
Recomendou-nos Cornélio a oração fervorosa e o pensamento puro.
...
-"Compreendemos que, lá fora, ante os laços morais que ainda nos pendem às esferas da carne é quase inevitável a recepção das reminiscencias de pretérito, a distância. A lembranç tange os corpos da sensibilidade e sintonizamos com o passao inferior. Aqui porem, no Santuário da Ben'~ao , é imprescindível observar uma atitude firme de serenidade e respeito. O ambiente oferece bases à emissão de energias puras e, em razão disso, responsabilizaremos os companheiros presentes por qualquer minúcia desarmônica no trabalho a realizar. Formulemos, pois, os mais altos pensamentos ao nosso alcance, relativamente à veneração que devemos ao Pai Altíssimo!...."
...". tornou-se ele sem afetação:"
-" Projetamos nossas forças mentais sobre a tela cristalina. O quadro a formar-se constará de paisagem simbólica, em que águas mansas , personificando a paz, alimentem vigorosa árvore, a representar a vida. Assumirá a responsabilidade da criação do tronco, enquanto os chefes das missões entrelaçrão energias criadoras fixando o lago tranquilo.
E dirigindo-se especialmente a nós outros, os colaboradores mais humildes, acrescentou:
- Formarão voces a veste da árvore e a vegetação que contornará as águas serenas, bem como as carecteristicas do trecho de firmamento que deverá cobrir a pintura mental.
Após ligeira pausa, concluia:
- Este, o quadro que ofereceremos ao visitante exepcional que nos falará em breves minutos. Atendemos aos sinais."
......
"Cornélio, de pé, ante a paisagem viva, enquanto nos mantinhamos sentados, os braços na direção do Alto e luplicou:
- Pai da Criação Infinita, permita, ainda uma vez, por misericórdia, que os teus mensageiros excelcios sejam portadores de tua inspiração celeste para esta casa consagrada aos júbilos de tua bênção!... Senhor, fonte de toda a Sabedoria, dissipa as sombras que ainda persistem em nossos corações, impedindo-nos a gloriosa visão do porvir que nos reservaste; faze vibrar, entre nós, o pensamento augusto e soberano da confiança sem mescla e deixa-nos perceber a corrente benéfica de tua bondade infinita, que nos lava a mente mal desperta e ainda eivada de escuras recordações do mundo carnal!... Auxilia-nos a receber dignamente teus devotados emissários!... Sobretudo, ó Pai, abençoa os teus filhos que partem, a caminho dos círculos inferiores, semeando o bem. Reparte com eles , humildes representantes de tua grandeza, os teus dons de infinito amor e de inesgotável sabedoria, a fim de que se cumprem teus sagrados desegnios... Acima , porem, de todas as concessões, proporciona-lhes algo de tua divina tolerância,de tua complacência sublime, de tua ilimitada compreensão, para que satisfaçam , sem desesperação e sem desânimo ,os deveres fraternais que lhe cabem, ante os que ignoram ainda as tuas leis e sofrem as consequências dos desvios crueis!..."
......
"... vimos que a paisagem, formada de substância mental, começou a iluminar-se, inexplicavelmente, em seus mínimos contornos."
"Cornélio, de mãos erguidas para o alto, mas sem qualquer espressão ritualística, em vista da simplicidade espontânea de seus gestos, exclamou:
- Bem-vindo seja o portador de nosso Pai Amantíssimo!
Visivelmente sensibilizado, o diretor da casa saudou, nominalmente:
- Venerável Asclépios, sê conosco!"
......

"A irmã Semprônia, que chefiava pela primeira vez a turma de socorro aos serviço de amparo aos órfãos, foi a primeira a consultá-lo:"
- "Venerável amigo, temos algumas cooperadoras na crosta que esperam de nós uma palavra de órdem e reconforto para prosseguirem nos serviços a que se devotaram de coração fiel. Desde muito tempo,experimentam perseguições declaradas e toleram o sarcasmo contínuo de adversários gratuitos que lhe ferem o espírito sensíve, atacando-lhes os melhores esforços, atraves de maldades sem conto. Inegavelmente, não cedem ante os fantasmas da sombra e moilizam as energias no trabalho de resistência cristã... Que devemos dizer a elas, respeitável amigo? Porque palavras esclarecedoras e reconfortantes sustentar-lhes o ânimo em tão longa batalha? De alma voltada para o nosso dever, aguardamos de vossa generosidade o alvitre oportuno."
"O mensaeiro ouviu, paciente e bondoso, revelando grande interesse e carinho na expressão fisionomica e, retirou uma folha dentre os pergaminhos alvinitentes que trazia, de modo intencional, e abriu-a à nossa vista, lendo todos nós o versículo quarenta e quatro do capítulo cinco do Evangelho do Apóstulo Mateus ."
- "Eu, porem, vos digo. - amai a vossos inimigos , bendizei os que nos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam".
"O emissário , sem qualquer afetação dos que ensinam por amor- próprio, comentou:
- Os adversários, quando bem compreendidos e recebidos cristâmente, constituem precioso auxílio em nossa jornada para a União Divina."
.........

"... o irmão Raimundo, do grupo socorrista, dedicado a assistência aos loucos, tomou a iniciativa e interrogou:
- Tolerante amigo, que fazer ante as dificuldades que me defrontam nos serviços marginais da tarefa? Interessando a órbita de nosso deveres, junto aos desequilibrados mentais da Crosta Terrestre, venho assistindo certos agrupamentos de irmãos que não estão interpretando as obrigações evangélicas como deviam. em verdade, convocam-nos à colaboração espiritual, pronunciando belas palavras, mas no terreno prático se distânciam de todas as atitudes verbais da crença consoladora. Estimam as discursões injuriosas, formentam o sectarismo, dão grande apreço ao individualismo inferior que desconsidera o esforço alheio, por mais nobilitante que seja esse. Quase sempre, entregam-se a rixas infindáveis e gastam o tempo estudando meios de se fazerem valer as limitações que lhe são próprias. Por mais que lhes ensinemos a humildade, recorrendo, não a nós, mas ao exemplo eterno do Cristo, mais se arvoram em críticos impiedosos, não apenas uns dos outros,e, sim, de setores e situações, pessoas e coisas que não lhes dizem respeito, incentivando à malícia e a discórdia, o ciume e o desleixo espiritual. No enntanto, reunem-se metodicamente e nos chamam a cooperação em seus trabalhos. Que fazer , todavia respeitável orientador, para que maiores pertubações não se estabeleçam?
O mensageiro esperou que o consulente se desse por satisfeito em suas indagações e, em seguida muito calmo, repetiu a operação anterior..."
- "Mas tu , ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça,a piedade, a fé , a caridade, a paciencia, a mansidão," - O dicípulo que segue as virtudes do Mestre, aplicando-se a si próprio, foge às inutilidades do plano exterior, acolhendo-se ao santuário de si mesmo, e auxilia aos nossos irmãos imprevidentes e pertubados, rixosos e ingratos, sem contaminar-se."
............

"A irmã Luciana, porem, que nos ingressava o pequeno grupo, tomou a palavra e perguntou:
- Esclarecido mentor , esta é a primeira vez que vou à crosta em tarefa definitiva de socorro. Podereis fornecer-me, porventura, a orientação que nessecito?"
- "Quando, porem, à caridade fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruidos por Deus que vos ameis uns aos outros". - O evangelho aplicado ensina-nos a improvisar os recursos do bem, nas situações mais difíceis."
..........

"Notando que Semprônia, Raimundo e Luciana eram alvos de nossa indiscreta curiosidade, Cornélio inquiriu de Asclépios, como se fora mero aprendiz:"
- "Que fazer para connservar a alegria nos trabalhos, perseverança no bem, devotamento à verdade?"
- "Regozijai-vos sempre." - A confiança no Poder Divino é a base do júbilocCristão, que jamais deveremos perder."
.........

"Decorreram minutos sem que os demais utilizassem a palavra. Passando menção de despedir-se , o sublime visitante comentou afável:"
- "A medida que nos integramos nas próprias reponsabilidades , empreendemos que a sugestão direta nas difiduldades e realizações do caminho deve ser procurada com o Supremo Orientador da Terra. Cada Espirito, herdeiro e filho do Pai Altíssimo, é um mundo por si, com as suas leis e características próprias. Apenas o Mestre tem bastante poder para traçar diretrizes individuais aos dicípulos."
"Logo apos, abençoou-nos, carinhosao, desejando-nos bom ânimo."
.........

- "Não poderiamos, por nossa vez , demandar o plano de Asclépios a fim de conhecer-lhe a grandeza e sublimidade? - perguntei.
- Muito companheiros nossos - assegurou-nos o instrutor -, por merecimentos naturais no trabalho, alcançam admiráveis prêmios de viagens, não só às esferas superiores do Planeta que nos serve de moradia, mas tambem, aos circulos de outros mundos..."
.....
-" Asclépios, todavia, não mais reencarnará na Crosta?
O Instrutor gesticulou, significadamente, e exclamou:
- Poderá reencarnar em missão de grande benemerência, se quiser, mas a intervalos de cinco a oito séculos entre as reencarnações."
- "Devemos acreditar - interroguei admirado - seja esse o mais alto grau de desenvolvimento espiritual no Universo?"
-" De modo algum. Asclépios relaciona-se entre abnegados mentores da Humanidade Terrestre, partilha da soberana elevação da coletividade a que pertence, mas, efetivamente, é ainda entidade do nosso Planeta, funcionando, embora, em círculos mais altos de vida. Compete-nos peregrinar muito tempo, no campo evolutivo, para lhe atingimos as pegadas; no entanto, acreditamos que o nosso visitante sublime suspira por integrar-se no quadro de representantes do nosso orbe, junto às gloriosa comunidades que habitam, por , Jupter e Saturno. Os componentes dessas, por sua vez, esperam ansiosos, o instante de serem convocados às divinas asembleias que regem o nosso sistema solar. Entre essas últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto em que serão chamado a colaborar com os que sustentam a constelação de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam nosso grupos de estrelas aspiram , naturalmente , a formar, um dia, na coroa de genios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no sistema galáxico em que movimentamos. E sabe meu amigo que a nossa Via- Láctea, viveiro e fonte de milhões de mundos, é somente um detalhe da Criação Divina, uma nesga do Universo!..."
"As noções de infinitoencerraram a reunião encantadora no Santuário da Benção."

Bibliografia para pesquisa

O Evangelho Segundo o Espiritismo
O céu e o inferno
Livro dos Espiritos
Gênese.
Questões para estudo e participação.

Qual foi a pergunta da irmã Sempronia ao Venerável Asclépios , e qual foi a resposta desde?
Que comentário ele fez a seguir?
Irmão Raimundo, socorrista do grupo dedicado a assistência aos loucos foi o próximo a interrogar o Venerável Asclepios. Qual foi a sua pergunta e qual resposta obteve?
Qual foi o comentário feito a seguir?
Qual foi a pergunta da irmã Luciana?
O Veneravel irmão parecia trazer respostas biblicas. Qual foi a sua resposta à irmã Luciana? E o seu comentário a seguir?
Irmão Cornélio como se fosse mero aprendiz questionou: "Que fazer para conservar alegria no trabalho, perseverança no traalho no bem, devotamento à verdade?"Que resposta obteve?
Qual foi o comentário de Asclépios na despedida?
Diante da pergunta de André Luiz: "Asclépios todavia não mais reencarnará na Crosta?"Qual foi a resposta do Instrutor?
"Devemos acreditar seja esse o mais alto grau de desenvolvimento espiritual no Universo?"Diante desta pergunta de Andre Luiz temos uma grande noção do que vem a ser o desenvolvimento espiritual diante do Universo Infinito. Qual foi a resposta do Instrutor ?

04 - A Casa transitória

Depois de viagem normal, atraves de caminhos comuns, alcançamos nevoenta
regiao, onde asfixiante tristeza parecia imperar incessantemente.(...)
Atendendo a imperativos da missao, o Assistente Jeronimo procurava certa
localidade, sob a denominaçao expressiva de "Casa Transitoria de Fabiano".
Tratava-se de grande instituiçao piedosa, no campo de sofrimentos mais duros
em que se reunem almas recem desencarnadas, nas cercanias da Crosta
Terrestre, a qual, segundo nos informou o chefe da expediçao, fora fundada
por Fabiano de Cristo, (...)
Na Casa Transitoria, prosseguia Jeronimo, explicando-nos, prestaremos o
auxilio que nos seja possivel à organizaçao, e asilaremos, em seguida, os
irmaos que nos cabe socorrer. (...)
(...)
Nao passou muito, defrontava-nos um casarao enorme em plena sombra. Nada que
evidenciasse preocupacao artistica e bom gosto na construçao. Nem arvores,
nem jardins em torno. A edificacao baixa e simples mal se destacava no
nevoeiro. (...)
O nome do instituto, Andre, fala por si só. Temos a frente acolhadora casa
de transiçao, destinado a socorros urgentes. Embora seu assombro natural, é
asilo movel, que atende segundo a circunstancias do ambiente. Sofre
permanente cerco de espiritos desesperados e sofredores, condenados pela
propria consciencia à revolta e a dor. Suas defesas magneticas exigem
consideravel numero de servidores...Todavia o trabalho desta casa é dos mais
dignos e edificantes. Neste edificio de benemerencia Crista, centralizam-se
numerosas expediçoes de irmaos leais ao bem, que se dirigem à crosta
planetária ou as esferas escuras, onde se debatem na dor seres angustiados e
ignorantes, em transito prolongado nos abismos tenebrosos. Alem disso, a
Casa Transitoria de Fabiano, à maneira de outras instituiçoes salvadoras que
representam verdadeiros templos de socorro nestas regioes, é tambem
preciosos ponto de ligaçao com as nossas cidades espirituais em zonas
superiores.Neste instante (...) atingimos as barreiras magneticas , a
distancia de alguns metros do portao de acesso ao interior.(...)
Não decorreram alguns muitos minutos e achavamos diante de figura
respeitavel. Não supunha que a instituiçaoEstivesse administrada por maos
sensiveis de mulher. A Irma Zenobia (...) proporcionava-nos informaçoes
vivas de sua energia e capacidade de trabalho, através dos olhos
transbordantes de luz. (...)
A busca de dons espirituais para a vida eterna não representa serviço igual
à cata de objetos perdidos na crosta.Interveio a irma Zenobia, acrescentando
fraternalmente: Sim, não podemos edificar todas as qualidades nobres de uma
só vez. Cada trabalhador fiel ao seu dever possui valor especifico,
incontestavel. A obra divina é infinita.(...)
Neste instante, invisivel campainha ressoou, estridentecomestranha
entonaçao.Não transcorreram 5 segundos, e alguem penetrou a salarumosamente.
Era determinado servo da vigilancia queanunciou:Irma Zenobia, aproximam-se
entidades crueis. A agulha deaviso indica direçao norte. Devem estar a
treisquilometros,aproximadamente.(...)
Ascendam as luzes exteriores ! ordenou, todas as luzes! Eliguem as forças da
defesa eletrica, reforçando a zona derepulsao para o norte.Os invasores
desviar-se-ao.(...)
Atravez de minuscula abertura, notei que enormes holofotesse ascendiam de
subito, no exterior (...)
Ruidos caracteristicos faziam-se sentir à nossa audiçao,informando que
aparelhos eletricos haviam sido postos emfuncionamento.(...)
A esse tempo, tornara-se enorme o vozeirio.(..,)em dado momento, ouviamos
explosoes , ensurdecedoras.(...)
Atacam-nos com petardos magneticos...Emitam raios de choque...As farpas
eletricas deviam ser atiradas em silencio,porqueas explosoes diminuiram até
a extinçao total,percebendo-seque a horda invasora se desviara em outro
rumo.(...)
Irma Zenobia, a Nota do Dia, vinda do Plano Superior,mandacomunicar-lhe que
os desintegradores etéricos passarao poraqui amanha.Oh!, o fogo....Bem o
suspeitei...o nosso ambiente estaconturbado. A passagem dos monstros é sinal
que a limpezaserá urgente.(...)
Segundo observam, meus amigos, desta vez devo levantar eagir.Quando o fogo
eterico vem queimar os residuos da regiao,somos obrigados a transportar-nos
com a instituiçao acaminho de outra zona. Necessito movimentar
providenciasrelativas a nova localizaçao, e rogar socorro a
outrascasasespecializadas.(...)
E'um tipo de construçao para movimento aereo.Muda-se sem maiores
dificuldades, de uma regiao a outra,atendendo a circunstancias.Por isto é
denominada Casa Transitoria.

Bibliografia para pesquisa
O Evangelho Segundo o Espiritismo
O céu e o inferno
Livro dos Espiritos
Gênese.

Questões para estudo e participação.
1 - Porque a denominaçao Casa Transitoria ?
2 - Qual seria o objetivo de uma instituiçao como esta emzonas de transiçao
?
3 - Porque o ataque de irmaos presos ao desquilibrio ainda?
4 - Sempre pensamos em socorro aos irmaos sofredores, qualoobjetivo de
defesas magneticas em uma instituiçao de socorro?

05 - Irmão Gotuzo

Neste capitulo, através do diálogo entre Gotuzo e André Luíz, teremos uma leve idéia de como ocorre o desencarne de irmãos despreparados com a vida espiritual, e do processo reencarnacionista de ordem inferior e difícil.

Vamos lá?


(....)

-" Sempre supus &#8211; confiou-me, bem humorado, quando vimos a sós - que após a morte do corpo nada mais teríamos a fazer alem de cantar beatificamente no céu ou ranger de dentes no inferno, mas a situação é extremamente diversa."

"(....)Admitia, porem, que a morte fosse maravilhoso passe de magia, orientando almas a caminho do paraíso de paz imorredoura ou da região escura de castigos eternos. Nada disso, contudo. Encontrei a vida, em si mesma, com o mesmo sabor de beleza, intensificação e mistério divino. Transferimo-nos de residência, pura e simplesmente, e tanto trazemos para cá indisposições e doenças, como as investigações e processos de curar. Os enfermos e os médicos são aqui em maior número. O corpo astral é organização viva, tão viva quanto o aparelho fisiológico em que vivíamos no plano carnal."

E continuando

- "De fato, suponho devam existir lugares mais deliciosos que o éden imaginado pelos sacerdotes humanos e, com meus olhos, tenho visto flagelações e sofrimentos que ultrapassam todas as imagens infernais ideadas pelos inquisidores. Entretanto, e é lamentável reconhecê-lo, nem a Ciência, nem a Religião nos prepararam, convenientemente, para enfrentar os problemas do homem desencarnado."

"(....) a ignorância que nos segue até aqui é simplesmente deplorável! A personalidade humana, entre as criaturas terrestres, é mais desconhecida que o Oceano Pacífico. Eu por mim, católico militante que fui, sempre aguardei o sossego beatífico depois da morte."

"(....) Vim com todos os sacramentos e passaportes da política religiosa, passados em solene exéquias (cortejo fúnebre). (...) Não trouxe bastante documentação que me garantisse paz na transferência. Em vão, reclamei direitos que ninguém conhecia e supliquei bênçãos inébidas. Em face do desconhecimento aqui predominante a meu respeito, regressei ao meu velho templo, onde ninguém me identificou. Desesperado, então, mergulhei-me por longos anos em dolorosa cegueira espiritual."

"(...) Incompreendido e cego, peregrinei por muito tempo, entre a aflição e a demência, nas criações mentais enganadoras que trouxera do mundo físico."

-" Certamente, porem &#8211; observei &#8211; não lhe faltaram bons amigos."

- "Entretanto, gastei anos para tornar ao equilíbrio indispensável, condição única em que podemos compreender-lhes o auxílio e recebe-lo."

- "(....) A maior surpresa para mim., presentemente, é a paisagem de serviço que a vida espiritual nos descortina. Tenho hoje profundíssima compaixão de todos os homens e mulheres encarnados, que desejam insistentemente a morte física e procuram-na, através de vários modos, utilizando recursos indiretos e imperceptíveis aos demais, quando lhes faltam disposições para o ato do suicídio. Aguardam-nos atividades e problemas tão complexos de trabalho que mais venturosa lhes seria a existência desprovida de encanto, com pesadas disciplinas a lhes inibirem as divagações."

"Recordando a posição laboriosa da dirigente da casa, em virtude das observações vindas, considerei:"

- "O volume de nossas tarefas assombraria qualquer homem comum, e cumpre-nos reconhecer que a necessidade de sacrifício nos serviços desta instituição é enorme."


(....)

-" Já cooperou em tarefas reencarnacionistas? "


"Recordei a experiência que acompanhara, de perto, em outra ocasião (vide "Missionários da Luz"), e narrei o que sabia."

- "Sim, você conhece um caso em que o interessado se fizera credor da gentileza de vários amigos que o auxiliaram. Aqui, todavia, acompanhamos situações dolorosas, através de acidentes desagradabilíssimos para a sensibilidade. São trabalhos reencarnacionistas de ordem inferior, mais difíceis e complexos. Não calcula o que sejam. Há verdadeira mobilização de inúmeros benfeitores sábios e piedosos, dos planos mais altos, que nos traçam as necessárias diretrizes. Por vezes surgem problemas torturantes no esforço da aproximação e ligação dos interessados ao ambiente em que serão recebidos, de tal modo deploráveis, que muito angustiosas para nós se fazem as situações , sendo imprescindível o concurso de elevados número de obreiros. Segue-se a reencarnação expiatóriam de inenarráveis padecimentos, pelas vibrações contundentes do ódio e das humilhações punitivas. Na esfera venturosa que voce habita, há institutos para considerar as sugestões da escolha pessoal. O livre arbítrio, garantidor de créditos naturais, pode solicitar modificações e apresentar exigências justas, mas, aqui, as condições são diferentes... Almas grosseiras e endividadas não podem ser atendidas em suas preferências acerca do próprio futuro, em virtude da ignorância deliberada em que se comprazem, indefinidamente, e, de acordo com aqueles que as tutelam da região superior, são compelidas a aceitar os roteiros estabelecidos pelas autoridades competentes para os seus casos individuais. Por nossa vez, somos executores das providências respectivas e constitu-nos obrigação vencer os mais extensos e escuros obstáculos. Nesses quadros de dor, vemos pais e mães que, instintivamente, repelem a influenciação dos filhinhos antes do berço, dando pasto a discórdias sem nome, moléstias indefíníves, a abortos criminosos. Enquanto isso ocorre, os adversários que reencarnam, em obediência ao trabalho redentor, programados pelos mentores abnegados dessas personagens de dramas sombrios, com longa representação no cenário da existência humana, penetram o campo psiquico dos ex-inimigos e futuros progenitores, impondo-lhe sacrifícios intensos e quase insuportáveis. (...) Repare que a diversidade, entre as suas informações e as minhas, é efetivamente considerável. Os Espíritos que se esforçam nas aquisições da luz divina, através do serviço persistente na própria iluminação, conquistam o intrecâmbio direto com instrutores mais sábios, aprimoram-se, consequentemente, e, pelos atos meritórios a que se consagram, podem escolher seus elementos de vida nova Crosta Terrestre, como o trabalhador digno que, pelos créditos morais conquistados, pode exigir as próprias ferramentas destinadas ao seu trabalho. Os servos do ódio e do desequilíbrio, da intemperança e das paixões, contudo, que se preparem para as exigências da vida. Aos primeiros, a reencarnação será verdadeira bênção em aprendizado feliz; todavia, aos segundos constituirá necessária e legítima imposição do destino criado por eles mesmos,com o menosprezo a que votaram as dádivas de Nosso Pai, no espaço e no tempo. (...) A casa está repleta de cooperadores que trabalham, servindo-lhes ao programa de socorro, e se submetem aos nossos cuidados de orientação médica, simultâneamente. Não basta, porem, que eu lhes diga o que sofrem, como fazia antigamente. Devo funcionar, acima de tudo, como professor de higiene mental, auxiliando-os na germinação e desenvolvimento de idéias reformadoras e contrutivas, que lhes elevem o padrão de vida íntima. Distribuimos recursos magnéticos de restauração, com todos os necessitados, reanimando-lhes a organização geral, com os elementos de cura ao nosso alcance; não sem ensinar, entretanto, a cada enfermo,algo de novo que lhes reajuste a alma. Noutro tempo, tinhamos o campo de ação na célula física . Presentemente, todavia, essa zona de atuação é a célula mental."

"(...) Reparei, todavia, que o novo amigo não me recebia os pensamentos, nem mesmo de maneira parcial, demonstrando-se menos exercitado nas faculdades de penetração e , acompanhando-o ao recinto, onde o aguardava, extensa clientela, notei que a assistência de vibrações mais grosseiras e doentes em massa, exigindo a colaboração especializada de médicos desencarnados que, como acontecia a Gotuzo, ainda conservavam regular sintonia com os interesses imediatos da Crosta Terrestre."

Bibliografia para pesquisa.

O Evangelho Segundo o Espiritiso - Cap V -(Bem Aventurados os Aflitos) - Itens 14 ao 19
O céu e o inferno - Segunda Parte - cap I (A passagem), cap V (Espíritos suicidas).
Gênese - capítulo XI - Gênese Espiritual - itens 17 ao 26 (Encarnação dos Espíritos)
Livro dos Espíritos - Cap III -(Retorno da vida corpórea à vida Espiritual).
Depois da morte - Leon Denis - Parte quarta - (Alem túmulo) - capítulos XXX, XXXI, XXXVI
Missionários da Luz -
Questões para estudo e participação.

Durante o seu período de vida na Terra, o que Gotuzo admitia que fosse a morte?
O que ele encontrou ao desencarnar?
O que Gotuzo quiz dizer com a afirmação: "O corpo astral é organização viva...".
Qual a condição indispensável para compreender e receber auxilio no plano espiritual?
Gotuzo afirma que tem profunda compaixão de homens e mulheres que procuram a morte física atraves de recursos indiretos. Quais seriam esses recursos? Porque seria mais venturosa uma vida desprovida de encantos?
Como são os processos reencarnacionistas de ordem inferior?
Faça uma comparação entre o processo reencarnacionista de irmãos que se esforçam nas aquisições divinas, e irmãos servos do ódio e desequilíbrio.
O que Gotuzo quiz dizer ao afirmar : "Devo funcionar acima de tudo como professor de higiene mental".

06 - Dentro da Noite

Neste capítulo vamos ver uma caravana de socorro em favor de um espírito que
na ultima encarnação tinha sido um sacerdote no qual se encontrava em zona
de vibração muito inferior.

"(...)
Na verdade, muita vez viajara entre a nossa colônia feliz e o plano crostal
do planeta, atravessando lugares semelhantes, mas nunca me demorara tanto em
círculo desagradável e escuro como esse. A ausência de vegetação, aliada à
neblina pesada e sufocante, infundia profunda sensação de deserto e
tristeza.
Os amigos, porém, com a Irmã Zenóbia à frente, faziam quanto possível por
converter o pouso socorrista num oásis confortador. Alguém chegou à
gentileza de lembrar a oportunidade do quadro externo para que nos
voltássemos para dentro de nós, com o proveito necessário.
(...)
_ Por isso mesmo, quando na Crosta da Terra , nunca tivemos descrições de
infernos floridos ou de purgatórios sob árvores acolhedoras. Nesse ponto, os
escritores teológicos foram exatos e coerentes. Aos culpados e renitentes
confessos não convém a fuga mental. Em favor deles próprios, é mais razoável
sejam mantidos em regiões desprovidas de encanto, a fim de permanecerem a
sós com as criações mentais inferiores a que se ligaram intensivamente.
(...)
_ De antemão, ... A clarividência de Luciana e a oração de todos os amigos,
porém, cosntituirão fatores decisivos em benefício da renovação dele, ...
(...)


Ultimando providências, acenou para nós, convidando-nos a acompanhá-la. Ao
transpor o limiar, explicou-nos cuidadosa:
......
Decorridos alguns instantes, atravessávamos as barreiras magnéticas de
defesa e púnhamos a caminho.
Noutras circunstâncias e noutro tempo, não conseguiria eu dominar o pavor
que nos infundia a paisagem escura e misteriosa, à nossa frente. Vagavam no
espaço estranhos sons. Ouvia perfeitamente gritos de seres selvagens e, em
meio deles, dolorosos gemidos humanos, emitidos, talvez a imensa
distância... Aves de monstruosa configuração, mais negras do que a noite, de
longe em longe se afastavam de nosso caminho, assustadiças. E embora a
sombra espessa, observava alguma coisa da infinita desolação ambiente.
............
Atingimos zona pantanosa, em que sobressaía rasteira vegetação. Ervas
mirradas e arbustos tristes assomavam indistintamente do solo.
Fundamente espantado, porém, ao ladear imenso charco, ouvi soluços próximos.
Guardava a nítida impressão de que as vozes procediam de pessoas atoladas em
repelentes substâncias, tais as emanações desagradáveis que pairavam no ar.
Oh! que forças nos defrontavam , ali! A treva difusa não deixava perceber
minudências; todavia, convencera-me da existência de vítimas vizinhas de
nós, esperando-nos amparo providencial. Estaríamos ante o abismo a que se
referia a administradora da Casa Transitória? Optei pela negativa, porque a
expedição não se deteve em tão angustioso lugar.
..........
Prosseguindo a marcha, penetramos escarpada região e, atendendo ao sinal da
Irmã Zenobia, os vinte auxiliares que nos seguiam postaram-se em determinado
ponto, com a recomendação de nos aguardarem a volta.
A diretora da Casa Transitória, então, conduziu-nos os quatro, caminhos a
dentro, acentuando que encetaríamos isoladamente a primeira parte do
programa de serviços. Em semelhante paragem, a atmosfera rarefazia-se de
maneira sensível. A Lua pareceu menos rubra, a relva mais doce, o ar mais
tranquilo.
_ Estamos em reduzido oásis de paz, em meio de extenso deserto de
sofrimentos.....
(...)
_ Não somos impermeáveis às rogativas dos nossos irmãos que ainda gemem no
charco de dor a que se atiraram voluntariamente. Dilaceram-nos o espírito as
imprecações dos infelizes. No entanto, a Casa Transitória de Fabiano
tem-lhes prestado o socorro possível, ajuda essa que, até hoje, vem sendo
repelida pelos nossos irmãos infortunados. Debaldo libertamo-los
periodicamente dos monstros que os escravizam, organizando-lhes refúgio
salutar. Fogem de nossa influenciação retificadora e tornam espontaneamente
ao charco. É imprescindível que o sofrimento lhes solidifique a vontade para
as abençoadas lutas do porvir.
(...)
_ Compete-me, agora, alguns esclarecimentos. Neste instante, deve
esperar-nos, na orla do abismo, o irmão a que aludi, devotado amigo para
mim, noutro tempo, e pelo qual devo trabalhar, na atualidade, através de
todos os recursos legítimos ao meu alcance.....
......Trata-se do padre Domênico, entidade a quem muito devo. Foi ele
clérigo menos feliz incapaz de manter-se fiel ao Senhor até ao fim de seus
dias. Iniciou-se nas lutas humanas, tocado de sublimes esperanças, na
primeira mocidade; entretanto porque os desígnios do Pai eram diversos dos
caprichos que alimentava o coração do homem apaixonado e voluntarioso, em
breve caía em despenhadeiros que lhe valem os amargosos padecimentos, depois
do túmulo. Aproveitou-se das casas consagradas à fé viva para concretizar
propósitos menos dignos conspurcando a paz de corações sensíveis e amorosos.
Recebeu todas as advertências e avisos salutares tendentes a modificar-lhe a
conduta criminosa e desvairada. Todavia, internou-se fundamente no lamaçal
escuro dos erros voluntários, desprezando toda a espécie de assistência
salvadora. Colaborei durante anos consecutivos nos serviços de orientação
que lhe eram ministrados, mas, pela expressão intensa de fragilidade humana,
que ainda conservava em minha alma, abandonei-o, também à própria sorte,
absorvida por sentimentos de horror. Minha deliberação estabeleceu comprida
pausa de tempo em nossas relações diretas. Mais de quarenta anos rolaram,
entre nós. De tempos a esta parte, porém, seus sofrimentos acentuaram-se de
maneira terrível, obrigando-me a mobilizar minhas humildes possibilidades em
seu favor.
..............
Entretanto, a situação mental em que se demora cria-lhe empecilhos de vulto,
dificultando-nos a ação intercessória. Urge, porém, que regresse à
reencarnação. Amigos nossos, devotados e solícitos, amparam-me o pedido em
benefício dele e Domênico voltará a unir-se, como filho sofredor de uma das
suas vítimas de outro tempo, vítima e verdugo, porque, num gesto de vingança
cruel, o ofendido eliminou o ofensor com a morte.
.............Se conseguirmos que um raio de luz lhe penetre o íntimo, se
possibilitarmos a eclosão de alguma lágrimas que lhe desabafem o coração,
dilatando-lhe o entendimento, experimentará novas percepções visuais e,
provavelmente, conseguirá enxergar aquela que lhe foi desvelada genitora, na
derradeira romagem dos círculos carnais.
.............
Constrangidos quase, diante de seu exemplo cristão, seguimo-la a pequena
eminência do solo vagamente iluminada, onde dois companheiros velavam diante
de alguém estendido em decúbito dorsal. A mentora benevolente dispensou
amigos os auxiliares, recomendando-lhes integrar a comissão de serviço, que
se postara distante.
.....
Aquele homem, trajando burel esfarrapado e negro, exibia horripilante
facies. Não obstante a sombra, viam-se-lhe os traços fisionômicos, que
inspiravam compaixão.(...) cabelos em desalinhos, olhos fundos na caverna
dos olhos...(...) De olhar parado no espaço num misto de desespero e
zombaria, semelhava-se a uma estátua de insensibilidade, vestida de farrapos
hediondos
- Domenico! Domenico! - chamou a irmã Zenobia, com ternura fraternal.
Quem me chama? Quem me chama?......
Quem te chama? - considerou a diretora, delicada e afetuosamente - somos nós
que te desejamos o bem...
.........
- Pediremos a Jesus te restitua, ainda que por alguns momentos, o dom de
ouvir.
..................
Oh! mais uma vez, reconheci que a prece é talvez o poder máximo conferido
pelo Criador à criatura!
(...)
Chamou-o novamente, grave e terna.
O interpelado, agora, revelando capacidade auditiva diferente, fez imenso
esforço por levantar-se tateou em torno de si e bradou:
- Quem está aqui?
Somos nós - respondeu Zenobia, desvelada - que trabalhamos em teu favor, a
fim de que obtenhas paz e luz.
(...)
_ Acalma-te (...) a consciência é juiz de cada um de nós. Possivelmente
envergaste a batina fiel à crença, mas desleal ao dever.
(...) "

Questões para estudo:


1) Vemos neste capitulo nítidas passagens de zonas de baixa vibração e suas
dolorosas situações. O que faz um espirito para merecer tanto sofrimento,
principalmente uma pessoa religiosa como Domenico?

2) Qual era o objetivo da caravana?

3) Qual o elemento principal que houve por parte de Zenóbia e dos demais
participantes da caravana para conseguir atingir esse objetivo ?

4) Qual o objetivo ou o que podemos depreender da recomendação: "Alguém
chegou à gentileza de lembrar a oportunidade do quadro externo para que nos
voltássemos para dentro de nós, com proveito necessário"?

5) Por que Irmã Zenóbia coloca: "(...) A clarividência de Luciana e a oração
de todos os amigos, porém, constituirão fatores decisivos em benefício da
renovação dele(...)"?

6) Como podemos comparar a situação dos espíritos encarnados que se
encontrem em sofrimentos de diversas espécies e a explicação dada por irmã
Zenóbia quanto à prestação de socorro possível?

7) Que podemos entender da colocação: "Oh! mais uma vez, reconheci que a
prece é talvez o poder máximo conferido pelo Criador à criatura!"?

8) Como podemos entender a afirmativa: "Aos culpados e renitentes confessos
não convém a fuga mental"?

9) O que vem a ser criação mental?Qual sua consequência.


Bibliografia sugerida para leitura:

O Livro dos Espíritos (LE)
- Capítulos : II, V, VI, VII, X, XII, -parte terceira
- Capítulos : I, II - parte quarta

O Evangelho Segundo o Espiritismo(ESE)
- Capítulos: IV, XVII, XXV , XXVII

O Livro dos Médiuns
- questões: 282(5.); 331; 335

Mecanismos da Mediunidade(FCX por André Luiz)
- Capítulo IV e V

Estudando a Mediunidade(Martins Peralva)
_ Capítulos : III (páginas 22/23) , XXXVII(páginas 192/193)

07 - Leitura mental

Neste capítulo continua o auxílio ao espírito Domênico, através da faculdade
de clarividência de Luciana, que integra a caravana com André Luiz.

(...) Luciana se aproxima do infeliz e fala-lhe: "Padre Domênico, vossa
mente revela o passado distante e esse pretérito fala muito alto diante de
Deus e dos irmãos em humanidade!...Vossa dor permance repleta de
blasfêmia...proclamais que as Forças celestes vos abandonaram..."
"E não é assim? compelido a servir numa igreja que me enganou, negam-me o
direito de reclamar?"
"Não..vossos amigos não criticam instituições...desejam apenas amparar-vos.
Não concordais no vosso desvio da conduta cristã?..."
"Que perguntas! a organização religiosa a que servi prometeu-me honras
definitivas..."
Apesar dos protestos, Domênico já acusa sinais de transformação íntima; a
voz estava mais triste. O fato de nos ouvir facilitava o auxílio.
Luciana: "As igrejas são sempre elevadas e belas. Mas, e os nossos crimes,
fraquezas e defecções? Não concordais que é absurdo reclamar determinado
procedimento dos outros, esperando para nosso "eu" tirânico as compensações
indevidas?"
"e a confissão?", tornou Domênico, "Monsenhor Pardini ouviu-me, antes da
morte, e absolveu-me..."
"E confiaste em semelhante medida? Vosso colega não conseguiria subtrair-vos
à consciência os negros resíduos mentais dos atos praticados".
Luciana continua, descrevendo as cenas da noite da desencarnação do padre,
bem como seu estado emocional, durante as ocorrências. Domênico, aquela
noite, havia ido a um encontro com uma mulher. Retirara a batina e vestia-se
elegantemente. No entanto, estava sendo observado por um homem, o marido que
estava sendo traído. Este, em desespero, compra um litro de vinho, ao qual
adiciona veneno.
Quando Domêncio retorna, alta noite, o adversário simula um encontro e lhe
convida para o vinho. Não há tempo para explicações. Domênico cai, entre
gemidos e esgares, enquanto o assassino ri-se. Após, chama por socorro. Os
vizinhos acodem, mas em vão. Domênico ainda tenta acusar o homicida,
apontando-lhe o dedo, mas este finge afeição. Mosenhor Pardini, que havia
acudido, realiza o serviço dos moribundos e concede-lhe a absolvição de
todos os pecados.
Desencarnado, Domênico grita em desespero, mas permanece atado ao cadáver,
que se decompõe. Permanece atormentado pela ansiedade, pela fome, pela sede,
pela dor.
Através da leitura mental, Luciana tem acesso também aos quadros referentes
a uma jovem mulher, que havia sido enganada por Domênico. Havia engravidado,
e desesperada pela situação inconcebível, comete suicídio. O pai da jovem
roga socorro a Domênico. Ele convence o médico a mentir sobre a verdadeira
causa da morte da jovem. Luciana, no entanto, consegue perceber as sombras
escuras que acompanham a suicida, as almas vigadoras...
Continuando as observações, Luciana descreve a desencarnação do pai de
Domênico. Este lhe pede auxílio para determinada mulher com quem havia se
comprometido no passado. Apesar de prometer ajudar, assim que o pai
desencarna ele guarda os documentos que concretizariam a ajuda. O pai
permanece, desencarnado, lhe perseguindo e lhe cobrando o prometido.
Em outra observação, Luciana narra a presença de outro perseguidor de
Domênico. Um velho eclesiástico, do qual Domênico tomou a paróquia, a custa
de mentiras perante as autoridades religiosas. O velho veio a morrer em
local distante, odiando e perseguindo Domênico.
Luciana pode ainda observar outra cena nas lembranças de Domênico. Uma velha
mulher, quase cega, acompanhada por uma criança, pede auxílio a Domêmico.
Narra seu drama, desde que havia sido abandonada por ele com o menino, que é
filho de ambos. O menino está à morte e ela busca ajuda. Domênico ordena que
soltem os cães bravos a espantar a mulher, e ambos, a criança e a mulher,
acabam morrendo sem recursos. Ela deseja vingar-se, de qualquer modo.
Quando Luciana vai continuar, Domênico cai em longa crise de choro, o que
abre espaço para ser auxiliado.
Padre Hipólito, membro da caravana, esclarece amorosamente, relembrando a
Domênico o sofrimentos de Jesus.
Neste instante, chega uma velhinha simpática ao grupo. Era a mãe de
Domênico. O estado emocional e mental de Domênico altera-se profundamente, e
ele agora está como uma criança chorosa, buscando abrigo no colo materno.
Sua mãe trava com ele carinhoso diálogo, incentivando-o para a luta pela
renovação e reajustamento. Esclarece que apenas através do esforço próprio e
de grande trabalho, os erros passados podem ser reparados.
Atingido intimamente, Domênico roga à mãe que ore por ele. A mãe faz
emocionada prece, repetida palavra a palavra por Domênico.
Um tanto refeito, Domênico pergunta à mãe por Zenóbia, e passa a descrever
os sentimentos acalentados em relação a ela. Justifica-se, alegando que
adotou o sacerdócio por Zenóbia ter desposado outro homem. A mãe de Domênico
esclarece a situação, mostrando que o caminho seguido por Zenóbia foi de
abnegação, o que não ocorreu com Domênico.
Envolvido pelo abraço amoroso da mãe, partiram ambos em direção à crosta
planetária.
Zenóbia enxugou as lágrimas, revelando alegrias desconhecidas, e agradeceu a
colaboração fraternal de todos.

Questões para estudo:

1) Na sua opinião podemos classificar a clarividência de Luciana como
mediunidade?

2) O levantamento dos erros cometidos por Domênico era necessário para o
trabalho de auxílio?

3) O fato de ter sido assassinado serviria como atenuante para as faltas
cometidas por Domênico?

4) Como podemos compreender a afirmação de Luciana: "As igrejas são sempre
elevadas e belas." ?

5) Por que foi necessária a presença da mãe de Domênico?

6) Que beneficios são obtidos através da prece?

08 - Treva e Sofrimento

Concluído o trabalho de socorro a Domenico, a equipe socorrista que
André Luiz integrava prosseguiu seu caminho. Atravessava, agora, região de profundo
sofrimento, onde espíritos em grande desequilíbrio padeciam os horrores ocasionados
por seu estado mental. Os benfeitores deveriam interceder junto àquelas almas no
sentido de esclarecê-las e recolocá-las na trilha do bem, para que, então, pudessem
almejar uma melhor sorte.
Vamos ao relato que o Autor nos transmite, em síntese.


Texto para estudo:

" A sombra tornava-se, de novo, muito densa e não se conseguia divisar o recôncavo.
Frases comovedoras, porém, subiam até nós. Dolorosos ais, blasfêmias, imprecações.
Guardava a idéia de que vastíssimo agrupamento de infelizes se rebolcava no solo, em
baixo. ..."

" Certo, os demais companheiros experimentavam análogas emoções, porque a Irmã
Zenóbia tomou a palavra, esclarecendo:
- Os padecimentos que sentimos não se verificam à revelia da Proteção Divina.
Incansáveis trabalhadores da verdade e do bem visitam seguidamente estes sítios,
convocando os prisioneiros da rebeldia à necessária renovação espiritual; no entanto,
retraem-se eles, revoltados e endurecidos no mal. ... quando retirados compulsoriamente
do vale tenebroso, acusam-nos de violentadores e ingratos, fugindo ao nosso contato
e influenciação."

" Contemplamos, então, sensibilizados e surpresos, monstruoso quadro vivo. Vasta legião
de sofredores cobria o fundo, um pouco abaixo de nossos pés. ...
Em seguida, solicitou ao padre Hipólito dirigisse apelo geral, em nome do Senhor, às
vítimas do infortúnio, para que considerassem a necessidade da transformação íntima.
O ex-sacerdote abriu pequeno manual evangélico que carregava consigo e leu, na relação
do Apóstolo Lucas, a parábola do homem rico que se vestia de púrpura, em regalada
existência, enquanto o mendigo chaguento lhe batia, debalde à porta da sensibilidade."

" - Fora! Fora! Abaixo as mentiras do altar!
- Ataquemos de vez o Padre!
- Estamos bem, somos felizes! Não pedimos auxílio algum, não precisamos de arengas!
- Temos aqui o nosso céu! Vão para os infernos!...
... Bolas de substância negra começaram a cair, ao nosso lado, partindo de vários pontos
do abismo de dor.
- As redes! - exclamou Zenóbia, dirigindo-se a alguns colaboradores - estendam as redes
de defesa, isolando-nos o agrupamento."

" ... e o padre Hipólito, sobrepondo-se aos ruídos e insultos, iniciou o comentário com
empolgante acento:
- Irmãos, que vos prepareis para a recepção da Luz Divina, é o nosso desejo fraternal!
Reúnem-se aqui várias centenas de infortunados companheiros em precárias condições
espirituais.... Cruéis perversões interiores modificam-vos o aspecto fisionômico. Não
vos assemelhais às criaturas humanas que fostes, repletas de dons divinos, e, sim, a
imagens vivas das regiões infernais, infundindo compaixão aos bons, receio e pavor aos
mais tímidos.... Entretanto, sois nossos irmãos mais infelizes, aleijados do sentimento e
do raciocínio, perdidos em dolorosos desertos da ignorância."

" Ante o respeitoso silêncio que o seu verbo inflamado provocara, prosseguiu, comovendo-nos:
- Domina-vos a inveja e o despeito, a maldade e o sarcasmo, quando não permaneceis
aniquilados de supremo terror. Emitis desordenadas paixões, entre coros de ironias e
lágrimas ... Quase todos recebeis nosso concurso amoroso, reagindo, impenitentes. ...
Acreditais que somos agraciados por favores indébitos, que somos prediletos dos Céus
e afirmais levianamente que privilégios gratuitos nos felicitam a vida. ... Somos, também,
batalhadores a longa distância da última vitória sobre nós mesmos, encontramo-nos,
igualmente, no mesmo carreiro de redenção.

" - ... Também sentimos saudades do lar terrestre e dos brandos elos afetivos que se
movimentam agora, muito distantes, experimentando, como vos acontece, o vivo desejo de
regressar ao passado, a fim de retificar os caminhos percorridos, e, quase sempre, debalde
procuramos aqueles que nos testemunharam amor, com o fim de beijar-lhes as mãos e
pedir-lhes esquecimento das nossas fraquezas. Possuímos, todavia, a felicidade de
compreender a extensão de nossos débitos e pusemo-nos, desde muito, a caminho do
futuro redentor."

" - Nenhum de nós outros, os que apelamos para a vossa renovação, encontrou até agora a
residência dos anjos. Somos companheiros em cujo coração palpita, plena, a Humanidade,
com os seus defeitos e aspirações. Compreendemos, contudo, vosso tormento consumidor e trazemos a todos o convite de renúncia aos impulsos egoísticos, concitando-vos, ainda, ao reconhecimento devido ao Senhor e à penitência pelos nossos erros voluntários e criminosos
do passado."

" Longas filas de sofredores acorriam de todos os recantos, fitando-nos à claridade das tochas,
à distância de trinta metros, aproximadamente.... Viam-se ali necessitados de todos os tipos:
aleijões, feridas, misérias exibiam-se ao nosso olhar, constringindo-nos os corações.... De
olhos ansiosos, falavam sem palavras do intenso e secreto desejo de se unirem a nós;
entretanto, algo lhes coibia a realização.... Entre a multidão compacta e nós outros, cavava-se
profundo fosso, e, onde surgiam possibilidades de transposição mais fácil, reuniam-se pequenos grupos de entidades que se revelavam por sinistra expressão fisionômica."

" Homenzarrão hirsuto, com todas as particularidades dum gigante, avançou até à borda do
fosso, no outro lado, fez significativo gesto de provocação e perguntou, bradando:
- Calou-se o realejo do padre?!
Riu-se, diabolicamente, e continuou:
- Perdem tempo! ... Onde está o Deus que nos prometeram?! Têm, porventura, o mapa do
céu? Nossos ídolos agora estão quebrados. ... Voltaremos, acaso, à ingenuidade primitiva,
a ponto de acreditar novamente em mentiras religiosas? ... Declaram-se felizes e proclamam
a compaixão de um pai que não conhecemos. Viram-no alguma vez?"

" ... Revelando sob forte impressão, o padre Hipólito respondeu:
- O conhecimento da Divindade o roteiro celeste serão encontrados dentro de nós mesmos.
Por que audácia inominável cometeríamos o absurdo de aguardar plena e pronta identificação
da nossa natureza egressa da irracionalidade, em dias tão curtos, com a sublime plenitude
de Deus?... Em verdade, as religiões antropomórficas da Crosta envenenaram-nos a mente,
instilando falsas concepções de Deus em nossos raciocínios.... Tomados, pois, de
compaixão pela nossa rebeldia e infortúnio, rogamos ao Senhor abençoe a esperança de
quantos nos ouvem, famintos de suprema redenção, como nós, diante da grandeza inapreciável
da vida eterna!"

" ... Verdade é que doía vê-los oprimindo míseras entidades que se ajoelhavam sob nosso
olhar, implorando ajuda e liberação; entretanto, razões ponderáveis existiriam, justificando a
ligação entre algozes e vítimas, razões que me escapavam, naturalmente, na hora em curso.
...Tomado de súbita piedade, notei que, ao serenarem as ironias dos maus e observando
talvez que não transpúnhamos o obstáculo em serviço de libertação, pintava-se, na fisionomia
dos sofredores confessos, a mais pungente ansiedade.
Pobre velhinha, que me pareceu desassombrada na fé, examinando os terríveis fatores
circunstanciais, estendeu-nos os braços esqueléticos e, na sua antiga concepção religiosa,
suplicou-nos:
- Santos mensageiros de Duas, nosso Pai, dignai-vos retirar-nos do purgatório! Estamos
torturados pelo fogo dos remorsos e pelos demônios que nos cercam. Por piedade, salvai-nos!"

" Destacando-se umas das outras, as súplicas proferidas evidenciavam a presença de adeptos
de variados credos religiosos, conhecidos na Crosta, e os espiritistas não faltavam no triste
concerto. Determinada senhora, de porte respeitável, deprecou, chorosa:
- Espíritos do Bem, auxiliai-me! Eu conheci Bezerra de Menezes na Terra, aceitei o
Espiritismo. No entanto, ai de mim! Minha crença não chegou a ser fé renovadora.
Dedicava-me à consolação, mas fugia à responsabilidade! A morte atirou-me aqui, onde tenho
sofrido bastante as conseqüências do meu relaxamento espiritual! Socorrei-me, por Jesus!
De todos os recantos soavam apelos comovedores."

" Ativa, delicada, Zenóbia determinou que fossem lançadas faixas luminosas de salvação ao
outro lado, no propósito de retirarmos o número possível de sofredores de tão amargurosa
situação; todavia, a ordem seguiu-se de odiosa represália. Os gênios diabólicos fizeram-se
mais duros. Acorreram míseras almas, aos magotes, buscando agarrar-se às extremidades
resplandecentes, descidas na margem oposta, como bordos de acolhedora ponte de luz; no
entanto, multiplicaram-se golpes e pancadas. Entidades perversas, em grande número,
continham os aflitos prisioneiros, impedindo-lhes o salvamento, com manifesto recrudescimento
de maldade. Nosso esforço persistiu por longos minutos, ao fim dos quais, observando que redundavam inúteis, apenas favorecendo a dilatação da agressividade dos algozes, a Irmã
Zenóbia, mantendo-se em grande serenidade, determinou fosse recolhido o material utilizado
para os trabalhos de salvação."

" A Irmã Zenóbia, contudo, prosseguiu, intrépida, dirigindo-se especialmente aos infortunados:
- Suportai os verdugos cruéis por mais algumas horas e valei-vos da oração para que não
vos faltem energias interiores. Não temos necessidade da luta corporal, nem da defensiva
destruidora e, sim, da resistência que o Divino Mestre exemplificou. Tolerai os inimigos
gratuitos do bem, desesperados e infelizes, que nos perseguem e maltratam, orando por eles,
porque o Poder Renovador se manifestará, convidando, por intermédio do sofrimento, a que se
arrependam e se convertam.... Entrementes, os encarcerados na dor continuaram implorando
auxílio, mas, atendendo as determinações da Irmã Zenóbia, apagamos as luzes, pondo-nos
de volta."


Bibliografia:

1 - O Livro dos Espíritos - questões 274 a 290 e 1.012 a 1019;

2 - O Céu e o Inferno, Allan Kardec - Capítulos III, IV e V;

3 - Depois da Morte, León Denis - Parte Quarta

4 - Educação para a Morte - Herculano Pires


Questões para estudo:

1 - Se, como afirmou a Irmã Zenóbia, "os padecimentos que sentimos não se verificam
à revelia da Proteção Divina", por que essa Proteção Divina não libertava aqueles espíritos
de tanto sofrimento?

2 - Que mensagem o padre Hipólito quis transmitir àqueles espíritos ao lhes falar sobre a
"Parábola do Homem Rico"?

3 - Por que a reação dos espíritos que persistiam no mal contra a intervenção do padre? O
que a figura do padre simbolizava para eles?

4 - Como o espiritismo explica o fato daqueles espíritos apresentarem aspectos tão
desformes, em nada se assemelhando à criatura humana?

5 - Por que aqueles espíritos sofredores não conseguiam libertar-se das forças do mal para
irem se juntar à equipe de benfeitores, embora o desejassem?

6 - Qual a razão do encerramento da missão antes de conseguir resgatar qualquer deles do
domínio dos líderes do mal?

7 - Que lição podemos tirar do fato de, entre os espíritos que estavam em tamanho sofrimento, encontrarmos vários religiosos?

09 - Louvor e Gratidão

Apesar de não terem conseguido retirar nenhum espirito daquele ambiente de sofrimentos, o grupo, dirigido por irmã Zenóbia, seguira em silencio mas confortados e satisfeitos. Depois de algum tempo, a dirigente agradeceu a Deus a alegria do trabalho e por terem deixado plantado sementes de luz que mais tarde brotariam em seus espíritos mediante reflexão.

Neste capítulo encontramos o grupo numa reunião de louvor e gratidão a Deus pelas oportunidades de trabalho que estão desempenhando, recebendo de espíritos iluminados luz e energia para a continuação da luta em favor dos menos evoluídos e aí, depois da prece de dirigente, vamos participar da conscientização de Gotuzo para sua próxima reencarnação, através da mediunidade de Luciana.

Texto:

(...)
Transcorridos alguns minutos, Zenóbia, agradeceu, sensibilizada, interpretando o sentimento geral..
.....após longos instantes de expectativa mais intensa, Luciana tomou a palavra e dirigiu-se à Diretora, neste termos:
__ Neste momento, vejo na tela das bênçãos respeitável ancião, cercado de luz verde-prateada. Estende-lhe a destra, abençoando-a e me recomenda dizer-lhe tratar-se de Bernardino.
.............
Assegura o iluminado visitante - tornou a clarividente prestimosa - que as vibrações ambientais inclinam-se, agora, para as esferas inferiores e não conseguirá fazer-se visível a todos, não obstante o seu desejo.
...........
Terminada a exteriorização da sublime energia, portadora de bem estar, e findos alguns minutos de novo silêncio, Luciana voltou a comunicar-se com a diretora:
__ Irmã, ilumina-se a tela novamente. Desta vez, temos a visita de uma bem-aventurada celeste. Oh! sua fisionomia deslumbra! Tem no colo soberbo ramalhete de lírios nevados a exalar inebriante perfume.
...... Impressionada por sua vez, Luciana prosseguiu:
__ A mensageira traja veludosa túnica, talhada em delicado tecido semelhante a escumilha de neve, e parece em oração de agradecimento...
__ Agora, fita-nos, bondosa - continuou, retomando a palavra -, e atira-nos as flores que traz consigo, revelando inexplicável carinho! Diz alguma coisa... Oh! sim, com permissão dos nossos Maiores, deseja comunicar-se com o irmão Gotuzo e solicita-nos cooperação!
........
A irmã Zenóbia, naturalmente experimentada nas atividades de intercâmbio, interveio, acrescentando:
Sim, Luciana, tanto quanto estiver em suas possibilidades, ceda o seu veículo de manifestação...
........
A enfermeira, com a possibilidade de quem enxergava mais que nós, observou comovidamente:
__ Identifica-se como Letícia, declara que desencarnou há trinta e dois anos e assevera que foi mãe do companheiro referido.
.................
Neste instante a fisionomia de Luciana transformou-se ....Com voz altamente modificada, começou a exprimir-se a emissária por seu intermédio:
__ Irmãos, seja convosco a paz do Cordeiro Divino! ...., com permissão de nossos Orientadores, venho ao encontro de alguém que nos é muito caro, buscando despertar-lhe a consciência para horizontes mais altos da vida.
...........
Em seguida, dirigindo-se, em particular, ao colega que lhe recebia a visita, expressou-se com acentuada inflexão de ternura:
__ Gotuzo, meu filho, serei breve....Ouça desapaixonadamente, a palavras de sua mãe e velha amiga. Desprenda-se das idéias antigas para compreender melhor. As concepções inferiores de nosso "eu" também se cristalizam, impedindo a penetração da luz em nosso campo interno.Escute filho meu! Como pode menosprezar a santa oportunidade de elevação? O Mestre aproveita as qualidades utilizáveis do discípulo, em determinado setor do aprendizado, adiando, por misericórdia, a melhoria e o aprimoramento de certas zonas obscuras da personalidade. Por vezes o aprendiz retarda-se meses, anos, séculos.... Jesus não é senhor da violência e nunca impõe drásticas à obra evolutiva. É cultivador do trabalho, da esperança. Aguardará sempre, compassivo e bondoso, nossas decisões de colaborar no apostolado redentor, suportará nossas faltas muitas vezes; entretanto, em nosso próprio interesse, deveremos atentar, vigilantes, para os seus ensinamentos, com a sincera disposição de aplicá-los. Sem dúvida, não nos fulminará com raios destruidores pela nossa demora em desculpar alguém; no entanto, recomendou perdoemos setenta vezes sete vezes; naturalmente, não nos perseguirá pela nossa dificuldade em simpatizar com irmãos atualmente menos felizes que nós. Esforçou-se, contudo, para que nos amemos uns aos outros.Não virá em pessoa obrigar-nos a assumir determinada atitude evangélica, mas traçou todas as disposições necessárias ao estabelecimento de roteiros para a prática do bem....
Seu esforço médico, nesta casa, é, de fato apreciável. Companheiros dignos seguem-no com amizade e admiração. Multiplicam-se os valores que o cercam ; amontoa você preciosidades e bênçãos, na parte das aquisições afetivas, porém... e o seu próprio destino? Seus amigos, não obstante a luz que lhes brilha no caráter santificado, não podem substituí-lo nas realizações que o esperam. Suas manifestações de natureza exterior instruem e confortam. Seus pensamentos mais íntimos, entretanto, dilaceram o coração. Como conduzirá doentes à cura, se prossegue magoado com aqueles que o feriram aparentemente? Como dará lições de bom ânimo aos tristes, se se demora tanto tempo na ilusão do desalento? Ó filho amado, ninguém serve à obra do Pai com a mente toldada pelo vinho amargoso das paixões! Abra o entendimento à passagem das bênçãos divinas! Não guarde vermes destruidores no jardim da esperança . . . Estragariam as mais belas flores, aniquilando a promessa dos frutos . . .
É razoável que você demore neste asilo de amor, colaborando na cura de desequilibrados mentais, longe dos círculos mais densos. Contudo não pretende ganhar o mais além? Admite, satisfeito, o cárcere do estacionamento? Não desejará libertar-se para libertar, efetivamente, os prisioneiros da ignorância? Não demandará o plano superior para ser mais útil aos que intentam galgar a escada reveladora da luz imortal?

..................................
Enquanto me dispunha a visitá-lo solicitei o comparecimento de alguém dos círculos mais densos, para colher a certeza de suas disposições.
.......................
Alguém confabulará conosco, dentro de minutos breves. ......Espere.
Surpreendendo-nos a todos, poucos segundos após, duas senhoras penetraram o rescindo......
Reconheceu Gotuzo, de longe, e, evidenciando incontestável deficiência de disciplina emotiva, estendeu-lhe os os braços, descontrolada e inquieta, bradando:
__ Gotuzo! Gotuzo! que felicidade, este reencontro!
..................
Depois de acariciá-la com meiguice materna, a venerável amiga dirigiu-se ao nosso companheiro, acentuando:
__ Meu filho, não queria você abraçar-me e beijar-me? Acredita que a esposa terrestre mereça menos que eu?
........Retire dos olhos a venda do egoísmo que lhe vem interceptando a visão e interprete com naturalidade as exigências da vida terrestre.
..........
__ Ajude-a para que você possa ser ajudado. Não recuse a lição, porque o futuro virá aclará-la inteiramente.
Magnetizado, talvez, pela carinhosa advertência materna, Gotuzo abriu o s braços e recolheu-a, solicito, na atitude de irmão compadecido e desvelado.
..........................
Tal como criança vencida, nosso irmão assegurou:
__ Marília, nunca resgatarei minha dívida para com seu devotamento. Regresse, confiante, enquanto preparo minha própria volta. Brevemente, com o auxílio de Deus e de nossa abençoada mãe, estaremos, de novo, reunidos na Terra! Peça energias para mim, em suas orações de serva incompreendida. Está você em vias de terminar dolorosa prova de resgate, ao passo que vou recomeçá-la. Sou eu, portanto, agora, quem suplica auxílio e proteção.... Espere-me! Não desfaleça! ....
Ambos choravam enternecedoramente.
Em seguida, Letícia restituiu a nora aos braços amigos da orientadora que a reconduziu de volta ao corpo físico...
A ex-genitora de Gotuzo recomendou-lhe que retomasse o primitivo lugar e, recompondo o ambiente, solicitou o concurso de Zenóbia para a futura realização filial.
............
Leticia agradeceu e partiu, deixando-nos precioso eflúvio de paz e encantamento.



QUESTÕES PARA O ESTUDO:


1 - Qual o objetivo da seguinte orientação da irmã Letíca, mãe de Gotuzo: "Desprenda-se das idéias antigas para compreender melhor. As concepções inferiores de nosso "eu" também se cristalizam, impedindo a penetração da luz em nosso campo interno" ?


2 - Qual seria o caminho que temos que percorrer para nossa elevação? E qual é a misericórdia que recebemos do Pai para galgarmos nossa evolução?


3 - O nosso aprendizado na espiritualidade, ajudando e trabalhando para o bem é o suficiente para nossa evolução espiritual?


4 -Amigos, selecionei os textos abaixo, que estão acima sublinhados, para tecermos comentários sobre estes ensinamentos de André Luiz, que são um alerta, para nosso desenvolvimento espiritual, principalmente nos nossos trabalhos mediunicos:

a) "Multiplicam-se os valores que o cercam ; amontoa você preciosidades e bênçãos, na parte das aquisições afetivas, porém... e o seu próprio destino?


b) "Suas manifestações de natureza exterior instruem e confortam. Seus pensamentos mais íntimos, entretanto, dilaceram o coração."


c) "Como conduzirá doentes à cura, se prossegue magoado com aqueles que o feriram aparentemente? Como dará lições de bom ânimo aos tristes, se se demora tanto tempo na ilusão do desalento?


d) "Ó filho amado, ninguém serve à obra do Pai com a mente toldada pelo vinho amargoso das paixões! Abra o entendimento à passagem das bênçãos divinas! Não guarde vermes destruidores no jardim da esperança . . . Estragariam as mais belas flores, aniquilando a promessa dos frutos . . ."



e) "Ajude-a para que você possa ser ajudado."


BIBLIOGRAFIA:

1 - Livro dos Espíritos: Qs. de 166 a 171 e de 330 a 342

2 - O Evangelho Segundo o Espiritismo: Cap.IV e Cap. XXVI - 10

3 - Livro dos Médius: Cap. III - 28

10 - Fogo Purificador


"(...)
_ Permanecemos, porém, noutros domínios vibratórios e não podemos ter
grandes surpresas. As leis da matéria densa, nossas velhas conhecidas da
Crosta Planetária, não são as que presidem aos fenômenos da matéria
quintessenciada que nos serve de base às manifestações também transitórias
. O homem encarnado somente agora começa a perceber certos problemas
inerentes à energia atômica do plano grosseiro em que situa,
temporariamente, a personalidade. Como você não ignora, as descargas
elétricas do átomo etérico, em nossa esfera de ação, ensejam realizações
quase inconcebíveis à mente humana. Nos círculos carnais, para atendermos
aos nossos enigmas evolutivos ou redentores, somos fracos prisioneiros do
campo sensorial, prisioneiros que se comunicam com a Vida Infinita pelas
estreitas janelas dos cinco sentidos. Não obstante o progresso da
investigação científica entre as criaturas terrenas, o homem comum apenas
conhece, por enquanto, uma oitava parte do plano onde passa a existência. A
vidência e a audição, as duas portas que lhe podem dilatar a pesquisa
intelectual, permanecem excessivamente limitadas. Vejamos, por exemplo, a
luz solar, que condensa as cores básicas, suscetíveis de serem assinaladas
pelo nosso olho, quando na Terra. Percebemos, tão somente, as cores que vão
do vermelho ao violeta, salientando-se que a maioria das pessoas nada
enxerga além das últimas cinco, que são o azul, o verde, o amarelo, o
laranja e o vermelho, não registrando o índigo e o violeta. Existem, porém,
outras cores no espectro, correspondentes às vibrações para as quais o olho
humano não possui capacidade de sintonia. Manifestam-se raios infravermelhor
e ultravioletas que o pesquisador humano consegue identificar
imperfeitamente, mas que não pode ver. Ocorre o mesmo com a potência auditiv
a. O ouvido da mente encarnada assinala apenas os sons que se enquadram na
tabela de "16 vibrações sonoras a 40.000 por segundo". As ondas mais lentas
ou mais rápidas escampam-lhe totalmente. Há que obedecer às leis da
gravitação e da estrutura das formas, na zona de matéria densa, para que a
vida atinja seus divinos objetivos espirituais.
(...)
_ Os movimentos de trabalho em nossa esfera de luta, portanto, não podem ser
vistos com a mesma deficiência de exame que antigamente nos presidia às
observações. A matéria e as leis, em nosso plano, permanecem bastante
diferenciadas, embora emanem da mesma Origem Divina.
(...)
A utilização de recursos, ali, naquela casa de benemerência, insulada em tão
escura paisagem, custava inauditos sacrifícios. A densidade da região
influía inequivocadamente nos serviços , e os colaboradores despendiam
atividades de gigantescas proporções.
Todo o pessoal disponível fora convocado ao trabalho dos motores e , quando
me entregava a transportes admirativos, diante da maquinaria complexa,
indescritível na técnica humana, a Irmã Zenóbia , através de Jerônimo, nos
pediu colaboração nas defesas magnéticas, em vista da necessidade de
emrpegar maior número de cooperadores na preparação ativa do vôo.
Não tinhamos tempo a perder. (...)
(...)
_ temos determinação para receber todos os sofredores que se apresentarem
renovados, facultando-lhes ingresso ao pátio interno, Nas últimas horas, a
Irmã Zenóbia e os demais administradores da instituição ordenaram
acolhimento a todos os transviados que se aproximassem de nós, com sinais
legítimos de tranformação moral para o bem.
(...)
_ Como nos asseguraremos , porém, dessa renovação?
(...)
_ Os sofredores , já modificados para o bem, apresentarão círculos luminosos
característicos em torno de si mesmos, logo que , estejam onde estiverem,
concentrem suas forças mentais no esforço pela própria retificação. Os
outros, os impenitentes e mentirosos sistemáticos, ainda que pronunciem
comovedoras palavras, permanecerão confinados nas nuvens de treva que lhes
cercam a mente endurecida no crime.
(...)
Entregavamo-nos, tranquilos, ao trabalho, quando indescritível choque
atmosférico abalou o escuro céu. Clarão de terrível beleza varou o nevoeiro
de alto ea baixo, oferecendo, por um instante, assombroso espetáculo. Não
era bem o relâmpago conehcido na Crosta, por ocasião das tempestades,
porquanto as descargas elétricas da Natureza, sobre o chão denso, são menos
rpecisas no que se refere à orientação técnica de ordem invisível.
Observa-se, ali, o contrário; a tormenta de fogo ia começar, metódica e
mecanicamente.
(...)
_ É o primeiro aviso da passagem dos desintegradores - explicou-nos
solícito.
(...)
_ O trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis para nós, tal a
densidade ambiente, evita o aparecimento das tempestades magnéticas que
surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam
excessivamente no plano.
(...)
Com efeito, justificavam-se as medidas, porque ouvíamos agora ensurdecedora
algazarra de multidões que se aproximavam.
Sucederam-se outros ribombos ameaçadores, despejando fogo na superfície e
energias revolventes no interior do solo que pisávamos.
Ondas maciças de sofredores aterrados começaram a alcançar as defesas. era
dolorosa a contemplação da turba amedrontada e expectante. Aproximamo-nos
dela , quanto era possível.
_ Socorro! Socorro! - conclamavam infelizes em agrupamentos compactos.
Ameaçavam-nos outros:
_ Fujam daqui! Atravessaremos a barreira de qualquer modo! O abrigo nos
pertence! Vamos à força!
E não se limitavam às palavras. Avançavam, em massas, sobre as faixas
horizontais, para recuarem, espavoridos.
(...)
Entretanto, com maior ou menor intensidade, todos os sofredores exibiam
escuros círculos de treva em torno de si.
(...)
Vasta dose de paciência era despendida por todos nós, para conter a multidão
furiosa. Impressionavam-nos as formas monstruosas e miseráveis a se
arrastarem vestidas de sombra, quando começaram a chegar entidades
aureoladas de luz. Trajavam farrapos e traziam comovedores sinais de
sofrimento. Dando a perceber que desejavam isolar a mente das centenas de
revoltados que ali se congregavam em ativo movimento de insurreição,
contemplavam o Alto e cantavam hinos de reverência ao Senhor, em regozijo da
própria renovação, cânticos esses abafados pela algaravia dos rebeldes
agitados. Reparava, pela expressão de quantos iluminados se aproximavam de
nós, que se esforçavam por manter pensamento alheio às objurgatórias dos
maus, temendo talvez o interesse mental pelo que emitiam, circunstâncias
criadora de novos laços magnéticos favoráveis à dominação dos verdugos.
Intentavam, por isso, alimentar o máximo desprendimento dos apodos que lhes
eram lançados pela turba malévola e impenitente. Formavam agrupamentos de
formosura singular. Sublimes quadros de paraíso, no inferno de atrozes
padecimentos! Vinham de mãos entrelaçadas, como a permutar energias, a fim
de que se lhes aumentasse a força para a salvação, no minuto supremo da
batalha que mantinham, talvez, desde muito antes. E esse processo de troca
instintiva dos valores magnéticos infundia-lhes prodigiosa renovação de
poder, porquanto levitavam, sobrepondo-se ao desvairado ajuntamento.
Emolduravam-lhes a fronte belos círculos de luz, com brilho mais ou menos
uniforme. Enquanto os tipos de semblante sinistro lhes dirigiam insultos,
elas cantavam hosanas ao Cristo, entoando louvores, que, de certo, lembravam
os júbilos dos primeiros cristãos, perseguidos e flagelados nos circos qundo
se retiravam sob os apupos de espectadores perversos.
Mas, para se acolherem ao asilo de Fabiano, necessitavam pousar rente a nós,
que lhes abríamos passagem prazerosamente. Entretanto, para alcançarem o
átrio da instituição, eram compelidos à quebra da corrente de energias
magnéticas recíprocas, mantendo-se de mãos separadas, e os recém-chegados,
em sua maioria, desvencilhando-se, involuntariamente uns dos outros,
tombavam enfraquecidos após pronlogado esforço, logo aos primeiros passos na
região interna da Casa Transitória. Semelhavam-se, assim, às aves esgotadas
em laboriosa excursão, depois de atingirem o objetivo que as fizera afrontar
distâncias e tormentas.
(...)
Pequenos e admiráveis cordões de entidades, tranformadas interiormente pelos
dolorosos banhos de pranto santificador, chegavam agora de todos os lados. E
as hordas ferozes e irônicas , rodeadas de trevas , multiplicavam-se também,
em turbas compactas, ferindo-nos a audição com blasfêmias e injúrias
contundentes. Entre os ingratos e rebelados, havia, contudo, criaturas que
se mostravam, aflitas e, genuflexas, tocavam-nos o coração fraterno com seus
brados de socorro e amargurosas queixas, as quais, porém, não podiamos
aliviar com qualquer benefício precipitado, em virtude da perigosa condição
mental em que se mantinham, condição que lhes impunha sofrimentos
reparadores.
Quase ... O calor asfixiava. Sentindo os elementos vacilantes que nos
ladeavam, recordei velha descrição do maremoto de Messina, em que, sob o
auge do pavor, diante da Natureza perturbada, não sabiam as vítimas como se
colocarem a caminho do salvamento, porquanto, em torno, a terra, o mar e o
céu se conjugavam num ciclópico e cincrônico arrasamento.
A Instituição... Fitas inflamadas do firmamento caíam, caíam sempre, em meio
de formidáveis explosões, oriundas da desintegração de princípios
etéricos...
Quando tudo fazia supor que não havia, nas vizinhanças, entidades em
condições de serem socorridas, soou a clarinada equivalente ao toque de
recolher!
(...)
Sorvedouros de chamas surgiam próximos e tamanha gritaria se verificava, em
derredor, que tinhamos perante os olhos perfeita imagem de vasta floresta
incendiada, a desalojar feras e monstros de furnas desconhecidas.
(...)
Era forçoso considerar que dentro do asilo reinava absoluta ordem, não
obstante o ritmo apressado do trabalho. Acomodações simples, mas
confortadoras, recebiam sofredores extenuados. E serena, como sempre, como
se estivesse habituada às pertubações externas, a Irmã Zenóbia controlava a
situação, ultimando providências.
(...)
A diretora, após convidar-nos a transfundir vibrações mentais, num só ato de
reconhecimento ao Senhor, tomou entre as mãos lindo volume. Reconheci-o
imediatamente. Era a Bíblia, atenciosa, a orientadora começou a ler o Salmo
cento e quatro, em voz alta, pausada e solene:
(...)
A devotada orientadora não lia apenas: pronunciava os vocábulos de louvor,
compilados há tantos séculos, sentindo-os, intensamente. Oh! Maravilha!
Tamanha era a comoção com que se dirigia, humilde e reverente, ao Senhor do
Universo, que o tórax de Zenóbia parecia misterioro foco resplandecente.
Contagiados pela sua fé ardorosa, uníamo-nos na mesma vibração.
O oratório encheu-se de profusa claridade. Luz irradiante ganhava os
compartimentos próximos e deveria espraiar-se, lá fora, no campo de sombras
espessas.
Eminentemente comovido, observei que a Casa Transitória, deslocada
vagarosamente de início, punha-se agora em movimento rápido.
(...)
_ Oh! - exclamei - se os homens encarnados entendessem a beleza suprema da
vida! se apreendessem antecipadamente, algo dos horizontes sublimes que se
nos apresentam depois da morte do corpo, certamente valorizariam, com mais
interesse, o tempo, a existência, o aprendizado!
Jerônimo sorriu e ponderou:
_ Sim, André. Todavia, importa observar que o plano transitoriamente pisado
pelos homens permanece também repleto de mistério e encantamento. Para os
que amam a glória de Deus, a Crosta Planetária oferece sublimes revelações,
desde os estudos do infinitesimal até a contemplação dos grandes sistemas de
mundos que se equilibram na imensidade!
(...)"

Questões para nosso estudo:

01) O que é Fogo Purificador? Como ele ocorre? E qual sua finalidade?
02) Por todos os tempos, o homem vem se empenhando no sentido de
interpretar, conhecer e entender o universo e seu mecanismo e,
consequentemente, entender a vida no campo da forma.
Assim, como entendermos a colocação:
"_ Permanecemos, porém, noutros domínios vibratórios e não podemos ter
grandes surpresas. As leis da matéria densa, nossas velhas conhecidas da
Crosta Planetária, não são as que presidem aos fenômenos da matéria
quintessenciada que nos serve de base às manifestações também transitórias
. O homem encarnado somente agora começa a perceber certos problemas
inerentes à energia atômica do plano grosseiro em que situa,
temporariamente, a personalidade. Como você não ignora, as descargas
elétricas do átomo etérico, em nossa esfera de ação, ensejam realizações
quase inconcebíveis à mente humana. Nos círculos carnais, para atendermos
aos nossos enigmas evolutivos ou redentores, somos fracos prisioneiros do
campo sensorial, prisioneiros que se comunicam com a Vida Infinita pelas
estreitas janelas dos cinco sentidos. Não obstante o progresso da
investigação científica entre as criaturas terrenas, o homem comum apenas
conhece, por enquanto, uma oitava parte do plano onde passa a existência. A
vidência e a audição, as duas portas que lhe podem dilatar a pesquisa
intelectual, permanecem excessivamente limitadas. Vejamos, por exemplo, a
luz solar, que condensa as cores básicas, suscetíveis de serem assinaladas
pelo nosso olho, quando na Terra. Percebemos, tão somente, as cores que vão
do vermelho ao violeta, salientando-se que a maioria das pessoas nada
enxerga além das últimas cinco, que são o azul, o verde, o amarelo, o
laranja e o vermelho, não registrando o índigo e o violeta. Existem, porém,
outras cores no espectro, correspondentes às vibrações para as quais o olho
humano não possui capacidade de sintonia. Manifestam-se raios infravermelhor
e ultravioletas que o pesquisador humano consegue identificar
imperfeitamente, mas que não pode ver. Ocorre o mesmo com a potência auditiv
a. O ouvido da mente encarnada assinala apenas os sons que se enquadram na
tabela de "16 vibrações sonoras a 40.000 por segundo". As ondas mais lentas
ou mais rápidas escampam-lhe totalmente. Há que obedecer às leis da
gravitação e da estrutura das formas, na zona de matéria densa, para que a
vida atinja seus divinos objetivos espirituais."
03) Como podemos entender a procura de auxílio, mesmo que apenas
aparentemente, ou seja, daqueles que sem qualquer renovação íntima o faziam?
04) Como entendermos a seguinte colocação:
"(...)Entre os ingratos e rebelados, havia, contudo, criaturas que
se mostravam, aflitas e, genuflexas, tocavam-nos o coração fraterno com seus
brados de socorro e amargurosas queixas, as quais, porém, não podiamos
aliviar com qualquer benefício precipitado, em virtude da perigosa condição
mental em que se mantinham, condição que lhes impunha sofrimentos
reparadores."?
05) Diante da narrativa de que os sofredores renovados intimamente vinham de
mãos entrelaçadas permutando energias, para que houvesse aumento de força e
que essa troca magnética infundia uma renovação de poder; bem como quando
separadas os entrelaces tombavam eles esgotados pelo esforço; como podemos
entender a necessidade da troca de energias? podemos caminhar sós?Por que?
06) Como entendermos a colocação:
"(...) Impressionavam-nos as formas monstruosas e miseráveis a se
arrastarem vestidas de sombra, (...) "?
07) Qual a importância de se estar , num mesmo trabalho, unido pela mesma
vibração?
08) Como entendermos a colocação:
"_ Oh! - exclamei - se os homens encarnados entendessem a beleza suprema da
vida! se apreendessem antecipadamente, algo dos horizontes sublimes que se
nos apresentam depois da morte do corpo, certamente valorizariam, com mais
interesse, o tempo, a existência, o aprendizado!"
09) Como entendermos a colocação:
"_ Sim, André. Todavia, importa observar que o plano transitoriamente pisado
pelos homens permanece também repleto de mistério e encantamento. Para os
que amam a glória de Deus, a Crosta Planetária oferece sublimes revelações,
desde os estudos do infinitesimal até a contemplação dos grandes sistemas de
mundos que se equilibram na imensidade"?

Bibliografia Sugerida:
- O Livro dos Espíritos (Por exemplo, itens: 04, 17, 18,19, 77, 93, 53,
44,166,167,779,780, 920)
- A Gênese (Por exemplo, Capítulos: II, VI, XI, XVIII)
- O Evangelho Segundo o Espiritismo( Por exemplo, capítulos: II, III, IV,
XVI, XVII, XIX, XXIII)

11 - Amigos Novos

"(...)
Jerônimo dava-se pressa em auscultar os vários ambientes em que se
verificaria nossa atuação.
Programou a tarefa com simplicidade e bom senso. Não nos distrairíamos com
quaisquer investigações, além da missão previamente esboçada, e
manter-nos-íamos em ligação incessante com a Casa Transitória, para maior
eficiência no dever a cumprir.
_ Naturalmente (...) Nos instantes de sono, conduzi-los-emos até lá, para
que se habituem lentamente com a idéia de afastamento definitivo.
(...)
_ Meu caro Assistente, todas as mortes se fazem acompanhar de missões
auxiliadoras? cada criatura que parte da Crosta precisa de núcleos de amparo
direto?
(...)
_ Absolutamente. Reencarnações e desencarnações de modo geral, obedecem
simplesmente à lei. Há princípios biogenéticos orientando o mundo das formas
vivas ao ensejo do renascimento físico, e princípios transformadores que
presidem aos fenômenos da morte, em obediência aos ciclos da energia vital,
em todos os setores de manifestação. Nos múltiplos círculos evolutivos, há
trabalhadores para a generalidade, segundo sábios designíos do Eterno;
entretanto, assim como existem cooperadores que se esforçam mais
intensamente nas edificações do progresso humano, há missões de ordem
particular para atender-lhes as necessidades.
(...)
_ Não se trata de prerrogativa injustificável nem de compensações de favor.
O fato revela ordenação de serviços e aproveitamento de valores. Se
determinado colaborador demonstra qualidades valiosas no curso da obra,
merecerá, sem dúvida, a consideração daqueles que a superintendem,
examinando-se a extensão do trabalho futuro. No plano espiritual. portanto,

muito grande é o carinho que se ministra ao servidor fiel, de modo a
preservar-lhe o devotado Espírito da ação maléfica dos elementos
destruidores com o desânimo e a carência de recursos estimulantes,
permitindo-se, simultâneamente, que ele possa ir analisando a magnetude de
nosso ministério na verdade e no bem, em face do Universo Infinito.
Ouvindo-lhe a elucidação, lembrei-me instintivamente dos tipos apostólicos
que conehcera na experiência humana. Não haveria contradição no
esclarecimento? os padres virtuosos, com os quais mantivera contacto no
mundo, eram pessoas perseguidas através de todos os flancos. Notava que
criaturas de mais subido valor moral eram justamente as escolhidas para o
assédio da calúnia constante. Sem relacionar apenas os de minha intimidade,
recordava a própria história do Cristianismo. Não era porventura, cheia de
exemplos? os temperamentos, por muitos anos fervorosos na fé, haviam sido
pasto de feras. Os continuadores do mestre foram vítimas de tremendas
provações e Ele mesmo alcançara o Calvário em passadas dolorosas...
O assistente percebeu o jogo de raciocínios que se me desdobrava no íntimo e
esclareceu:
_ Suas objeções mentais não têm razão de ser. A concepção humana do socorro
divino é viciada desde muitos séculos. A criatura pressupõe no amparo de
Deus o pretecionismo do sátrapa terrestre. Espera perpetuidade de favores
materialísticos, injustificável destaque entre os menos felizes, dominação e
louvor permanentes. Costuma aguardar serviço, estima e entendimento, mas
desdenha servir, estimar e entender, quando não seja em retribuição. O
sibsídio celeste traduz-se por benditas oportunidades de trabalho e
renovação; chega, muitas vezes, ao círculo da criatura, como se foram
gloriosas feridas, magníficas dores, abençoados suplícios. Enquanto
predominem na Crosta Planetária os impulsos da animalidade primitiva, os
agraciados pela bênção divina serão, em suia maior parte, representantes
dopoder espiritual, os quais, de maneira alguma, ficarão isentos de
testemunhos difíceis nas demonstrações imprescindíveis. Não que o Senhor
intente transformar discípulos em cobaias, mas pela imposição natural da
obra educativa em que a lição do aluno atento e fiel deve interessar à
classe inteira. O que quase sempre parece sofrimento e tentação, constitui
bem-aventurança transformando situações para o bem e para a felicidade
eterna.
(...)
_ É Dimas! - exclamou, indicando o enfermo - assíduo colaborador dos nossos
serviços de assistência, faz muitos anos. Veio de nossa colônia espiritual,
há pouco mais de meio século, consagrando-se a tarefa obscura para melhor
atender aos divinos desígnios. Desenvolveu faculdades mediúnicas
apreciáveis, colocando-se a serviço dos necessitados e sofredores.
(...)
_ Nosso Amigo - continuou o Assistente - fêz-se o redor feliz de inúmeras
dedicações pela renúncia com que sempre se conduziu no ministério. Agora, é
chegado para ele o tempo do descanso construtivo.
Agradavelmente surpreendido, reparei que o doente se apaercebeu da nossa
presença. Cerrou os olhos do corpo, enxergou-nos com a visão da alma e
animou-se , sorrindo...
(...)
Seguindo-se ao meu auxílio humilde, Jerônimo dirigiu-lhe palavras de
encorajamento e prometeu voltar, mais tarde.
(...)
Não demorou muito tempo e penetramos singular residência, em bairro menos
populoso, e deparamos com enternecedora paisagem doméstica.
Cavalheiro na idade madura, deitado em pequeno divã, apresentando terríveis
sinais de tuberculose adiantada, sustentava comovente palestra, dirigindo-se
a dois pequeninos que aparentavam seis e oito anos, respectivamente, formosa
expressão de luz aureolava a mente do enfermo, que pousava nas crianças o
olhar muito lúcido, falando-lhes paternalmente.
O próprio Jerônimo parou, a ouví-lo, junto de nós, agradavelmente
surpreendido.
_ Papai, mas o senhor acredita que ninguém morre? - indagou o filhinho mais
velho.
_ Sim, Carlindo, ninguém desaparece para sempre e é por isso que desejo
aconselhá-los, como pai que sou.
(...)
_ Creio que não me demorarei a partir...
_ para onde papai? - atalhou o menor.
_ Para um mundo melhor que este, para lugar, meu filho, onde seu pai possa
ajudá-los num corpo são, embora diferente.
(...)
_ Não devem manifestar semelhantes receios. Já organizei todos os negócios e
a mamãe trabalhará,. substituindo-me, até que vocês cresçam e se façam
homens. Se eu pudesse, ficaria em casa, mas, como se arranjariam comigo,
assim, imprestável como estou? por essa razão, Deus me concederá outro corpo
e eu estarei com vocês, sem que me vejam.
(...)
Possivelmente, seremos até mais felizes... Há muitos dias pretendo
falar-lhes, comoa gora, para que fiquem certos de meu amor constante. Logo
após meu afastamento, seu de antemão que muita gente procurará desanimá-los.
Dir-se-á que me afastei para nunca mais voltar, que a sepultura me
aniquilou; entretanto, previno a vocês de que isso não é verdade. Viveremos
sempre e amar-nos-emos uns aos outros, cada vez mais...
(...)
_ Quando eu partir - acentuou o pai amoroso -, se voc6es demonstrarem
coragem e confiança em Deus, o papai estará mais corajoso e confiante e
restaurará, em pouco tempo, as energias...
(...)
_ Vai para três anos, instituímos nosso culto doméstico do Evangelho de
Hesus. E vocês ssabem hoje que nosso Mestre não morreu. Levado ao suplício e
à morte, voltou do sepulcro para orientar os amigos e continuadores. Ele,
pois, nos auxiliará para que prossigamos unidos. Quando eu fizer a viagem de
renovação, tenham calma e otimismo. Não chorem, nem desfaleçam. Com lágrimas
não serão úteis 1a mamãe, que precisará naturalmente de todos nós. Deus
espera que sejamos alegres na luta de cada dia para sermos filhos fiéis ao
seu divino amor..
(...)
_ Nosso amigo Fábio, em véspera da libertação, sempre colaborou com
dedicação nas obras do bem. Não é médium com tarefa, na acepção vulgar do
termo. É, porém, homem equilibrado, amante da meditação e da espiritualidade
superior e, em razão disso, desde a juventude tornou-se excelente
ministrador de energias magnéticas, colaborando conosco em relevantes
serviços de assistência oculta. Vários mentores de nossa colônia têm em alta
conta o seu concurso. Há muito anos que se consagra ao estudo das questões t
ranscendentes da alma e formou-se na academia do esforço próprio, a fim de
ser-nos útil. Livre do sectarismo, infenso às paixões e amante do dever,
nosso irmão Fábio instituiu, desde os primeiros dias de matrimônio, o culto
doméstico da fé viva, preparando a esposa, os filhinhos e outros familiares
no esclarecimento dos problemas essenciais da compreensão da vida eterna. Em
virtude da preserverança no bem que lhe caracterizou as atitudes, sua
libertação ser-lhe-á agradável e natural. Soube viver bem, para bem morrer.
(...)
Fábio, a rigor, não precisava apaio para a fé que nutria. Revelava-se
tranquilo e confiante, e, embora o abatimento natural em seu estado, ia
ensiando, aos seus, inesquecíveis lições de coragem e de valor moral.
_ Vamo-nos! - Chamou-nos o Assistente - nosso companheiro vai bem e
dispensa-nos de maior colaboração.
(...)
No leito, permanecia respeitável senhor de idade avançada, com evidentes
sinais de moléstia do coração.(...)
_ É nossa irmã Albina (...) Permanece, presente,mente, em serviço nos
círculos evangélicos protestantes. Fez profissão de fé na Igreja
Presbiteriana e, viúva desde cedo, consagrou-se ao labor educativo, formando
a infância e ajuventude no ideal cristão.
(...)
_ Reconforta-nos a proteção de que nossa irmã é objeto. No entanto, creio
que há forte pedido de prorrogação em favor dela. Todos somos de parecer que
deva ser chamada à nossa esfera com urgência, para receber o prêmio a que
fez juz. Todavia, há razões ponderosas para que seja amparada
convenientemente, a fim de que permaneça com a família consanguínea na
Crosta, por mais alguns meses.
(...)
Varavamos, em breve, larga porta de movimentado hospital (...)
(...)
Após atravessarmos (...). A maioria dos leitos ocupados mostrava o doente e
as entidades espirituais que o rodeavam, umas em caráter de assistência
defensiva, outras em acirrada perseguição.
(...)
_ Aqui temos nosso velho Cavalcante. É virtuoso católico-romano, espírito
abnegado e valoroso nos serviços do bem ao próximo. Veio de nossa colônia,
há mais de sessenta anos, e possui grande círculo de amigos pelos seus dotes
morais. Sua exist6encia, cheia de belos sacrifícios, fala ao coração. Aqui
se encontra, junto dos filhos da indigência, abandonado da parentela , em
virtude de suas idéias de ren;uncia às riquesas materiais, Mas não se acha
desamparado pela Divina Misericórdia.
(...)
Notei, todavia, que Cavalcante era absolutamente alheio à nossa
influenciácão. Nada percebia de nossa presença ali, verificando que ele,
apesar das elevadas qualidades morais que lhe exornavam o caráter, não
possuía bastante educação religiosa para o intercâmbio desejável.
(...)
_ Tenho tido dificuldade para mantê-lo tranquilo (...) em vista dos parentes
desencarnados que o assediam de modo incessanteNão obstante os trabalhos de
vigilância que garantem o estabelecimento, muitos deles conseguem acesso e
incomodam-no. O pobrezinho não se preparou, convenientemente, para
libertar-se do jugo da carne e sofre muito pelos exageros da sensibilidade.
E muitoembora o abandono a que foi votado, tem o pensamento afetuoso em
execessiva ligação com aqueles que ama. Semelhante situação dificulta-nos
sobremaneira os esforços.
(...)
Transcorridos escassos minutos, ganhávamos o pórtico de notável , simples e
confortável edifício, em que se asilavam numerosas criancinhas, em nome de
Jesus. tratava-se de louvável instituição espiritista-cristã, onde se
sediava compacta legião de trabalhadores de nosso plano.
Bondoso ancião recebeu-nos afavelmente. Reconheci-o , jubiloso. Achava-se
ali , Bezerra de Menezes, o dedicado irmão dos que sofrem.
(...)
_ Jä esperavamos a comissão. Felizmente, porém, nossa querida Adelaide não
dará trabalho. O ministério mediúnico, o serviço incessante em benefício dos
enfermos, o amparo materno aos órfãos nesta casa de paz, aliados aos
profundos desgostos e duras pedradas que constituem abençoado ônus das
missões do bem, preparam-lhe a alma para esta hora...
(...)
_ Adelaide sempre foi leal discípula do Mestre dos Mestres. Apesar das
dificuldades dos espinhos e aflições, perseverou até ao fim.
(...)
_ Sei que é o termo da jornadda, meu venerável amigo - disse a médium, em
tom comovedor - e estou pronta - Desde muitos anos, rogo ao Divino Senhor me
revele o caminho. Não desejo adotar outros desígnios que não pertençam a
Ele, nosso Salvador, todavia...
(...)
_ Já sei. Você pensa nos parentes, nos amigos, nos órfãozinhos e nos
trabalhos que ficarão. Ó Adelaide! compreendo seu devotamento materno à obra
de amor que lhe consumiu a vida. Entretanto, você está cansada, muito
cansada e Jesus, Médico Divino de nossa alma, autorizou o seu repouso.
Confie a Ele as penas que lhe oprimem o espírito afetuoso. Deponha o
precioso fardo de suas responsabilidades em outras mãos, esvazie o cálice de
sua alma, alijando amarguras e preocupações, Converta saudades em esperanças
e desate os elos mais fortes, atendendo a ordem divina.
(...) Bezerra prosseguiu:
_ Sua grande batalha está terminando. Voc6e é feliz, minha amiga, muito
feliz, porque seu Espírito virá condecorado de cicatrizes, depois de
resistir ao mal durante muitos anos, como sentinela fiel, na fortaleza de fé
viva... Ensinou aos que lhe cercaram o caminho dtodas as lições do bem e da
verdade possíveis ao seu esforço... entregue parentes e afeições a Jesus e
medite, agora, na Humanidade, nossa abençoada e grande família. Quanto aos
serviços, confiados por algum tempo à sua guarda, estão fundamentalmente
afetos ao Cristo, que providenciará as modificações que julgue oportunas e
necessárias. Baste a você o júbilo do dever bem cumprido. Arregimente, pois,
as suas forças e não se entristeça, proque é chegado para seu coração o
prélio final... Coragem, muita coragem e fé!.
(...) "

Questões para nosso estudo:

01) Qual a necessidade de se programar tarefas? Por que?

02) Como entendermos a seguinte afirmativa: "Nos instantes de sono,
conduzi-los-emos até lá, para que se habituem lentamente com a idéia de
afastamento definitivo."?

03) Como compreendemos a seguinte assertiva: "Reencarnações e desencarnações
de modo geral, obedecem simplesmente à lei. "?

04) Vamos falar mais aprofundado sobre como ocorre a desencarnação? Como ela
se dá? de que forma? Quais os critérios? Como se dá a separação entre
corpo físico e Espírito?

05) Como entendermos a afirmativa:" A criatura pressupõe no amparo de
Deus o pretecionismo do sátrapa terrestre. Espera perpetuidade de favores
materialísticos, injustificável destaque entre os menos felizes, dominação e
louvor permanentes. Costuma aguardar serviço, estima e entendimento, mas
desdenha servir, estimar e entender, quando não seja em retribuição."?

06) O amparo espiritual se dá tão somente com aqueles que seguem ou entendem
o espiritismos, a comunicabilidade entre os mundos? Por que?

07) Como compreendermos a assertiva: "Não é médium com tarefa, na acepção
vulgar do
termo. É, porém, homem equilibrado, amante da meditação e da espiritualidade
superior e, em razão disso, desde a juventude tornou-se excelente
ministrador de energias magnéticas, colaborando conosco em relevantes
serviços de assistência oculta. "?

08) O que podemos entender e por que se dá prorrogação de tempo de
permanência na esfera carnal?

09) Como é se preparar convenientemente para a separação entre corpo
físico e Espírito?

10) Quais as lições que podemos apreender do capítulo estudado?

12 - Excursão de Adestramento

> Trechos do capítulo:
> "Nosso orientador sediara-nos a tarefa na Casa
> Transitópria de Fabiano, deliberando, porem, que as
> nossas atividades na Crosta tomassem como ponto de
> referência o lar coletivo de Adelaide, onde,
> realmente, os fatores espirituais eram mais valiosos."
> - "Aqui - esclarecera-nos de início - nos sentiremos à
> vontade. A organização é campo propício às melhores
> semeaduras do espírito e oferece-nos tranquilidade e
> segurança".
> .........
> "Diversas entidades amigas operavam na instituição,
> prestando assistência e cuidados. Encontrava ali um
> dos raros edifícios da Crosta, de tão largas
> proporções, sem criaturas perversas da esfera
> invisível.
> Semelhando-se à Casa Transitória, de onde vinhamos, a
> vigilância funcionava severa."
> ........
> "O padre Hipólito, Luciana e eu, em companhia de
> Irene, jovem colaboradora espiritual da casa,
> pusemo-nos em ação."
> "Em todos os compartimentos havia luz de nosso planos,
> indicando a abundância dos pensamentos salutares e
> construtivos de tosas as mentes que ali se entrelaçvam
> na mesma comunhão de ideal.
> Chegados à sala das reuniões populares, nossa nova
> amiguinha explicou:"
> -" Esta é a região do abrigo que nos força a serviço
> árduo. Receptáculo das emanações mentais e dos pedidos
> silenciosos de toda gente que nos visita, em
> assembleia públicas, somos obrigados, depois de cada
> sessão, a minuciosas atividades de limpeza. Como
> sabem, os pensamentos exercem vigoroso contágio e
> faz-se imprescindível isolar os prestimosos
> colaboradores de nossa tarefa, livrando-os de certos
> principios destruidores ou dissolventes."
> .......
> "Vislumbrava ali, porem, tão grande números de
> trabalhadores de nosso plano que, por momentos ,
> graves reflexões me afloravam o cérebro. Tanta gente a
> contribuir, apenas no sentido de amparar algumas
> dezenas de crianças desfavorecidas no campo material?
> Estabelecia paralelo entre a fundação de Adelaide e a
> Casa Transitória de Fabiano, notando singular
> diferença. Lá, os rigorosos serviços de sentinela, o
> gesto de energia, a atenção do pessoal, verificavam-se
> em virtude das nessecitades inadiáveis de certa
> quantidade de infelizes desencarnados, para os quais a
> caridade constituia lâmpada acesa indispensável à
> transformação interior. Aqui, porem, via somente
> criaturinhas tenras que reclamavam de imediato, acima
> de qualquer outra medida, leite e pão, primeiras
> letras e bons conselhos. Valeria, assim, o dispêndio
> de tanta energia de nossa esfera?
> A delicada colaboradora, apreendendo-me as indagações
> íntimas, ponderou:"
> -" Cumpre-nos reconhecer, todavia, que esta obra não
> se dedica exclusivamente às necessidades do estômago e
> do intelecto da infância desamparada. Os imperativos
> da evangelização preponderam aqui sobre os demais.
> Para infundir espiritualidade superior à mente humana
> urge aproveitar realizações como esta, já que é muito
> difícil obter espontâneo arejamento da esfera
> sentimental. Valemo-nos da casa, venerável em seus
> fundamentos de solidariedade cristã, como núcleo
> difusor de idéias salutares.
> A fundação é muito mais de almas que de corpos, muito
> mais de pensamentos eternos que de coisas
> transitórias.
> O diretor, o cooperador e o abrigado, recebendo as
> responsabilidades inerentes ao programa de Jesus,
> instintivamente se convertem nos instrumentos vivos da
> Luz de Mais Alto. Satisfazendo necessidades corporais,
> solucionando problemas espirituais. Entrelaçando
> deveres e dividindo-os com nossos irmãos encarnados,
> no setor de assisência, conseguimos criar bases mais
> sólidas à semeadura das verdades imorredouras.
> Realmente, as outras escolas religiosas não esqueceram
> de materializar a bondade em obras de alvenaria. A
> Igreja Católica Romana dispõe de institutos avançados,
> sob o ponto de vista material, abrigando a infância
> desfavorecida; entretanto, ai, as concepções
> espirituais não se desenvolvem, acanhadas que ficam
> nos moldes tirânicos dos dogmas obsoletos. O trabalho,
> pois, na maioria dos casos, circunscreve-se ao simples
> armazenamento de pão efêmero. As Igrejas Protestantes
> possuem, por sua vez, grandes colégios e congregações,
> distribuindo valores educativos com a juventude;
> todavia, suas organizações se baseiam, quase sempre
> mais na letra dos conceitos evangélicos que nos
> conceitos evangélicos da letra..."
> "Irene sorriu, fez ligeiro intervalo e continuou:"
> "Não desejamos menosprezar os serviços admiráveis dos
> aprendizes do Evangelho nos variados campos
> religiosos. Todos são respeitáveis, se levados a
> efeito pelo devotamento do coração. Desejamos apenas
> destacar os valores iluminativos."
> .......
> "Dentro de nosso esforço - prosseguiu Irene, com
> lhanesa - , o imperativo primordial consiste na
> iluminação do espírito humano com vistas à eternidade.
> Urge, no entanto, compreender que, para obtenção do
> desiderato, é imprescindível "fazer alguma coisa".
> Onde todos analisam, admiram ou discutem não se
> levantam obras úteis. Por isso, nossos Mentores da
> Vida Divina apreciam o servo pela dedicação que se
> manifeste à responsabilidade. O necessitado, o
> beneficiário, o crente e o investigador virão sempre a
> nossos centros de organização da doutrina. E toda vez
> que exercitem o serviço cristão pela mediunidade
> ativa, pela assistência fraterna, pelos trabalhos de
> solidariedade comum, quaisquer que sejam, apresentam
> caracteres mais positivos de renovação, porque a
> responsabilidade na realização do bem, voluntariamente
> aceita, transforma-se em traços animados entre dois
> mundos - o que dá e o que recebe. Como vêem, a luz
> divina prevalece sobre a benemerência humana, porque
> esta, sem aquela, pode muitas vezes degenerar em
> personalismo devastador, comprendendo-se, todavia, em
> qualquer tempo, que a fé sem obras é irmã das obras
> sem fé."
> "Continuou Irene, em sua brilhante argumentação,
> ensinando-nos, vivaz, a ciência da fraternidade e do
> entendimento construtivo.
> Ouvindo-a , percebi, acima de toda preocupação
> individualista, que a difusão da luz espritual na
> Crosta Terrestre não é ação milagrosa, mas esificação
> paciente e progressiva."
> ......
> "Caira a noite e continuávamos em companhia da
> estimada irmã que nos apresentava a instituição,
> comentando-lhe, com oportunidade e sabedoria, o
> salutar programa.
> Observamos os serviços espirituais que se preparavam,
> ante a noite próxima."
> ......
> "Refundi minha apreciação inicial, enxergando mais uma
> vez, naquele instituto, abençoada escola de
> espiritualidade superior, pelo ensejo de semeadura
> divina que proporcionava aos missoinários de luz.
> Decorrido longo tempo, já noite fechada, o Assistente
> Jerônimo convocou-nos ao serviço."
> ......
> "Apos ouvir a nova amiguinha, que se colocava à nossa
> disposição para qualquer concurso fraterno, recomendou
> a Luciana e a Irene trouxessem a irmã Albina, ao passo
> que o padre Hipólito e eu deveríamos conduzir Dimas,
> Fábio e Cavalcante àquele compartimento, de onde
> seguiriamos para Casa Transitória de Fabiano, em
> excursão de aprendizado e adestramento.
> Ambos os grupos partimos em direção diversa".
> ......
> "Hipólito interrogou-me bem humorado:
> - Já participara voce de serviço igual ao de hoje?
> Confessei que não, rogando-le esclarecimento.
> - É fácil. Os que se aproximam da desencarnação, nas
> moléstias prolongadas, comumente se ausentam do corpo,
> em ação quase mecânica. Os familiares terrestres, por
> sua vez, cansados de vigilias, tudo fazem por rodear
> os enfermos de silêncio e cuidado. Desse modo, não é
> dificil afastá-los para a tarefa de preparação.
> Geralmente, estão hesitantes, enfraquecidos,
> semi-inconciêntes, mas nosso auxilio magnético
> resolverá o problema. Conservar-nos-emos nas
> extremidades, segurando-lhes as mãos e, impulsionados
> por nossa energia, volitaram conosco, sem maiores
> impedimentos.
> ... Em breve, penetrávamos a modestia residência de
> Dimas. Aliviado por injeção repousante,não encontramos
> dificuldade para subtraí-lo à atenção dos parentes.
> ......
> ...De mãos dadas os três, rumamos para o Rio, em busca
> da moradia de Fábio.
> Não se registraram obstáculos e, em reduzidos
> instântes, tomamo-lo à nossa conta.
> .....
> Ia tomar o caminho do hospital, de modo a procurar o
> terceiro, quando Hipólito ponderou:
> - Não convem conduzir todos de uma vez. Cavalcante
> permanece em grave desepuilíbrio, exigindo cooperação
> mais substâncial. Em vista disso, buscá-lo-emos na
> segunda viagem.
> De regresso à camara de Adelaide, encontramos os
> demais à nossa espera.
> Sem perda de tempo, demandamos a grande casa de saúde,
> em busca de Cavalcante.
> O doente mostrava-se muito aflito.
> .....
> Após trabalho ingente de magnetização do vago e em
> seguida à ministração de certos agentes
> anestesiantes, destinados a propiciar-lhe brando sono
> retiramo-lo do corpo, que permaneceu sob os cuidados
> de Bonifácio.
> Em minutos rápidos, punhamo-nos de regresso.
> .......
> O Assistente organizou a corrente magnética tomando
> posição guiadora.
> ......
> Congregávamo-nos todos nós os componentes da missão
> socorrista - os enfermos e mais seis amigos desses
> últimos, detentores de elevados conhecimentos.
> Em pequena sala posta à nossa disposição, Gustavo, por
> gentileza, aplicou vigorosos recursos fluidicos em
> nossos tutelados, que os receberam como crianças
> incapacitadas de imediato julgamento .
> Em seguida o prestimoso Jerônimo tomou a palavra e
> dirigiu-se a eles, comentando:
> - Amigos, o concurso desta noite não se destina à cura
> do copo grosseiro, posto agora a distância pela
> necessidades do momento. Tentamos revigorar-vos o
> organismo espiritual, preparando-vos o desligament
> definitivo, sem alarmes de dor alucinatória. Devo
> confessar-vos que, retomando o vaso físico,
> experimentareis natural piora de vossas sensações,
> agravando-se-vos a tortura, porque os remédios para a
> alma, na presente situação, intensificam os males da
> carne. Certificais-vos, portanto, de que as
> providências desta hora constituem ajuda efetiva à
> libertação. De retorno ao antigo ninho doméstico,
> encerrada esta primeira excursão de adestramento,
> encontrareis mais tristeza no terreno da Crosta, mais
> angustia nas células físicas, mais inquietude no
> coração, porque a vossa mente, no processo das
> recordações instintivas, terá fixado, com maior ou
> menor intensidade, o contentamento sublime deste
> instante. Preparai-vos, pois, para vir até nosl;
> solucionai os derradeiros problemas terrestres e
> confiai na Proteção Divina.
> ........
> Com efeito, os companheiros recebiam parcialmente o
> alentador aviso.
> ........
> Dentre os espiritistas, Adelaide e Fábio entregavam-se
> à reserva feliz da oração, mas Dimas, embriagado de
> felicidade pelo provisório alívio, abeirou-se,
> curioso, do padre Hipólito e inquiriu se a zona
> representava alguma dependência venturosa de Marte. O
> ex-sarcedote esboçou largo sorriso e respondeu:
> - Não, meu amigo, isto aqui ainda é a Terra mesma.
> Estamos longe dos outros planetas...
> Antes de nossas considerações, talvez desnecessárias,
> Jerônimo interveio, acrescentando:
> - O plano impressivo da mente grava as imagens dos
> preconceitos e dogams religiosos com singular
> consistência. A transformação compulsória , pelo
> decesso, reintegrará a criatura no patrimônio de suas
> faculdades superiores. O trabalho, prem, não pode ser
> brusco , sob pena de ocasionar desastres emocionais de
> graves consequências. Urge considerar a necessidade da
> medida, isto é, da gradação. Há, contudo, observação
> valiosa a destacar. Como vemos , não é a rotulagem
> externa que socorre o crente nas suas supremas horas
> evolutivas. E justamente a sementeira do esforço
> próprio, nos serviços da sabedoria e do amor, que
> frutifica, no instante oportuno, através de
> providências intercessórias ou de compensações
> espotâneas da lei que manda entregar as respostas do
> Céu "a cada um por suas obras". Todo lugar do
> Universo, portanto, pode ser convertido em santuário
> de luz eterna, desde que a execução do Divino Designos
> seja a alegria de nossa própria vontade.
> Finda a colheita de preciosos ensinamentos, começamos
> a regressar, terminando, assim a nossa feliz excursão.
>
>
> Questões para estudo:
>
> 1) Porque o Lar coletivo de Adelaide era considerado
> um vasto celeiro de bençãos?
>
> 2) Porque em todos os compartimentos do Lar coletivo
> de Adelaide, haviam Luz do plano espiritual?
>
> 3) O que Irene quiz dizer com a afirmação: Como sabem,
> os pensamentos exercem vigoroso contágio ...
>
> 4) "Tanta gente a contribuir, apenas nos sentido de
> amparar algumas dezenas de crianças desfavorecidas no
> campo materia? Valeria, assim, o desperdício de tanta
> energia de nossa esfera?" Diante dessas interrogações
> de André, quais foram as ponderações de Irene?
>
> 5) Irene nos dá uma brilhante argumentação,
> ensinado-nos a ciência da fraternidade. Cite tais
> argumentações e o seu entendimento.
>
> 6) Começa o trabalho de preparação para o desligament
> definitivo de Dimas, Fábio, Cavalcante, Albina e
> Adelaide. O que Jerônimo quiz dizer com a afirmação:"
> A transformação compulsória, pelo decesso, reintegrará
> a criatura no patrimônio de suas faculdades
> superiores."
>
> 7) Jerônimo afirma que: "..., não é a rotulagem
> externa que socorre o crente nas supremas horas
> evolutivas." Então, o que seria ?
>
> 8) O que voce entende da seguinte colocação: "A
> difusão da luz espiritual na Crosta Terrestre não é
> ação milagrosa, mas edificação paciente e
> progressiva".
>
>
> Biografia
> - Lvro dos Espíritos - cap VIII
> - Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulos
> 13,15,17,18,20.
>

13 - Companheiro Libertado

Este capítulo descreve o processo desencarnatório de Dimas. Como é um
capítulo extenso, selecionamos o que julgamos as principais passagens.

"Depois de vários preparativos, Jerônimo articulou providências referentes à
desencarnação de Dimas, cuja posição era das mais precárias.(...)
Compreendia, mais uma vez, que há tempo de morrer, como há tempo de nascer.
Dimas alcançara o período de renovação e, por isso, seria sub-traído à forma
grosseira, de modo a transformarse para o novo aprendizado. Não fora
determinado dia exato. Atingira-se o tempo próprio. (...)
- Prezado Assistente - indaguei - Poderá, todavia, informar-me se Dimas
desencarnará em ocasião adequada? Viveu ele toda a cota de tempo suscetível
de ser aproveitada por seu Espirito na Crosta da Terra? completou a relação
de serviços que o trouxera ao renascimento?
- Não - respondeu o interpelado, com firmeza -, não chegou a aproveitar todo
o tempo prefixado.
- Oh! - considerei, levianamente - terá sido. como fui, suicida
inconsciente?
- Não, André, nosso amigo não é suicida.
Fixando-o, algo confundido, tornei a perguntar:
- Mas se Dimas não aproveitou todo o tempo de que dispunha, não terá também
desperdiçado a oportunidade, como aconteceu a mim mesmo?
Meu interlocutor estampou no semblante leve sorriso e acentuou, compassivo:
- Não conheço seu passado, André, e acredito que as melhores intenções terão
movido suas atividades no pretérito. A situação do amigo a que nos
referimos, porém, é muito clara. Dimas não conseguiu preencher toda a cota
de tempo que lhe era lícito utilizar, em virtude do ambiente de sacrifício
que lhe dominou os dias, na existência a termo. Acostumado, desde a
infância, à luta sem mimos, desenvolveu o corpo, entre deveres e abnegações
incessantes. Desfavorecido de qualquer vantagem material no principio,
conheceu ásperas obrigações para ganhar a intimidade com as leituras mais
simples. Entregue ao serviço rude, no verdor da mocidade, constituiu a
família, pingando suor no sacrifício diário. Passou a vida em submissão a
regulamentos, conquistando a subsistência com enorme despesa de energia.
Mesmo assim, encontrou recursos para dedicar-se aos que gemem e sofrem nos
planos mais baixos que o dele. Recebendo a mediunidade, colocou-a a serviço
do bem coletivo. Conviveu com os desalentados e aflitos de toda sorte. E
porque seu espírito sensível encontrava prazer em ser util, e em razão dos
necessitados guardarem raramente a noção do equilíbrio, sua existência
converteu-se em refúgio de enfermos do corpo e da alma. Perdeu, quase
integralmente, o conforto da vida social, privou-se de estudos edificantes
que lhe poderiam prodigalizar mais amplas realizações ao idealismo de homem
de bem e prejudicou as células físicas, no acúmulo de serviço obrigatório e
acelerado na causa do sofrimento humano. Pelas vigílias compulsórias, noite
a dentro, atenuou-se-lhe a resistência nervosa; pela inevitável
irregularidade das refeições, distanciou-se da saúde harmoniosa do estômago;
pelas perseguições gratuitas de que foi objeto, gastou fosfato
excessivamente e, pêlos choques reiterados com a dor alheia, que sempre lhe
repercutiu amargamente no coração, alojou destruidoras vibrações no fígado,
criando afecções morais que o incapacitaram para as funções regeneradoras do
sangue. E' verdade que não podemos louvar o trabalhador que perde qualquer
órgão fundamental da vida física em atrito com as perturbações que
companheiros encarnados criam e incentivam para si mesmos; no entanto faz se
preçiso considerar as circunstâncias em jogo.... Dunas poderia receber, com
naturalidade, semelhantes emissões destrutivas, mantendo-se na serenidade
intangível do legítimo apóstolo do Evangelho. Todavia, não se organiza de um
dia para outro o anteparo psíquico contra o bombardeio dos raios
perturbadores da mente alheia, como não é fácil improvisar cais seguro ante
o oceano em ressaca. Cercado de exigências sentimentais, subalimentado,
maldormido, teve as reiteradas congestões hepáticas convertidas na cirrose
hipertrófica, portadora da desintegração do corpo.
- Segundo observamos, há existências que perdem pela extensão, ganhando,
porém, pela intensidade.
(...)
Alguns amigos desencarnados velavam, atentos.
Iluminada entidade que evidenciava grande interesse pelo agonizante,
acercou-se do Assistente, indagando se o decesso fora marcado para aquele
dia.
- Sim - esclareceu o interpelado -, a resistência orgânica terminou. Estamos
autorizados a aliviá-lo, o que faremos boje, alijando-lhe o fardo pesado de
matéria densa.
A interlocutora consultou-o, ainda, sobre a oportunidade de reunir ali
alguns beneficiados da missão cumprida pelo moribundo, que lhe desejavam
testemunhar carinhoso apreço, no derradeiro dia carnal.
- Minha amiga compreende as dificuldades inerentes ao assunto - respondeu o
nosso dirigente com gentileza. - Se Dimas estivesse plenamente senhor das
emoções, não surgiria inconveniente algum. Entretanto, ele permanece agora
sob agitações psíquicas muito fortes. Conhece o fim próximo do aparelho
carnal, mas não pode esquivar-se, de súbito, às algemas domésticas. Teme o
futuro dos seus, conserva-se em total descontrole dos nervos e enlaça-se nas
emissões de inquietude da esposa e doa filhos. Cremos ser inoportuna essa
visita compacta, no decorrer das atividades da desencarnação, mesmo em se
tratando dos melhores amigos do doente, para que se lhe não agrave o
descontrole mental.
(...)
O transe era, sem dúvida, melindroso. A esposa do médium, ao pé dele, não
obstante prolongadas vigílias e sacrifícios estafantes, que a expressão
fisionómica denunciava, mantinha-se firme a seu lado, olhos vermelhos de
chorar, emitindo forças de retenção amorosa que prendiam o moribundo em
vasto emaranhado de fios cinzentos, dando-nos a impressão de peixe
encarcerado em rede caprichosa.
Jerônimo apontou-a, bondoso, e explicou:
- Nossa pobre amiga é o primeiro empecilho a remover. Improvisemos
temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar-lhe a mente aflita.
Somente depois de semelhante medida conseguiremos retirá-lo, sem maior
impedimento. As correntes de força exteriorizadas por ela, infundem vida
aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de
desintegração.
(...)
Reparei que o moribundo se encontrava já em dolorosas condições. Plenamente
desorganizado, o fígado começava definitivamente a paralisar suas funções. O
estômago, o pâncreas e o duodeno apresentavam anomalias estranhas. Os rins
pareciam praticamente mortos. Os glomérulos prendiam-se aos ramos arteriais
como pequeninos botões arroxeados; os tubos coletores, enrijecidos,
prenunciavam o fim do corpo. Sintomas de gangrena pesavam em toda a
atmosfera orgânica. O que mais impressionava, porém, era a movimentação da
fauna microscópica. Corpúsculos das mais variadas espécies nadavam nos
líquidos acumulados no ventre, concentrando-se particularmente no ângulo
hepático, como a buscarem alguma coisa, com avidez, nas vizinhanças da
vesícula.
O coração trabalhava com dificuldade. Enfim, o enfraquecimento atingira o
auge.
- Precisamos fornecer-lhe melhoras fictícias - asseverou o dirigente de
nossas atividades -, tranquilizando-lhe os parentes aflitos. A câmara está
repleta de substâncias mentais torturantes.
(...)
O Assistente distribuiu trabalho a todos nós. Hipólito e Luciana, depois de
tecerem uma rede fluídica de defesa, em torno do leito, para que as
vibrações mentais inferiores fossem absorvidas, permaneceram em prece ao
lado, enquanto eu mantinha a destra sobre o plexo solar do agonizante.
- Iniciaremos, agora, as operações decisivas - declarou-nos Jerônimo,
resoluto -, antes, porém, forneçamos ao nosso amigo a oportunidade da oração
final.
O Assistente tocou-o, demoradamente, na parte podetrior do cérebro. Vimos
que o agonizante passou a emitir pensamentos luminosos e belos. Não nos via,
nem nos ouvia, de maneira direta, mas conservava a intuição clara e ativa.
(...)
Seus olhos deixaram escapar lágrimas abundantes.
Após breves minutos, observamos que o agonisante recordava a meninice
distante. Na tela miraculosa da memória, revia o colo materno e sentia sede
do carinho de mãe. Oh! se pudesse contar com o socorro da abençoada velhinha
que a morte arrebatara há tantos anos! - refletia. Premido pelas doces
reminiscências, modificou o quadro da , súplica, lembrou a cena da
crucificação de Jesus, / insistiu mentalmente por vislumbrar o vulto sublime
de Maria e, sentindo-se de joelhos, diante dela, implorou:
- Mãe dos céus, mãe das mães humanas, refúgio dos órfãos da Terra, sou
agora, também, o menino frágil com fome do afeto maternal nesta hora
suprema! Oh! Senhora Divina, mãe de meu Mestre e de meu Senhor, digna-te
abençoar-me! Lembra que teu filho divino pôde ver-te no derradeiro instante
e intercede por mim, mísero servo, para que eu tenha minha santa mãe ao meu
lado
no minuto de partir!... Socorre-me! não me abandones, anjo tutelar da
Humanidade, bendita entre as mulheres!
Oh! providência maravilhosa do Céu! Convertera-se o coração do moribundo em
foco radioso e a porta de acesso deu entrada a venerável anciã, coroada de
luz semelhando neve luminosa. Ela se aproximou de Jerônimo e informou, após
desejar--nos a paz divina:
- Sou a mãe dele...
(...)
Dimas, experimentando indefinível bem-estar no regaço materno, parecia
esquecer, agora, todas as mágoas, sentindo-se amparado como criança
semi-inconsciente, quase feliz. Ordenou Jerônimo que me conservasse
vigilante, de mãos coladas à fronte do enfermo, passando, logo após, ao
serviço complexo e silencioso de magnetização. Em primeiro lugar,
insensibilizou inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas
vísceras. A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou o sistema
nervoso simpático, neutralizando, mais tarde, as fibras inibidoras no
cérebro. Descansando alguns segundos, asseverou:
- Não convém que Dunas fale, agora, aos parentes. Formularia, talvez,
solicitações descabidas. Indicou o desencarnante e comentou, sorrindo:
- Noutro tempo, André, os antigos acreditavam que entidades mitológicas
cortavam os fios da vida humana. Nós somos Parcas autênticas, efetuando
semelhante operação...
E porque eu indagasse, tímido, por onde iríamos começar, explicou-me o
orientador:
- Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam
extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo,
ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro
emocionai, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o .centro
mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.
(...)
Aconselhando-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do
moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que
localizavam forças tísicas. Com espanto, notei que certa porção de
substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram-se os
membros inferiores, com sintomas de esfriamento. Dimas gemeu, em voz alta,
semi-inconsciente.
Acorreram amigos, assustados. Sacos de água quente foram-lhe apostos nos
pés. Mas, antes que os familiares entrassem em cena, Jerônimo, com passes
concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular
no centro emotivo operando sobre determinado ponto do coração, que passou a
funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância
desprendia-se do corpo, do epigastro à garganta, mas reparei que todos os
músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-se à
líbertacão das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando
angustiosa aflição ao paciente. O campo físico oferecia-nos resistência,
insistindo pela retenção do senhor espiritual.
Com a fuga do pulso, foram chamados os parentes e o médico, que acorreram,
pressurosos. No regaço maternal, todavia, e sob nossa influenciação direta,
Dimas não conseguiu articular palavras ou concatenar raciocínios.
Alcançáramos o coma, em boas condições. Õ Assistente estabeleceu reduzido
tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa.
Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal. Jerônimo
quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias, e brilhante chama
violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo,
instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada.
Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá-la, com rigor.
Em breves instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de
movimento plasticizante. Â chama mencionada transformou-se em maravilhosa
cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação, consituindo-se,
apôs ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a
traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso olhar, a luz
violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente, até
desaparecer, de todo, como se representasse o conjunto dos princípios
superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a um único ponto,
espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo
perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos, das
novas dimensões vibratórias.
Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas
ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil
elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de
matéria rarefeita do organismo liberto.
A genitora abandonou o corpo grosseiro, rapidamente, e recolheu a nova
forma, envolvendo-a em túnica de tecido muito branco, que trazia consigo.
Para os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós
outros, porém, a operação era ainda incompleta. O Assistente deliberou que o
cordão fluidico deveria permanecer até ao dia imediato, considerando as
necessidades do "morto", ainda imperfeitamente preparado para desenlace mais
rápido.
(...)
Jerônimo confiou o recém-desencarnado àquela que lhe fora desvelada mãezinha
no mundo físico:
- Minha irmã pode conservar o filho à vontade até amanhã, quando cortaremos
o fio derradeiro que o liga aos despojos, antes de conduzi-lo a abrigo
conveniente. Por enquanto, repousará ele ; na contemplação do passado, que
se lhe descorti na em visão panorâmica no campo interior. Além disso, acusa
debilidade extrema após o laborioso esforço do momento. Por essa razão,
somente poderá partir, em nossa companhia, findo o enterramento dos
envoltórios pesados, aos quais se une ainda pêlos últimos resíduos.
A anciã agradeceu com emoção e, dando a entender que lhe respondia às
arguições mentais, o Assistente concluiu:
- Convém montar guarda aqui, vigilante, para que os amigos apaixonados e os
inimigos gratuitos não lhe perturbem o repouso forçado de algumas horas."

Questões para estudo:

1) Como podemos interpretar a afirmação de André Luiz: "Há tempo de nascer,
como há tempo de morrer" ?

2) Por que Dimas, embora não sendo um "completista" (ou seja, não
completando o tempo fixado para a encarnação) não era considerado um
suicida?

3) Por que Jerônimo não permitiu que os outros espíritos amigos de Dimas se
reunissem com ele antes da desencarnação?

4) De que forma os familiares podem prejudicar o processo desencarnatório de
um ente querido?

5) Por que Jerônimo provocou melhoras fictícias em Dimas?

6) O processo de recordação do passado é uma situação comum durante a
desencarnação. Em que momento isso ocorreu com Dimas?

7) Quais as 3 regiões orgânicas sobre as quais atuou Jerônimo no processo
desencarnatório?

8) O que representa, na sua opinião, a "chama violeta-dourada" que se
desligou da caixa craniana?

9) Por que era necessário montar guarda para proteção de Dimas-desencarnado?

14 - Prestando Assistência

"Meus companheiros de missão pareciam menos interessados em seguir o caso
Dimas, durante a noite, (...)
Não se verificava o mesmo quanto a mim...
Desembaraçando-me dos laços físicos, noutro tempo, não conseguira efetuar
observações educativas para o meu acervo de conhecimentos. O choque
sensorial no transe, para a minha personalidade, ainda desatenta ante as
questões do espírito eterno, impedira-me a análise minuciosa do assunto.
Agora, porém, a oportunidade poderia fazer mais luz em minhalma, quanto à
posição dos recém-desencarnados, antes da inumação do envoltório grosseiro.
(...)
Entrei, A casa enchia-se de amigos e simpatizantes , encarnados e
desencarnados. Não se articulavam quaisquer serviços de defesa. Notei que
havia trânsito livre pelos grupos de variadas procedências.
(...)
_ Sempre tive por Dimas sincera admiração, pelo proveitoso concurso que
soube oferecer-nos. Integro a comissão espiritual de serviço que vem
atendendo aos necessitados, por intermédio dele, nos últimos seis anos. Foi
sempre assíduo nas obrigações, bom companheiro, leal irmão.
Surpreso com as referências, indaguei:
_ Há, desse modo, comissões de colaboração permanente para os médiuns em
geral?
_ Não me reporto à generalidade - retorguiu o interlocutor - , porque a
mediunidade é título de serviço como outro qualquer. E há pessoas que pugnam
pela obtenção dos títulos, mas desestinam as obrigações que lhes
correspondem. Gostariam, por certo, do intercâmbio com o nosso plano, mas
não cogitam de finalidades e responsabilidades. Em vista disso não se
estabelecem conjuntos de cooperação para os médiuns em geral, mas apenas
para aqueles que estejam dispostos ao trabalho ativo. Há muitos aprendizes
que não ultrapassam a fronteira da tentativa, da observação. Desejariam o
caminho bem aplainado, exigindo a convivência exclusiva dos Espíritos
genuinamente bondosos. Experimentam a luta construtiva, através de sondagens
superficiais e, à primeira dificuldade, abandonam compromissos assumidos. A
aquisição da fortaleza moral não prescinde das provas arriscadas e
angustiosas. Entretanto, em face das exigências naturais do aprendizado,
dizem-se feridos na dignidade pessoal. Não suportam a aproximação de
infelizes encarnados ou desencarnados , estacionando à menor picada de dor.
Para semelhantes experimentadores, seria extremamente difícil a formação de
equipes eficientes, representativas de nosso plano. Não se sabe quando estão
dispostos a servir. Se recebem faculdades intuitivas, pedem incorporação; se
contam com a vidência, querem a possibilidade de exteriorizar fluidos vitais
para os fenômenos de materialização.
(...)
Por que se formara expedição destinada a socorro de servidor que dispunha de
amigos de tamanha competência moral? (...)
(...)
_ Não obstante nossa amizade ao médium, não nos foi possível acompanhar-lhe
o transe. Temos delegação de trabalho, mas, no assunto, entrou em jogo a
autoridade de superiores nossos, que resolveram proporcionar-lhe repouso, o
que não nos seria possível prodigalizar-lhe, caso viesse diretamente para a
nossa companhia.
(...)
_ Nem todas as desencarnações de pessoas dignas contam com o amparo de
grupos socorristas?
_ Nem todas -(...) , todos os fenômenos do decesso contam com o amparo da
caridade afeta às organizações de assistência indiscriminada; no entanto, a
missão especialista não pode ser concedida a quem não se distinguiu no
esforço perseverante do bem.
(...)
_ Vamos que Dimas estivesse em ligação recente com a sua comissão de
trabalho e desencarnasse sem o cuidado dum grupo socorrista: seria deixado à
mercê das cirscunstâncias?
Riu-se Fabriciano, com franqueza, e retrucou:
_ Isso poderia acontecer. Temos precedentes. De maneira geral, ocorrem
semelhantes casos com os trabalhadores aflitos por conseguir de qualquer
modo a desencarnação, alegando, necessidades de repouso. Muitas vezes, no
fundo, são criaturas bondosas, mas menos lógicas e pouco inteligentes. Na
semana finda, por exemplo, observamos um caso dessa natureza. respeitável
senhora, jovem, ainda, pelas disposições sadias que demonstrou no campo da
benemerêncoia social, foi ligada a dedicada corrente de serviço, organizada
por amigos nossos. Verificando-se, contudo, pequenas rusgas entre ela e o
esposo, e tendo conhecimento da imortalidade da vida, além do sepulcro,
desejou a pobre criatura ardentemente morrer. Tolas leviandades do amrido
bastaram para que maldissesse o mundo e a humanidade. Não soube quebrar a
concha ddo personalismo inferior e colocar-se a caminho da vida maior. pela
cólera, pela intemperança mental, criou a idéia fixa de libertar-se do corpo
de qualquer maneira, embora sem utilizar o suicidio direto. Conhecia os
amigos espirituais a que se havia unido, mas, longe de assimilar-lhes
ajuizadamente os conselhos, repelia-lhes as advertências fraternas para
aceitar tão somente as palavras de consolação que lhe eram agradáveis,
dentre as admoestações salutares que lhe endereçavam. E tanto pediu a morte,
insistindo por ela, entre a mágoa e a irritação persistentes, que veio a
desencarnar em manifestação de icterícia complicada com simples surto
gripal. Tratava-se de verdadeiro suicidio inconsciente, mas a senhora, no
fundo, era extraordinariamente caridosa e ingênua. Não se recebeu qualquer
autorização para conceder-lhe descanso e muito menos auxílio especial. Os
benfeitores de nossa esfera, apesar de eficiente intercessão em benefício da
infeliz, somente puderam afastá-la das vísceras cadavéricas, há dois dias,
em condições impressionantes e tristes. Não havendo qualquer determinação de
assistência particularizada, por parte das autoridades superiores, e porque
não seria aconselhável entregá-la ao sabor da própria sorte, em face das
virtudes potenciais de que era portadora, o diretor da comissão de serviçom
a que se filiara a imprevidente amiga, recolheu-a, por espírito de
compaixão, em plena luta, e ela se foi, de roldão, a trabalhar por aí,
ativamente, em condições muito mais sérias e complicadas.
(...)
_ Não frutifica a paz legítima sem a semeadura necessária. Alguém, para
gozar o descanso precisa, antes de tudo, merecê-lo. As almas inquietas
entregam-se facilmente ao desespero, gerando causas de sofrimento cruel.
(...)
_ Nosso amigo repousa agora, terminada a ormenta das provas incessantes.
Está enfraquecido , o pobrezinho. A sensibilidade, posta a serviço da
obrigação bem cumprida, castigou-lhe a alma, até ao fim; todavia, plantou a
fé, a serenidade , o otimismo e a alegria em milhares de corações,
estabelecendo sólidas causas de felicidade futura. Por enquanto, permanecerá
na posição de ave frágil, incapaz de voar longe do ninho.
(...)
_ Se fosse possível receber maior cooperação dos amigos encarnados,
ser-lhe-ia muito mais fácil o restabelecimento integral. No entanto, cada
vez que os parentes se debruçam, em pranto, sobre os despojos, é chamado ao
cádaver, com prejuízo para a restauração mais rápida.
_ Lamentavelmente, porém, (...) nossos irmãos encarnados não possuem a chave
de reais conhecimentos para organizar ação adequada a esta hora.
_ Em vista disso (...) insisto para que Dimas durma, embora o sono, que
poderia ser calmo e doce, esteja povoado de pesadelos.
Diante da surpresa que me absorvia, o companheiro apressou-se a
esclarecer-me:
_ As imagens contidas nas evocações das palestras incidem sobre a mente do
desencarnado, amntido em repouso depois de rápido mergulho na contemplação
dos fatos alusivos à existência finda. Não somente as imagens. Por vezes
nossos amigos presentes, fecundos nas conversações sem proveito , exumem,
com tamnho calor, a lembrança de certos fatos, que trazem até aqui alguns
dos protagonistas já desencarnados.
(...)
_ Espero alguns minutos na sala contígua, onde os despojos recebem a
visitação.
(...)
Ao pé do cadáver, propriamente considerado, os amigos sustentavam reserva e
circunspenção. A poucos passos, todavia, davam-se asas ao anedotário
vibrante, em torno do amigo em trânsito para o "outro mundo". pequenas e
grandes ocorrências da vida do "morto" eram lembradas com graça e
vivacidade.
(...)
Todavia, no estado atual da educação humana, é muito difícil alimentar, por
mais de cinco minutos, conversação digna e cristalina, numa assembléia
superior a três criaturas encarnadas.
(...)
O Cavalheiro , insciente dos problemas do espírito, enunciou nomes,
relacionou datas e lembrou brejeiramente certos pormenores, prosseguindo com
maliciosa jocosidade:
(...)
Nesse momento, horrível figura, seguida de outras, não menos mosntruosas,
surgiu de inesperado. Acercando-se do leviano comentador, ouviu-lhe, ainda
as últimas palavras e sacudiu-o e gritou:
(...)
O narrador não enxergava o que eu via, mas seu corpo foi atingido por
involuntário estremeção, que arrancou abafado riso dos presentes.
Logo após, o homicida desencarnado, atraído talvez pelo cheiro forte das
flores reunidas na eça improvisada, teve a perfeita noção do velório.
Abalou-se precipitado, pondo-se na contemplação do morto.
Reconheceu-o, estampou um gesto de profunda surpresa, ajoelhou-se e gritou:
_ Dimas, Dimas, pois também tu vens para a verdade?! (...)
Mas Fabriciano surgiu inesperadamente e ordenou aos invasores afastamento
imediato.
(...)
_ Garanto que este grupo entrou nesta casa por invocação direta.
Narrei-lhe , impressionado, o que vira.
(...)
_ A observação, feita por nós mesmos, é sempre mais valiosa. Dimas, não
obstante dedicado à causa do bem e compelido a grande esfroço de cooperação
na obra coletiva, descuidou-se de incentivar a prática metódica da oração em
família no santuário doméstico. Por isso tem defesas pessoais, mas a
residência conserva-se à mercê da visitação de qualquer classe.
(...)
_ Nosso amigo recém-liberto terá ouvido a súplica do irmão desventurado?
_ Geme sob terrível epsadelo, nos braços maternos - (...) - ao recordar o
fato relatado. Desde alguns minutos acompanhamos a agitação dele, reparando
que recebia choques desagradáveis, através do córdão final.
(...)
_ (...) As forças mentais estão revestidas de maravilhoso poder.
(...)
_ Nossos amigos da esfera carnal são ainda muito ignorantes para o trato com
a morte. Ao invés de trazerem pensamentos amigos e reconfortadores, preces
de auxílio e vibrações fraternais, atiram aos recém-desencarnados as pedras
e os espinhos que deixaram nas estradas percorridas.É por isso que, por
enquanto, os mortos que entregam despojos aos solitários necrotérios da
indigência são muito mais felizes.
(...)"

Questões para iniciarmos nosso estudo:

01) Como pode ser a posição do recém-desencarnado antes da inumação do
envoltório grosseiro?

02) Qual o papel da responsabilidade diante de um trabalho assumido?

03) Como deve ser encarada a mediunidade? Por que?

04) Qual a diferença entre o "amparo da caridade afeto às organizações de
assistência indiscriminada"e a "missão especializada"?

05) Como se dá e qual a consequência do desejo, da criação mental de uma
vontade?

06) Qual deve, ou deveria ser, a atitude nossa perante um velório? Por que?

07) O Desencarnado sente as ocorrências do velório de seu corpo físico? Se
positivo, como se dá esse sentir e qual sua consequência?

08) Como entendemos as seguintes afirmativas:

08.a) "Não se articulavam quaisquer serviços de defesa. Notei que
havia trânsito livre pelos grupos de variadas procedências "

08.b) "E há pessoas que pugnam
pela obtenção dos títulos, mas desestinam as obrigações que lhes
correspondem. "

08.c)"Não frutifica a paz legítima sem a semeadura necessária. Alguém, para
gozar o descanso precisa, antes de tudo, merecê-lo. As almas inquietas
entregam-se facilmente ao desespero, gerando causas de sofrimento cruel."

08.d)"insisto para que Dimas durma, embora o sono, que
poderia ser calmo e doce, esteja povoado de pesadelos."

08.e)"Todavia, no estado atual da educação humana, é muito difícil
alimentar, por
mais de cinco minutos, conversação digna e cristalina, numa assembléia
superior a três criaturas encarnadas."

08.f)"A observação, feita por nós mesmos, é sempre mais valiosa."

08.g)"... Dimas, não obstante dedicado à causa do bem e compelido a grande
esfroço de cooperação na obra coletiva, descuidou-se de incentivar a prática
metódica da oração em família no santuário doméstico. Por isso tem defesas
pessoais, mas a
residência conserva-se à mercê da visitação de qualquer classe."

15 - Aprendendo Sempre

No presente capítulo, vamos estudar, na prática, um caso de volta do espírito, extinta
a vida corporal, à vida espiritual, através dos acontecimentos ocorridos durante a
preparação para o cortejo fúnebre e o sepultamento do corpo físico de Dimas. André
Luiz nos relata como se deu o desligamento dos últimos laços que uniam o Espírito
desencarnante ao seu corpo físico, suas reações, as transformações que se operaram no
organismo físico sem vida e as circunstâncias em torno do sepultamento. Informa-nos,
ainda, sobre o ambiente reinante no local, onde foram encontrados inúmeros espíritos
desencarnados, em penosas condições de sofrimento.

Vamos ao relato do Autor:

" A residência de Dimas enchia-se de pessoas gradas, além de apreciável assembléia
de entidades espirituais.
Jerônimo, resoluto, penetrou a casa, seguido de nós outros. Encaminhou-se para o
recanto onde o desencarnado permanecia abatido e sonolento, sob a carícia materna.
... Tive a impressão de que através do cordão fluídico, de cérebro morto a cérebro vivo, o desencarnado absorvia os princípios vitais restantes do campo fisiológico. ...
- Graças a Jesus, melhorou sensivelmente. É visível o resultado de nossa influência
restauradora e creio que bastará o desligamento do último laço para que retome a
consciência de si mesmo.
Jerônimo examinou-o e auscultou-o, como clínico experimentado. Em seguida, cortou o
liame final, verificando-se que Dimas, desencarnado, fazia agora o esforço do convalescente
ao despertar, estremunhado, findo longo sono."

" A análise do cadáver de Dimas causava tristeza.
Inumeráveis germens microscópicos entravam como exércitos vorazes, em combate
aberto, libertando gases ocultos que revelavam o apodrecimento dos tecidos e líquidos
em geral. Os traços fisionômicos do defunto achavam-se alterados, degenerando-se também
a estrutura dos membros. Os órgãos autônomos, por seu turno, perdiam a feição
característica, já tumefactos e imóveis.
Em compensação, Dimas-livre, Dimas espírito, despertava. Amparado pela genitora,
abriu os olhos, fixou-os em derredor, num impulso de criança alarmada e chamou a
esposa, aflitivamente. Dormira em excesso, mas alcançara sensível melhora. Sentia a
casa cheia de gente e desejava saber alguma coisa a respeito. A mãezinha, porém,
afagando-o brandamente, acalmou-o, esclarecendo:
- Ouça, Dimas: A porta pela qual você se comunicava com o plano carnal, somático,
cerrou-se com seus olhos físicos. Tenha serenidade, confiança, porque a existência, no
corpo físico terminou."

" Logo após, ante as exclamações dolorosas dos familiares, o ataúde foi cerrado e
iniciou-se o préstito silencioso.
Seguíamos, ao fim do cortejo, em número superior a vinte entidades desencarnadas,
inclusive o irmão recém-liberto."

" Estranha surpresa empolgou-me de súbito. ... As grades da necrópole estavam cheias
de gente da esfera invisível, em gritaria ensurdecedora. Verdadeira concentração de
vagabundos sem corpo físico apinhava-se à porta. Endereçavam ditérios e piadas à longa
fila de amigos do morto. No entanto, ao perceberem a nossa presença, mostraram
carantonhas de enfado, e um deles, mais decidido, depois de fitar-nos com desapontamento,
bradou aos demais:
- Não adianta! É protegido...
Voltei-me, preocupado, e indaguei do padre Hipólito que significava tudo aquilo.
- Nossa função, acompanhando os despojos - esclareceu ele, afavelmente -, não se
verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais da
libertação. Destina-se também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se
compacta fileira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos
vitais."

" - Como você não ignora, as igrejas dogmáticas da Crosta Terrestre possuem erradas
noções acerca do diabo, mas, inegavelmente, os diabos existem. Somos nós mesmos,
quando desviados dos divinos desígnios, pervertemos o coração e a inteligência, na
satisfação de criminosos caprichos...".

" Jerônimo inclinou-se piedosamente sobre o cadáver, no ataúde momentaneamente
aberto antes da inumação, e, através de passes magnéticos longitudinais, extraiu todos
os resíduos de vitalidade, despersando-os, em seguida, na atmosfera comum, através de
processo indescritível na linguagem humana por inexistência de comparação analógica,
para que inescrupulosas entidades inferiores não se apropriassem deles."

" Impressionado com os soluços que ouvia em sepulcro próximo, fui irresistivelmente
levado a fazer uma observação direta.
Sentada sobre a terra fofa, infeliz mulher desencarnada, aparentando trinta e seis anos,
aproximadamente, mergulhava a caberá nas mãos, lastimando-se em tom comovedor. ...
- Cavalheiro, preciso regressar! conduza-me, por favor, à minha residência! Preciso
retornar ao meu esposo e ao meu filhinho!... Se este pesadelo se prolongar, sou capaz
de morrer!... Acordem, acorde-me!...
- Pobre criatura! exclamei, ... - ignora que seu corpo voltou ao leito de cinzas! não poderá
ser útil ao esposo e ao filhinho, em semelhantes condições de desespero."

" - Jesus é nosso Médico Infalível - tornei - e indico-lhe a oração como remédio providencial
para que Ele a assista e cure.
A infeliz, entretanto, parecia distanciada de qualquer noção de espiritualidade. ...
Da fúria aflita, passou ao choro humilde, ferindo-me a sensibilidade. Compreendi, então,
que a desventurada sentia todos os fenômenos da decomposição cadavérica e, examinando-a
detidamente, reparei que o fio singular, sem a luz prateada que o caracterizava em Dimas,
pendia-lhe da cabeça, penetrando chão a dentro.
Ia exortá-la, de novo, recordando-lhe os recursos sublimes da prece, quando de mim se
aproximou simpática figura de trabalhador, informando-me, com espontânea bondade:
- Meu amigo, não se aflija."

" - É inútil - esclareceu o prestimoso guarda, equilibrado nos conhecimentos de justiça e
seguro na prática, pelo convívio diário com a dor -, nossa desventurada irmã permanece
sob alta desordem emocional. Completamente louca. Viveu trinta e poucos anos na carne,
absolutamente distraída dos problemas espirituais que nos dizem respeito. Gozou, à
saciedade, na taça da vida física. Após feliz casamento, realizado sem qualquer preparo
de ordem moral, contraiu gravidez, situação esta que lhe mereceu menosprezo integral. ...
O resultado foi funesto. Findo o parto difícil, sobrevieram infecções e febre maligna,
aniquilando-lhe o organismo. Soubemos que, nos últimos instantes, os vagidos do filhinho
tenro despertaram-lhe os instintos de mãe e a infortunada combateu ferozmente com a
morte, mas foi tarde. ... A pobrezinha, após atravessar existências de sólido materialismo,
não sabe assumir a menor atitude favorável ao estado receptivo do auxílio superior. Exige
que o cadáver se reavive e supõe-se em atroz pesadelo, quando nada mais faz senão
agravar a desesperação. ... seria perigoso forçar a libertação, pela probabilidade de
entregar-se a infeliz aos malfeitores desencarnados."

" Indiquei, porém, o laço fluídico que a ligava ao envoltório sepulto e observei:
- Quem sabe chegou o momento? não será razoável cortar o grilhão?
- Que diz? objetou, surpreso, o interlocutor - não, não pode ser! Temos ordens.
- Por que tamanha exigência? - insisti.
- Se desatássemos a algema benéfica, ela regressaria, intempestiva, à residência
abandonada, como possessa de revolta, a destruir o que encontrasse. ... É da lei natural
que o lavrador colha de conformidade com a semeadura. Quando acalmar as paixões
vulcânicas que lhe consomem a alma, quando humilhar o coração voluntarioso, de modo
a respeitar a paz dos entes amados que deixou no mundo, então será libertada e dormirá
sono reparador, em estância de paz que nunca falta ao necessitado reconhecido às bênçãos
de Deus.
A lição era dura, mas lógica."

" E designando um velhote desencarnado, de cócoras sobre a própria campa, acrescentou:
- Venha e escute-o.
- Ai, meu Deus! - dizia - quem me guardará o dinheiro? Quem me guardará o dinheiro?
Observando-nos a aproximação, rogava, súplice:
- Quem são? querem roubar-me! socorram-me, socorram-me...
Debalde enderecei-lhe palavras de encorajamento e consolação.
- Não ouve - informou o sentinela, obsequioso -, a mente dele está cheia das imagens de
moedas, letras, cédulas e cifrões. Vai demorar-se bastante na presente situação ..."

" - Estamos diante de infelizes, aos quais não falecem proteção e esperança, porquanto
outros existem tão acentuadamente furiosos e perversos que, do fundo escuro do sepulcro,
se precipitam nos tenebrosos despenhadeiros das esferas subcrostais, tal o estado
deplorável de suas consciências, atraídas para as trevas pesadas. ... Segundo concluímos,
se há alegria para todos os gostos, há também sofrimento para todas as necessidades.
Nesse instante, Jerônimo chamou-me a postos."

" Após agradecimentos mútuos e recíprocos votos de paz, sentimo-nos, enfim, em
condições de partir por nossa vez.
Antes, porém, minha curiosidade inquiridora desejava entrar em ação. Como se sentiria
Dimas, agora? não seria interessante consultar-lhe as opiniões e os informes?
Em minha esfera pessoal de observação, não pudera colher pormenores, uma vez que
a morte me surpreendera em absoluto alheamento das teses de vida eterna e, no derradeiro
transe carnal, minha inconsciência fora completa."

" - Sente, ainda, os fenômenos da dor física? - comecei.
- Guardo integral impressão do corpo que acabei de deixar - respondeu ele, delicadamente.
Noto, porém, que, ao desejar permanecer ao lado dos meus, e continuar onde sempre
estive durante muitos anos, volto a experimentar os padecimentos que sofri; entretanto,
ao conformar-me com os superiores desígnios, sinto-me logo mais leve e reconfortado.
Apesar da reduzida fração de tempo em que me vejo desperto, já pude fazer semelhante
observação.
- E os cinco sentidos?
- Tenho-os em função perfeita.
- Sente fome?
- Chego a notar o estômago vazio e ficaria satisfeito se recebesse algo de comer, mas
esse desejo não é incômodo ou torturante.
- E sede?
- Sim, embora não sofra por isso."

" Ia continuar o curioso inquérito, mas Jerônimo, sorridente, desarmou-me a pesquisa,
asseverando:
- Você pode intensificar o relatório das impressões, quanto deseje, interessado em
colaborar na criação da técnica descritiva da morte, certo, porém, de que não se verificam
duas desencarnações rigorosamente iguais. O plano impressivo depende da posição
espiritual de cada um.
Sorrimos todos, ante meus impulsos juvenis de saber, e, amparando Dimas,
carinhosamente, efetuamos, satisfeitos, a viagem de volta."


Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Capítulo III, questões 149 a 165 e
237 a 257.


Questões para estudo e participação:

O instrutor Jerônimo, como relata André Luiz ao final do capítulo, alertou que se pode
tirar algumas impressões a respeito das circunstâncias em que se processa o passamento
do plano físico para o plano espiritual. Salientou, todavia, que "não se verificam duas
desencarnações rigorosamente iguais", ou seja, cada caso é um caso.
Podemos, porém, tirar algum aprendizado sobre o assunto, com base nos casos relatados
no capítulo em estudo. Estudemos algumas questões, comparando sempre o caso de
Dimas e das entidades desencarnadas que se encontravam na necrópole.

l - Após a morte do corpo físico, o espírito mantém-se vivo e conserva a sua individualidade?

2 - A separação do espírito e do corpo carnal se processa imediatamente após a morte
deste? Como ela se processa?

3 - O espírito sente a decomposição do seu corpo físico?

4 - O espírito tem consciência imediata de que deixou o corpo físico?

5 - Que tipos de perturbação pode sofrer o espírito ao tomar consciência de sua
desencarnação? Essa perturbação é igual para todos?

6 - O espírito desencarnado sente as mesmas necessidades e passam pelos mesmos
sofrimentos que os encarnados?

7 - Como podemos interpretar a presença das entidades desencarnadas encontradas
dependuradas nas grades da necrópole?

8 - Após a desencarnação, o espírito mantém as sensações que tinha quando no corpo
físico? Como reage a elas?

16 - Exemplo Cristão


...........
Acercamo-nos do bairro pobre em que Fábio situara o ninho doméstico. A casinha singela encantava. Rodeada de folhagens e flores, via-se que todo o espaço merecera a ternura dos moradores.
..........
Entramos.
Três amigos espirituais receberam-nos........apresentou-nos o irmão Silveira, genitor de Fábio na Terra, que desejava colaborar conosco, em favor do filho querido..... O filho arregimentara todas as medidas relacionadas com a próxima libertação, submetendo-se, dócil, aos desígnios superiores. Tivera existência modesta; limitara o vôo das ambições mais nobres, no culto da espiritualidade redentora; esforçara-se suficientemente pela tranquilidade familiar; fora acicatado por dificuldades sem conta, deixava a esposa e dois filhinhos amparados na fé viva, e embora não lhes legasse facilidades econômicas, afastava-se do corpo físico, jubiloso e confortado, com a glória de haver aproveitado todos os recursos que a esfera superior lhe havia concedido. Além do Cristo, vivendo-lhe os princípios renovadores, com todas as possibilidades ao seu alcance, Fábio conseguira iluminar a mente da companheira e construir bases sólidas no espírito dos filhinhos, orientando-os para o futuro.
Elogiava-se de tal forma o companheiro, que, admitido à palestra, arrisquei uma pergunta:
- Fábio desencarnará na ocasião prevista?
- Sim - elucidou Jerônimo.....Nosso amigo desencarnará no tempo devido.
- É verdade - confirmou o pai emocionado - ele aproveitou todos os recursos que se lhe conferiram, malgrado o corpo franzino e doente, desde a infância.
.....................................................................................................................................
..........O pai do enfermo dirigiu-se a Jerônimo:
- Sei que a libertação de Fábio exige grande esforço. Entretanto, desejava auxiliá-lo no derradeiro culto domestico em que tomará parte fisicamente ao fado da família. Regra geral, as últimas conversações dos moribundos são gravadas com mais carinho pela memória dos que ficam. Em razão disso, ser-me-ia sumamente agradável ajudá-lo a endereçar algumas palavras de aviso e estímulo à companheira.
..........................
Silveira, que se havia ausentado, voltou depressa, falando particularmente a Jerônimo, a quem informou:
- Tudo pronto. Conseguiremos a reunião exclusiva da família.
O Assistente mostrou satisfação e salientou a necessidade de acelerar o ritmo do trabalho. O bondoso pai desencarnado movimentou-se. A tecla mais sensível à nossa atuação foi quando Fábio se dirigiu à esposa, ponderando:
- Creio que não devemos adiar o serviço da prece. Sinto-me inexplicavelmente melhor e desejaria aproveitar a pausa do repouso.
Dona Mercedes, a abnegada senhora, trouxe ambas as crianças, que se sentaram na posição respeitosa de ouvintes. E enquanto a esposa se acomodava ao lado dos pequenos, o enfermo, auxiliado pelo pai, abriu o Novo Testamento, na primeira epístola de Paulo de Tarso aos Corintios e leu o versículo quarenta e quatro capítulo quinze:
- "Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Há corpo animal, e há corpo espiritual."
Fez-se curto silêncio, que o doente interrompeu, iniciando a prece, comovido....
..............
Sorriu, calmo e conformado. Até ali, via-se bem que era Fábio o expositor exclusivo das palavras. Expressava-se em voz correntia, mas sem calor entusiástico, dada a sua situação de extrema fraqueza.
Findo intervalo mais longo, o genitor descansou a destra em sua fronte, mantendo-se na atitude de quem ora com profunda devoção. Reparei surpreso, que luminosa corrente se estabelecera no organismo débil, desde a massa encefálica até o coração, inflamando as células nervosas, então semelhando a minúsculos pontos de luz condensada e radiante. Os olhos de Fábio, pouco a pouco, adquiriram mais brilhos e a sua voz fez-se ouvir, de novo com diferente inflexão. Dirigindo à esposa e aos filhinhos o olhar terno, agora otimista e percuciente, passou a dizer, inspirado:....

...........Algo me diz que ao coração que esta será talvez a última noite em que o sono me abençoa, sinto-me nas vésperas da grande liberdade...Vejo que amigos iluminados me preparam o coração e estou certo de que partirei na primeira oportunidade. Acredito que todas as providências já foram levadas a efeito, em benefício de nossa tanquilidade,nestes minutos de separação. Em verdade, não lhes deixo dinheiro, mas conforta-me a certeza de que construímos o lar espiritual de nossa união sublime, ponto indelével de referência à felicidade imorredoura...
....................
Transcorrido alguns segundos de breve pausa, continuou, irradiando seus olhos verdadeira afeição e sinceridade fiel:
- Por isso, Mercedes, embora tenhamos providenciado sua posição futura no trabalho honesto, quero dizer a você que ficarei muito satisfeito se Jesus enviar-lhe um companheiro digno e leal irmão. Se isso acontecer, querida, não recuse. Felizmente, para nós, cultivamos a ligação imperecível da alma, sem que o monstro do ciúme desvairado nos guarde o castelo afetivo....
........................
.....Nossos corações, Mercedes, são como aves: alguns já conquistaram a prodigiosa força da águia; outros, contudo, guardam, ainda, a fragilidade do beija-flor.Sofreria, de fato, por minha vez, se a visse afrontando a montanha redentora, com falsa energia.Não tenha medo.Criaturas perversas não amedrontam almas prudentes.Concedeu-nos O Senhor bastante luz espiritual para discernir. Você jamais poderá ser vítima de exploradores inconscientes, porque o Evangelho de Jesus está colocado diante de seus olhos para iluminar o caminho escolhido..........

Sorriu, com esforço, enquanto a esposa chorava, discreta. Após longo interregno, frisou:
- Se eu puder, trarei estrelas do firmamento para enfeite de suas esperanças. Você estará sempre mais viva em meu coração; amarei também a todos aqueles que forem assinalados por sua estima enobrecedora.
..................................
A palavra apostólica no Evangelho conforta-nos e esclarece-nos, como se faz indispensável. Em breve reunir-me-ei aos nossos na Vida Maior. Perderei meu corpo animal, mas conquistarei a ressurreição no corpo espiritual, a fim de esperá-los, alegremente.
......................
O genitor retirou a destra da fronte de Fábio, desaparecendo a corrente fluídico-luminosa que o ajudara a pronunciar aquela impressionante alocução de amor acrisolado.
....................
Reparei que Jerônimo repetia o processo de libertação praticado em Dimas, mas com espantosa facilidade...............
Supus que o caso de Dimas se repetiria, ali, minudência por minudência; porém, uma hora depois da desencarnação, Jerônimo cortou o apêndice luminoso.
-Está completamente livre - declarou meu orientador, satisfeito.
...........................
Enquanto prosseguíamos, espaço acima, contemplei, respeitoso, o primeiro anuncio da aurora e, observando Fábio adormecido, tive a impressão de que gloriosos portos do Céu se iluminavam de sol para receber aquele homem, de sublime exemplo cristão, que subia vitorioso, da Terra...


Bibliografia:
LE : pergs. 114, 361, 779, 934/936
ESE : Cap.XVII - item 3


1 - Com o desencarne de Fábio, qual o legado deixado por ele a sua esposa e aos seus filhos?


2 - Qual a principal diferença entre o desencarne de Dimas e de Fábio? Por que?

3 -Qual a ajuda recebida por Fábio de seu pai na reunião familiar?


4 - Qual a mensagem deixada por Fábio à sua querida esposa com relação a sua continuação na vida terrestre?


5 - Qual o grande exemplo de vida deixado por Fábio, para que mereçamos, também, uma subida vitoriosa, da Terra?

17 - Rogativa Singular

"Enquanto Dimas se restaurava paulatinamente, Fábio cobrava forças de modo notavelmente rápido."

...........

"Ambos repousavam, na Casa Transitória, amparados pela simpatia geral da instituição que Irmã Zenóbia dirigia."

............

"Dimas, com o exemplo de Fábio , criara novo ânimo. Reagia com mais calor, perante as exigências da família terrena e consolidava a serenidade própria, com a precisa eficiência. O ex-turbeculoso, iluminado e feliz, notava que outros horizontes se lhe abriam ao espírito sensível e bondoso. "

..........

"Experimentava tranqüilidade. Não era um gênio das alturas, não completara suas necessidades de sabedoria e amor; entretanto, era servo distinto, em posição invejável pelos débitos pagos e pela venturosa possibilidade de prosseguir a caminho dos altos e gloriosos cumes do conhecimento."

..........

"Tanta alegria provocou o discípulo fiel, com a disciplina de que dava testemunho, que o nosso Assistente tomou a iniciativa de trazer-lhe a esposa, em visita ligeira. Lembro-me da comoção de Mercedes ao penetrar o pórtico do instituto, pelo braço amigo de nosso orientador.Estava atônita, deslumbrada, extática, mas demonstrava sublime agradecimento."

..........

Começa então um extenso diálogo de muita ternura entre Fábio e sua esposa, até que em dado momento , uma interrogação invade o raciocínio de André.

...........

"Se Fábio havia feito tantos amigos no nosso núcleo de serviço, desde outro tempo, a ponto de merecer-lhes especial consideração, como se mostrava adventício, a respeito do noticiário de nossa esfera? Sintetizando compridas indagações em pequena pergunta ao Assistente Jerônimo, respondeu-me o orientador em duas sentenças curtas:

- A morte não faz milagres. Retornar lembranças é também serviço gradual, como qualquer outro que envolva atividades divinas da Natureza.

Calei-me, atento.

Fitando a visitante, enternecido, o marido recem-liberto considerava:

- Acredita que não vale a pena sofrer, de algum modo, para conseguir tão sagrado patrimônio? Nossos filhos crescerão depressa, as lutas serão breves, as situações carnais transitórias. Não desanime, portanto. A providência jamais se empobrece e nos enriquecerá de bênçãos.

Mostrou a esposa formosa expressão de confortos no semblante feliz e, mobilizando as mais íntimas energias da alma humilde, manteve-se, por alguns instantes, de mãos postas, como a agradecer a Deus o imenso júbilo daquela hora.

Jerônimo fez significativo sinal, avisando em silêncio que findara o tempo da visita."

Nosso Dirigente aproximou-se de mim e notificou-me:

- André, acompanhe-nos à Crosta. Nossa amiga perdeu grande poção de forças com a emoção e ser-no-á útilsua cooperação na volta.

"Despediu-se a viuva e, em breve, era por nós reconduzida ao lar."

.............

"Tudo, pois, corria bem no círculo dos trabalhos que nos foram cometidos, quando nosso mentor foi chamado por autoridade superior de nossa colônia."

..............

"Recomendou-nos aguardá-lo, em serviço na Casa Transitória, acentuando que seria breve. De fato, não se demorou mais de um dia. E ao regressar, cientificou-nos da novidade. A irmã Albina fora autorizada a permanecer na Crosta Planetária por mais tempo, razão por que a desencarnação fora adiada" sine die".

...........

"Em vista disso, renovara-se o programa da missão que trazíamos. Ao invés de auxilio para a liberação, a velha educadora receberia forças para se demorar na Crosta. Devíamos procurar-lhe a residência, sem perda de oportunidade, propiciando-lhe ao organismo os possíveis recursos magnéticos ao nosso alcance. Quis perguntar alguma coisa e inteirar-me nas particularidades."

..........

"Porque se modificara decisão de tamanho relevo? Quem possuia afinal tanto poder na oração, para ter influencias nas diretivas de nossa colonia espiritual? Seria justo o adiamento? Porque motivo determinada súplica impunha a renovação do roteiro a seguir?

O Assistente percebeu as indagações que se me entrechocavam no cérebro e adiantou:

- Não se torture, André. Sabérá tudo no momento oportuno.

E traçando sintética programação de serviço acrescentou:

- Vamo-nos , Hipólito e Luciana velarão pelos covalescentes.

Em caminho, porem, não resisti. Pedi permissão para ouvi-lo, de maneira sumária, quando à nova deliberação, e Jerônimo aquiestou, esclarecedo.

- A medida não deve provocar admiração. Ninguem, enão Deus, detem, poderes absolutos. Todos nós, no desenvolvimento das tarefas conferidas às nossas responsailidades, experimentaremos limitações nos atributos ou no acrescimo de deveres, segundo os desígnos superiores. O futuro pode ser calculado em linhas gerais, mas não podemos prejulgar quanto ao setor da interferência divina. O Pai efetua a organização universal com independencia limitada no campo da Sadoria Infalível.Nós cooperamos com relativa liberdade na obra do mundo, sujeitos a necessária e esclarecedora interdepedencia, em virtude da imperfeição da nossa individualidade. Deus sabe, enquanto nós sequer imaginamos saber. Não existe, portanto, novidade propriamente dita. Aliás, é justoconsiderar que a desencarnação de Albina não é suscetível de ser adiada por muito tempo. O organismo que a serve está gasto e a nova resolução destina-se apenas a remediar difícil situação, de modo a trazer benefícios para muita gente. A prece, em qualquer ocasião, melhora, corrige, eleva e santifica. Mas somente quando estabelece modificação de roteiro, igual a de hoje, é que paira, acima das circunstâncias comuns, o interesse coletivo. Ainda assim, a medida prevalecerá por reduzido tempo, isto é, apenas enquanto perdurar a causa que o motiva."

...........

"Acompanhei o Assistente até o apartamento confortável em que residia a interessada.Os prognósticos acerca do estado físico da enferma eram desanimadores. Seu espírito, no entanto, mantinha-se calmo e confiante, a despeito da profunda pertubação orgânica.

Não só o coração e as artérias apresentavam sintomas graves: tambem o fígado, os rins, o aparelho gastrintestinas. A dispnéia castigava-se, intensamente.

Chegáramos no instante em que gracioso grupo de jovens, catorze ao todo, fazia em derredor da enferma o culto doméstico do Evangelho. Enquanto oravam,atiramo-nos ao trabalho, seguidos, de perto, por outros amigos de nosso plano, ligados à missão da nobre educadora.

O ambiente equilibrado pela prece e pelos pensamentos de elevação moral contribuiam eficasmente na execução de nossos propósitos."

.........

"Jerônimo, revelou-se, mais uma vez, o médico experimentado e competente de nosso plano de ação. Começou aplicando passes de restauração ao sistema de condução do estímulo, demorando-se, atencioso, sobre os servos dos tônus. Em seguida, forneceu certa quantidade de forças ao pericárdio, bem como às estrias tendinosas, assegurando a resistência do órgão. Logo apos, meu orientador magnetizou, longamente, a zona em que se localizava o tumor bastante desenvolvido, isolando certos complexos celulares, e esclareceu:

- Poderemos confiar em grande melhora, que persistirá por alguns meses.

Com efeito, finda a complexa operação magnética, observei que o coração doente funcionava com diferente equilíbrio."

.........

"Albina sentiu-se reconfortada, mais calma."

........

"Em fase da alegria que todos empolgava, perguntei de súbito ao Assistente:

- Teria sido a súplica das discípulas o móvel da alteração? Quem sabe? Talves lhes fizesse falta a venerável professora...

- Não é bem isto."

........

"Curios arrisquei:

- Estaríamos, porventura, ante o resultado de requisição sentimental das filhas?"

-" Tambem não. ....... Os bons pensamentos do Loide e Eunice envolvem-na toda em repousante atmosfera de amor. Entretanto, não seriam os rogos filiais, em circunstâncias como esta, que modificariam o roteiro das autoridades superiores no cumprimento das leis divinas."

.........

Nesse instante, sentindo-se a enferma confortada pela inopitada melhora, dirigiu-se à filha mais velha, indagando:

- Loide, acredita voce na possibilidade de trazer o Joãozinho até aqui?

............

"Continuamos socorrendo a organização fisiológica da enferma, observando a alegria sincera das discípulas, que se retiravam, contentes."

.........

Varando a porta do quarto, o pequeno mostrou-se côncio ao lugar em que se achava, cumprimentou as senhoras, respeitoso, e voltou-se, de olhos ansiosos , para a enferma, beijando-lhe a destra com indescritível ternura.

Albina rogou a Deus o abençoasse e o menino perguntou:

- Vovó, como vai?

Designando-o, o Assistente exclareceu:

- A súplica dessa criança alcançou-nos a colônia espiritual e modificou-nos o roteiro.

- Que?...interroguei , sumamente surpreendido.

Jerônimo todavia continuou:

- Não é neto consanguineo da doente, embora se considere tal. É órfão que lhe abandonaram à porta, após nascimento, e que Loide mantem no lar, desde que nossa irmã se recolheu à cama. Não obstante a prova, Joãozinho é grande abnegado servo de Jesus, reencarnado em missão do Evangelho. Tem largos créditos na retarguada. Ligado à família de Albina, há muitos séculos, torna ao seio de criaturas muito amadas, ao caminho do serviço apostólico do porvir.

Ia formular perguntas novas, mas meu orientador, indicando a enferma que se abraçara à criança, aconselhou-me, solícito:

-Observe por si mesmo...

........

- Que nota voce em particular em Loide?

- Reparo que aguarda algem; uma filhinha que já entrevimos... Desde o primeiro encontro, verifiquei que está em periodo ativo de maternidade, em vespera da delivrança.

- Isto mesmo , a prece de João é importante porque se reveste de profunda significação para o futuro.A menina, em processo reencarnacionista, é-lhe abençoada companheira de muitos séculos. Ambos possuem admirável passado de serviço à Crosta Planetária e escolheram nova tarefa em plena conciência do dever a cumprir. Foram associados de Albina em várias missões e, muito cedo, se-lhe-ão continuadores da obra de educação evangélica. Não são Espíritos purificados, redimidos, mas trabalhadores valiosos, com suficiente crédito moral para a obtenção de oportunidades mais altas. Apesar da condição infantil, o servo reencarnado, pelas ricas percepções que o caracterizam fora da esfera física recebeu conhecimento da morte próxima de nossa venerável irmã. compreendeu, de antemão, que tal fato repercutiria angustiosamente no organismos de Loide, compelindo-a talves a clauticar no trabalho gestatório , em andamento. A carga de dor moral conduzi-la-ia efetivamente ao aborto, imprimindo profundas transformações no rumo do serviço de que João é feliz portador. Socorreu-se, então, de todos os valores intercessórios, nos instantes em que sua alma lúcida pode operar as ausencias da instrumentabilidade grosseira que triunfou com as súplicas insistêntes, obtendo reduzida dilatação de prazo para a desencarnação de Albina."

......

"A singular ocorrencia enchia-me de encantamento e surpresa. E contemplando, sob forte enlevo, a pequena família em santificado júbilo doméstico, eu chegava à conclusão de que, ainda ali, numa câmera de moléstia grave, a oração, filha do trabalho com amor, vencia o vigoroso poder da morte."



BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Evangelho Segundo Espiritismo

Livro dos Espíritos

Missionários da Luz (cap VII)



QUETÕES PARA ESTUDO E DEBATE

1- Como foi possível Mercedes ir vizitar Fábio ? Qual foi o recurso utilizado?

2- Porque Mercedes teve que ser amparada na sua volta ao lar?

3- Em relação às nossas tarefas e responsabiliddes, elas são limitadas ou ilimitadas? Quem estipula isso?

4- No caso de Albina, houve "moratória"em relação ao tempo de sua desencarnação. Porque?

5- Quem trabalhou e quais foram os recursos utilizados para sua falência orgânica?

6- Quem intercedeu verdadeiramente para que fosse mudado o roteiro da vida de Albina?

18 - Desprendimento difícil

Vamos estudar, nesse capítulo, mais uma experiência vivida
por André Luiz na equipe de benfeitores chefiada por Jerônimo. Trata-se de Cavalcante,
que estava prestes a desencarnar, mas que tinha o desprendimento dificultado pelo seu
apego excessivo à vida material.


Texto para estudo

" Agora, tínhamos sob os olhos o caso Cavalcante, em processo final.
O pobre amigo permanecia agarrado ao corpo pela vigorosa vontade de prosseguir
jungido à carne. A intervenção no apêndice inflamado, ao mesmo tempo que se buscava
remediar a situação do duodeno, fizera-se tardia. Estendera-se a supuração ao peritônio
e debalde se combatia a rápida e espantosa infecção.
O enfermo perdia forças, e porque não conseguia alimentar-se, como devia, não
encontrava recursos para compensar as perdas vultosas."

" Reconhecia, entretanto, ali, naquele agonizante que teimava em viver de qualquer
modo no corpo físico, o gigantesco poder da mente, que, em admirável decreto da
vontade, estabelecia todo o domínio possível nos órgãos e centros vitais em decadência
franca.
Decorridos mais de quatro dias, em que atentávamos para o moribundo,
cuidadosamente, Jerônimo deliberou fossem desatados os laços que o retinham à esfera
grosseira.
Bonifácio, prestimoso e gentil coadjuvava-nos o trabalho.
Informando-se de nossa resolução, de modo vago, através dos canais intuitivos, o
doente, pela manhãzinha, chamou o capelão, a fim de ouvi-lo, ..."

" - Padre - dizia ele, em voz súplice - sei que morro, sei que estou no fim...
- entregue-se a Deus, meu amigo. Só ele pode saber em definitivo o que surgirá.
Quem sabe se ainda tem longos anos à sua frente? tudo pode acontecer...
- Ouça, padre!... acredita que me salvarei?
- Sem dúvida. Você foi sempre bom católico...
- Mas... escute! ... Segundo lhe confessei, fui abandonado pela mulher, há muitos
anos...Sabe que ela me trocou por outro homem e fugiu para nunca mais... Sempre
admiti que experimentei semelhante prova por incapacidade de compreensão da parte
dela, mas, agora, padre... encarando a morte, frente a frente, reflito melhor... Quem sabe
se não fui o culpado direto? Talvez tivesse levado longe demais meu propósito de viver
para a religião, faltando-lhe com a assistência necessária..."

" O religioso intentou sair, mas Cavalcante, amedrontado, perguntou, aindä:
- Acha que domorarei muito tempo no purgatório?
- Que idéia! - resmungou o interlocutor, entediado - falta-lhe suficiente confiança no
poder de Deus?
Enunciou as últimas palavras com tamanha irritação que o enfermo lhe percebeu o
descontentamento, sorriu humilde e calou-se.
O sacerdote, ao se afastar, aliviado, encontrou certo médico e indagou:
- Afinal, que acontece ao Cavalcante? morre ou não morre? Estou cansado de tantos
casos compridos.
- Tem sido gigante na reação - informou o clínico, bem humorado. - Considerando-lhe,
porém, os males sem cura, venho examinando a possibilidade da eutanásia."

" A cena chocava-me pelo desrespeito. Ambos os profissionais, o da Religião e o
da Ciência, notavam situações meramente superficiais, incapazes de penetração nos
sagrados mistérios da alma. Entretanto, para compensar tão descaridosa incompreensão, Cavalcante era objeto de nosso melhor carinho. ...
Quando o eclesiástico pisava mais longe, o meu Assistente considerou:
- O pobre sacerdote ainda não possui "olhos de ver". Cavalcante foi, antes de tudo,
perseverante trabalhador do bem."

" A doutrina que abraçara não lhe oferecia ensejo de mais vasta aplicação ao
exemplo evangélico. Era compelido a satisfazer obrigações convencionais e a perder
grande tempo através de manifestações do culto externo; entretanto, valera-se de toda
oportunidade para testemunhar entendimento cristão. Porque amara o exercício do bem,
constante e fiel, era aborrecido aos sacerdotes e familiares em geral. A parentela,
inclusive a esposa, considerava-o fanático, desequilibrado, imprestável. Perseverava
mesmo assim. Embora as condições elevadas em que desenvolvera a fé, ignorava as
lições do Além-Túmulo e receava a morte. ..."

" O Assistente, pondo em prática recursos magnéticos, tentou propiciar-lhe sono brando,
de maneira a subtrair-lhe os temores sem socorro direto, fora do corpo físico. Contudo o
moribundo lutou por manter-se vigilante. Temia dormir e não despertar, pensava, ansioso.
Queria ver a esposa, antes do fim, dizia de si para consigo. Não era, efetivamente, provável?
não seria justo morrer tranqüilo? Oh! se ela surgisse! - acariciava a possibilidade -
penitenciar-se-ia dos erros passados, pedir-lhe-ia perdão. ..."

" - Desventurado irmão! - comentou Bonifácio, comovido - não sabe que a consorte
desencarnou há mais de ano, num catre, vítima de uma infecção luética.
... Meu Assistente, como se houvera recebido a mais natural das informações, dirigiu
a palavra ao companheiro, recomendando:
- Bonifácio, nosso amigo não pode suportar por mais tempo a existência do corpo carnal.
A máquina rendeu-se. ... Já tentamos auxiliá-lo a desprender-se, afrouxando os laços da
encarnação no plexo solar, mas ele reage com espantoso poder. ... Peço a você trazer-lhe
a companheira desencarnada, por instante, até aqui. ... Verá, desse modo, a esposa, antes
do decesso que se aproxima e dormirá menos inquieto."

" A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis. Entidades inferiores, retidas pelos
próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos,
infligindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças,
bem como atormentando-os e perseguindo-os.
Desde o serviço inicial do tratamento de Cavalcante, desagradaram-me tais
demonstrações naquele departamento de assistência caridosa e cheguei mesmo a
consultar o Assistente quanto à possibilidade de melhorar a situação, mas Jerônimo
informou, sem estranheza, que era inútil qualquer esforço extraordinário, pois os próprios enfermos, em face da ausência de educação mental, se incumbiriam de chamar
novamente os verdugos, atraindo-os para as suas mazelas orgânicas, só nos competindo
irradiar boa-vontade e radicar o bem, tanto quanto fosse possível, sem, contudo, violar as
posições de cada um."

" Não se passou muito tempo e Bonifácio entrou conduzindo verdadeiro fantasma. A
ex-consorte, convocada à cena, semelhava-se, em tudo, a sombra espectral. Não via
o nosso cooperador, mas obedecia-lhe à ordem. Penetrou o recinto, arrastando-se,
quase. Satisfazendo o guia, automaticamente, veio ter ao leito d Cavalcente, fitou-o com
intraduzível impressão de horror e gritou, longamente, perturbando-lhe a hora de alívio.
O moribundo voltou-se e viu-a. Alegre sorriso estampou-se-lhe no escavadeiro rosto.
- Pois és tu, Bela? Graças a Deus, não morrerei sem pedir-te desculpas!...
- Joaquim, perdoa-me, perdoa-me!...
- Perdoar-te de quê? - replicou ele, buscando inutilmente afagá-la. Eu, sim, fui injusto
contigo, abandonando-te ao léu da sorte... Por favor, não me queiras mal. ... Não entendi
o problema doméstico tanto quanto devia... Desculpa-me..."

" Nesse instante, o mesmo médico que víramos pela manhã, avizinhou-se do leito para
a inspeção noturna, acompanhado de diligente enfermeira.
Chamado por ele, voltou-se Cavalcante e, pondo na boca todas as forças que lhe
restavam, notificou, feliz":
- Veja, doutor, minha esposa chegou, enfim!
E, interessado em conquistar a atenção do interlocutor, prosseguia:
- Estou contente, conformado...Mas minha pobre Bela parece enferma, abatida...Ajude-a
por amor de Deus! ...
O médico, no entanto, contemplou-o, compadecido, e disse à servente:
- É o delírio, precedendo o fim.
Entrementes, Jerônimo recomendou a Bonifácio retirasse a sombria figura da ex-consorte
de Cavalcante, acentuando:
- Não nos convém doravante a permanência de semelhante criatura. ..."

" Reparando, porém, que a ex-companheira se afastava aos gritos, o agonizante pôs-se
a bradar, alucinado:
- Volta, Bela! Volta!
Esforçou-se o clínico por trazê-lo à esfera de observações que lhe era própria, mas
debalde. Cavalcante continuava invocando a presença da esposa, em voz rouquenha, opressa, sumida.
O médico abanou a cabeça e exclamou quase num sussurro:
- É impossível continuar assim. Será aliviado.

" ... Sem qualquer conhecimento das dificuldades espirituais, o médico ministrou a
chamada "injeção compassiva", ante o gesto de profunda desaprovação do meu orientador.
Em poucos instantes, o moribundo calou-se. Intereiçaram-se-lhe os membros,
vagarosamente. Imobilizou-se a máscara facial. Fizeram-se vítreos os olhos móveis.
Cavalcante, para o espectador comum, estava morto. Não para nós, entretanto. A
personalidade desencarnante estava presa ao corpo inerte, em plena inconsciência e
incapaz de qualquer reação."

" E, conforme a primeira suposição de Jerônimo, somente nos foi possível a libertação
do recém-desencarnado quando já haviam transcorrido vinte horas, após serviço muito
laborioso para nós. Ainda assim, Cavalcante não se retirou em condições favoráveis e
animadoras. Apático, sonolento, desmemoriado, foi por nós conduzido ao asilo de Fabiano,
demonstrando necessitar maiores cuidados."


Bibliografia

1.- O Livro dos Espíritos - questões 154 a 163 e 941 a 942;

2.- O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo V, ítem 28 e capítulo X,
ítens 5 6;

3.- O Céu e o Inferno - capítulo II.


Questões para estudo e debate

1.- Sendo Cavalcante devotado à religião, assim como Dimas e Fábio, por que, ao
contrário destes, temia a morte?

2.- Por que não devemos temer a morte e o que fazer para não temê-la?

3.- Qual a importância da visita da ex-exposa antes da desencarnação de Cavalcante?

4.- Ainda encarnado, nos últimos instantes da vida material, pode o espírito ver o mundo
espiritual, mesmo não sendo médium?

5.- Por que o instrutor Jerônimo reprovou a solução adotada pelo médico terrestre para
a desencarnação de Cavalcante?

6.- Em que condições se procedeu o desenlace de Cavalcante de seu corpo físico? Por
que?

19 - A Serva Fiel

...) Atendendo a divisão de serviços, Jerônimo e eu,
continuamos em ação no instituto evangélico, onde a serva
leal de Jesus receberia a carta liberatória. Adelaide,
porém, não parecia depender de algemas físicas. Não
consegui, por minha vez, auscultar-lhe o espesso organismo,
porque a nobre missionária, em virtude do avançado
enfraquecimento do corpo, abandonava-o ao primeiro sinal de
nossa presença, colocando-se junto de nós, em sadia
palestra.
(...) Na antevéspera do desenlace tive ocasião de observar a
extrema simplicidade do abnegado Bezerra de Menezes, que se
encontrava em visita de reconforto junto à servidora fiel.
(...) _Ora, Adelaide _ considerou o apostolo da caridade _,
morrer é muito mais fácil que nascer. Para organizar, na
maioria das circunstancias, são precisos, geralmente
inúmeros cuidados; para desorganizar, contudo, basta por
vezes leve empurrão. Ajude a você mesma, libertando a mente
dos elos que a imantam a pessoas, acontecimentos, coisas e
situações da vida terrena. Não se detenha, quando for
chamada, não olhe para traz.
(...)
Espero _ asseverou a interlocutora, em tom grave _ que os
amigos me auxiliem. Sinto-me socorrida e amparada, mas ...
tenho medo de mim mesma.
Preocupada assim, minha amiga ? tornou o antigo médico,
satisfeito. Não vale a pena. Compreendo-lhe contudo a
ansiedade. Também passei por ai. Creia, entretanto, que a
lembrança de Jesus, ao pé de Lázaro, foi ajuda certa ao meu
coração, em transe igual. Busquei insular-me, cercar os
ouvidos aos chamamentos do sangue, fechar os olhos à visão
dos interesses terrenos, e a libertação, afinal, deu-se em
poucos segundos. Pensei nos ensinamentos do Mestre, ao
chamar Lázaro, de novo, à existência, e recordei-lhe as
palavras: - Lázaro, sai para fora ! Centralizando a atenção
na passagem evangélica, afastei-me do corpo grosseiro, sem
obstáculo algum.
(...)
Interrompeu-se a conversação, porque Adelaide foi obrigada a
reanimar repentinamente o corpo, a fim de receber a ultima
dose de medicação noturna. Ao regressar ao nosso plano,
Jerônimo ofereceu-lhe o braço amigo para rápida excursão ao
estabelecimento de Fabiano.
Irma Zenóbia desejava vê-lá antes do desenlace (...).
(...)
Depois de considerações convincentes por parte de Zenóbia,
que se esmerava em ministrar-lhe bom animo, Adelaide,
humilde, expôs-lhe as derradeiras dificuldades.
Ligara-se, fortemente, à obra iniciada nos círculos carnais
e sentia-se estreitamente ligada, não somente a obra, mas
também aos amigos e auxiliares. Por força de circunstancias
imperiosas, acumulava funções diversas no quadro geral de
serviços. Possuía toda uma equipe de irmãs dedicadíssimas,
que colaboravam com sincero desprendimento e alto valor
moral, no amparo a infância desvalida. Se estimava
profundamente as cooperadoras, era, igualmente, muito
querida de todas elas. (...) no intimo estava preparada; no
entanto, reconhecia a extensão e a complexidade dos óbices
mentais (...) Quanto menos se via presa ao corpo, mais se
ampliava a exigência dos parentes, dos amigos...Como
portar-se ante esta situação ? (...) Entretanto, ela mesma
reconhecia a imprestabilidade do aparelho físico. A máquina
fisiológica atingira o fim. Não conseguiria manter-se, ainda
mesmo que os recursos intersessórios lhe conseguissem uma
prorrogação de tempo.
(...)
- Reconheço os obstáculos, mas não se amofine. A morte é o
melhor antídoto da idolatria. Com a sua vinda operar-se -a
a necessária descentralização do trabalho, porque se dará a
imposição natural de novo esforço a cada um. Alegre-se minha
amiga, pela transformação que ocorrerá dentre em pouco.
(...)
Silenciou durante alguns momentos e notificou em seguida: -
Temos ainda a noite de amanha. Aproveita-lá-ei para
dirigir-me aos seus colaboradores, em apelo à compreensão
geral. Amigos nossos contribuirão para que se reunam em
assembléia, como se faz indispensável.
(...)
Em vista disto, iniciou-se, com grande facilidade, após a
meia noite, o trabalho preparatório para a grande reunião.
(...)
A diretora da organização transitória de Fabiana tomou o
lugar de orientação e, antes de interferir no assunto
principal que a trazia até ali, ergueu a destra, rogando
bênção divina para a comunidade que se reunia, atenciosa e
reverente.
(...)
Finda a saudação, pronunciada com formosa inflexão de
ternura, mudou o tom de voz e dirigiu-se aos ouvintes com
visível energia:
- Minhas irmãs, meus amigos, serei breve. Venho até aqui
somente fazer-vos um pequeno apelo. Não ignorais que nossa
Adelaide necessita passagem livre a caminho da
espiritualidade superior. Enferma desde muito, cooperou
conosco, anos consecutivos, dando-nos o melhor de suas
forças. (...)
Porque a detendes ? A dias o quarto de repouso físico da
doente que nos é tão amada permanece enlaçado com
pensamentos angustiosos.(...) Adelaide apenas restituirá a
maquinaria gasta à natureza. Continuará, porém,
contribuindo nos serviços da verdade e do amor, com ânimo
inextinguível.
(...)
Afirmais mentalmente que Adelaide é a viga mestra deste
pouso de amor, que surgirão dificuldades talvez invencíveis
para que seja substituída no leme da orientação geral (...)
Adelaide conhece sua condição de colaboradora leal e não
deseja lauréis de modo algum lhe pertencem. Aguarda, apenas,
que os companheiros de luta transfiram ao Cristo o
patrimônio do reconhecimento (...)
Logo após a orientadora terminou, orando (...)
(...)
Adelaide, ao retornar à matéria, respira radiante.
Entretanto, pelo soberano jubilo daquela hora, ganhou
tamanha energia no corpo perispiritual que o regresso às
células da carne foi complicado e doloroso.(...)
(...)
Depois da palavra esclarecida de Zenóbia, disse o mentor,
extinguiram-se as correntes mentais de retenção que a
mantinham pelo entendimento fraterno da comunidade
reconhecida. (...)
Não se incomode, minha amiga ! O casulo reduziu-se, mas suas
asas cresceram...pense agora no vôo que virá.
(...)
Adelaide, esforçou-se para mostrar satisfação no semblante,
(...) e rogou, tímida, que lhe fosse concedido o obséquio de
tentar, ela própria, a sós, a desencarnação dos laços mais
fortes, em esforço pessoal, expontâneo.
Jerônimo aquiesceu satisfeito.
(...)
A agonizante enfim estava livre.
Abriu-se a casa à visitação geral.
(...)
Depois de orar, fervorosamente, no ultimo pouso das células
exaustas, agradecendo-lhes o precioso concurso nos
abençoados anos de permanência na Crosta, Adelaide, serena e
confiante, cercada de numerosos amigos, partiu, em nossa
companhia, a caminho da Casa transitória, ponto de
referencia sentimental da grande caravana afetiva ...

Perguntas para nossa conversa em estudo:

Como podemos entender e como adequarmos as seguintes colocações à nossa vida
diária:

a) "morrer é muito mais fácil que nascer. Para organizar, na
maioria das circunstancias, são precisos, geralmente
inúmeros cuidados; para desorganizar, contudo, basta por
vezes leve empurrão. Ajude a você mesma, libertando a mente
dos elos que a imantam a pessoas, acontecimentos, coisas e
situações da vida terrena. Não se detenha, quando for
chamada, não olhe para traz."

b) "Sinto-me socorrida e amparada, mas ...
tenho medo de mim mesma."

c)"expôs-lhe as derradeiras dificuldades.
Ligara-se, fortemente, à obra iniciada nos círculos carnais
e sentia-se estreitamente ligada, não somente a obra, mas
também aos amigos e auxiliares. Por força de circunstancias
imperiosas, acumulava funções diversas no quadro geral de
serviços. Possuía toda uma equipe de irmãs dedicadíssimas,
que colaboravam com sincero desprendimento e alto valor
moral, no amparo a infância desvalida. Se estimava
profundamente as cooperadoras, era, igualmente, muito
querida de todas elas. (...) no intimo estava preparada; no
entanto, reconhecia a extensão e a complexidade dos óbices
mentais (...) Quanto menos se via presa ao corpo, mais se
ampliava a exigência dos parentes, dos amigos...Como
portar-se ante esta situação ? "

20 - Ação de graças

"Congregados, agora, no instituto socorrista de Fabiano, preparamo-nos para
a ditosa viagem de regresso.
Efetivamente as saudades de nossa vida harmoniosa e bela, nos planos mais
altos, dominavam-nos os corações...
(...)
Em todos nós preponderava o júbilo decorrente da tarefa exemplarmente
realizada, mas o próprio Jerônimo não disfarçava o contentamento de
regressar, na impressão calma e bom ânimo que lhe fulgurava o semblante
feliz.
(...)
A Irmã Zenóbia solicitou que a esperássemos na câmara consagrada à prece,
onde nos abraçaria, dando-nos as despedidas.
(...)
Assumindo a posição de orientadora dos trabalhos, exortou-nos, de modo
comovente, à fiel execução da Vontade Divina, comentando a beleza das
obrigações de fraternidade que se entrelaçam, no Universo, fortalecendo a
grandeza da vida. Por fim, saudando individualmente os recém-desencarnados,
recomendou a Adelaide pronunciasse, ali, a oração de graças, que faria
acompanhar do hino de reconhecimento que ela, Zenóbia, nos ofereceria, em
sinal de afetuoso apreço.
(...)
Ó Terra - mãe devotada,
A ti, nosso eterno preito
De gratidão, de respeito
Na vida espiritual!
Que o Pai de Graça Infinita
Te santifique a natureza
do teu seio maternal!

Quando errávamos aflitos,
No abismo de sombra densa,
Reformaste-nos a crença
No dia renovador.
Envolveste-nos, bondosa,
Nos teus fluidos de agasalho,
Resevaste-nos trabalho
Na divina lei do amor.

Suportaste-nos sem queixa
O menosprezo impensado,
No sublime apostolado
De terno e infinito bem.
Em resposta aos nossos crimes,
Abriste nosso futuro,
Desde as trevas do chão duro
Aos templos de luz do Além.

Em teus campos de trabalho,
No trasncurso de mil vidas,
Saramos negras feridas,
Tivemos lições de escol.,
Nas tuas correntes santas
De amor e renascimento.
Nosso escuro pensamento
Vestiu-se de claro sol.

Agradecemos-te a bênção
Da vida que nos emprestas;
Teus rios, tuas florestas,
Teus horizontes de anil,
Tuas árvores augustas,
Tuas cidades frementes,
Tuas flores inocentes,
Do campo primaveril! ...

Agradecemos-te as dores
Que, generosa, nos deste,
Para a jornada celeste
Na montanha de ascensão.
Pelas lágrimas pungentes,
Pelos pungentes espinhos,
Pelas pedras dos caminhos:
Nosso amor e gratidão!

Em troca dos sofrimentos,
Das ânsias, dos pesadelos,
Reecebvemos-te os desvelos
De mãe de crentes e incréus.
Sê bendita para sempre
Com tuas chagas e cruzes!
As aflições que produzes!
São alegrias nos céus.

Ó Terra - mãe devotada,
A ti, nosso eterno preito
De gratidão, de respeito,
Na vida espiritual!
Que o Pai de Graça Infinita
Te santifique a grandeza
E abençoe a natureza
Do teu seio maternal!
(...)
Nós outros, os da expedição socorrista, tomávamos os recém-libertos pelas
mãos, imprimindo-lhes energia para a subida prodigiosa, cercados de amigos
que nos seguiam, alegres e venturosos, a caminho das zonas mais elevadas.
(...) Saudando-nos de muito longe, o astro da noite apareceu em maravilhoso
plenilúnio, emitindo raios de doce e evanescente claridade que, depois de
nos iluminar o caminho numa pulcritude de sonho, desciam, céleres, para a
Crosta da Terra, espalhando entre os homens o convite silencioso à meditação
na gloriosa obra de Deus."

Perguntas para nossa conversa em estudo:

01) Comentar sobre qual o motivo e qual a consequência do agradecimento?Ele
é necessário? Por que?
02) Comentar sobre o Hino de Graças: como vc o sentiu? como o entendeu? qual
seu significado?

21 - Estudo conclusivo do livro

Com esse estudo, nas próximas duas semanas, pretendemos
recapitular os ensinamentos trazidos pelo Autor Espiritual através desse livro -
Obreiros da Vida Eterna - o quarto da série, que estudamos nas últimas semanas.
O ESTUDO SERÁ FEITO EM FORMA DE QUESTÕES QUE SERÃO PROPOSTAS
PARA TROCA DE IDÉIAS.

As questões serão baseadas nos vários temas doutrinários
abordados no livro, como vida após a morte, reencarnação, situação do espírito no
mundo espiritual, zonas inferiores, eutanásia, desencarnação.

Recapitulando

Engajado no trabalho de assistência e socorro espiritual, o Autor
agora integra uma nova equipe de benfeitores, ligada a uma instituição de socorro
denominada "Casa Transitória". "Trata-se de uma grande instituição piedosa, no campo
de sofrimentos mais duros em que se reúnem almas recém-desencarnadas, nas
cercanias da Crosta Terrestre, a qual, segundo nos informou o chefe da expedição, fora
fundada por Fabiano de Cristo, devotado servo da caridade entre antigos religiosos do
Rio de Janeiro, desencarnado há muitos anos." (capítulo IV).

Nessa Instituição, ao tempo em que auxiliava no trabalho de
socorro, André Luiz prosseguiu seus estudos sobre a vida no outro mundo. Participou
de expedições nas zonas inferiores do plano espiritual e na Terra, sempre no trabalho de
socorro aos necessitados. Atendendo ao seu desejo de aprofundar seus conhecimentos,
sempre aproveitava a experiência colhida com o trabalho para desenvolver os estudos e
transmitir seus ensinamentos.

Vamos, então, às questões envolvendo os principais temas
abordados nessa obra, cujo estudo estamos concluindo.

O que é a morte. Auxílio no plano espiritual.
Reencarnações de ordem inferior (Capítulo V)

1.- Que conseqüências pode a visão distorcida da morte trazer para o espírito que
desencarna?

2.- Ao passarem para o plano espiritual, todos os espíritos recebem o mesmo auxílio?

3.- Quais as diferenças existentes entre o processo reencarnatório dos espíritos que já
possuem alguma evolução e dos que ainda se encontram em zonas inferiores, arraigados
na prática do mal e do ódio?

Sofrimento após a morte. Intercessão. Recordação
do passado. Prece. Leitura mental (Cap.VI e VII)

4.- Quais as condições necessárias para um espírito em sofrimento no mundo espiritual
receber o benefício da intercessão?

5.- Qual a importância da prece no trabalho de intercessão?

6.- O espírito readquire a recordação do passado logo após a sua desencarnação? Qual
o papel da leitura mental?

Espíritos sofredores. Socorro espiritual.
Umbral. Fogo Purificador (Cap.VIII, IX e X)

7.- Como o Espiritismo encara o sofrimento no mundo espiritual? Como sair dele?

8.- Podemos entender como sendo o "Umbral" as regiões inferiores percorridas pela
expedição de André Luiz? O que podem os benfeitores fazer para melhorar o ambiente
naqueles locais?

Dúvidas e questionamentos

9.- Se você tem alguma dúvida ou algum questionamento a fazer com relação aos temas estudados, apresente, para que possamos estudar juntos.

Desencarnação: causas perturbadoras, situação
do espírito após ela, conseqüências (Cap. XI a XX)


Questão para estudo e debate:


1. - De que forma os familiares e amigos podem prejudicar o processo desencarnatório
de um ente querido?

2. - Como o Espiritismo explica o chamado "delírio" nos momentos que antecedem a
desencarnação

3. - Eutanásia: como a doutrina espírita encara a sua prática?

4. - Como se dá a separação do espírito de seu corpo físico? Após a sua ocorrência,
o espírito mantém as mesmas sensações ou sente as mesmas necessidades?

5. - O que vem a ser "moratória" e "espírito completista"?

Livro retirado do site :

http://www.cvdee.org.br/est_nlcap.asp?id=02